Abstenção iguala a de 1998 e é a maior desde redemocratização
A abstenção no segundo turno da eleição de 2010 foi de 29.194.309 eleitores, ou 21,5% do total, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Este índice iguala o do pleito de 1998 e é o maior já registrado em disputas presidenciais desde a redemocratização.
O cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio, afirma que a ausência de eleitores pode ser explicada, em parte, pelo fato de não haver disputa para cargos no Congresso e nas assembleias legislativas.
"Existe uma desmobilização. Você não tem aquela agitação nas ruas, com cabos eleitorais de candidatos a deputado e senador", diz.
Outro fator citado por Ismael é o Dia de Finados, na próxima terça-feira (2), que fez com que muitas pessoas optassem por viajar, fazendo um feriado prolongado. "As imagens de televisão mostraram filas maiores pra justificar do que para votar", afirma.
Segundo o cientista político Rubens Figueiredo, a abstenção nos grandes centros urbanos tendia a prejudicar o candidato do PSDB, José Serra. "A classe média, que vota mais no Serra, iria viajar para o litoral."
Já a ausência no Nordeste, causada pela dificuldade de transporte dos eleitores mais pobres, afetaria, de acordo com Figueiredo, a votação de Dilma Rousseff (PT), que acabou eleita.
No entanto, os dois cientistas concordam ao afirmar que a abstenção não foi um fato decisivo no resultado da eleição. “Se a diferença entre os candidatos fosse mais apertada, aí teríamos que ficar mais atentos”, diz Ismael.