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Arquivo para junho 2011

O Congresso americano e o etanol brasileiro

Alessandra Correa | 02:30, sexta-feira, 17 junho 2011

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Ainda não se sabe quando ou se a emenda aprovada nesta quinta-feira pelo Senado americano, acabando com a tarifa de importação e os subsídios ao etanol, vai virar lei.

Mas o simbolismo da decisão, além de motivo de comemoração pelo setor no Brasil, pode ser encarado como um indicativo de mudança no Congresso americano.

Até então, os interesses do poderoso lobby agrícola eram considerados intocáveis, diante da força política de eleitores e congressistas desses Estados.

Agora, porém, com um déficit recorde de US$ 1,4 trilhão e a possibilidade de estourar nas próximas semanas o teto da dívida pública, que já chegou ao limite de US$ 14,3 trilhões, democratas e republicanos estão sob pressão para chegar a um acordo que corte os gastos e coloque o orçamento do país em ordem.

A emenda prevê a eliminação da tarifa de 54 centavos de dólar por galão (ou 14 centavos por litro) imposta ao etanol importado e o subsídio de 45 centavos de dólar por galão ao etanol misturado à gasolina - este, também concedido aos brasileiros, mas eliminado pela tarifa.

Esses benefícios custam aos cofres americanos em torno de US$ 6 bilhões de dólares por ano.

A representante da UNICA (entidade que representa o setor de açúcar e etanol no Brasil) aqui em Washington, Leticia Phillips, disse que a votação no Senado demonstra o apoio a uma reforma na política de etanol dos Estados Unidos.

A decisão provocou uma gritaria entre os produtores de etanol americanos, que recebem o incentivo há mais de 30 anos, e euforia em setores contrários aos subsídios dados ao produto feito à base de milho - por considerarem que sobrecarrega os contribuintes e colabora para o aumento dos preços dos alimentos.

Uma coalizão de diversos grupos ligados a agricultura, alimentação, meio ambiente e cortes de impostos emitiu uma nota em que comemora a "vitória na luta contra subsídios financiados pelos contribuintes" e chegou a dizer que a decisão marca o início de "uma nova era" na política de biocombustíveis dos Estados Unidos.

Mas em termos práticos ainda deve levar tempo para uma mudança. A emenda será incluída em uma lei mais ampla que, dizem, tem poucas chances de ser aprovada no Senado.

Caso passe, tem ainda de ser votada na Câmara dos Representantes e sancionada pelo presidente Barack Obama, que poderá vetar a lei, já que a Casa Branca é contra o fim imediato dos subsídios.

No entanto, a aprovação da emenda - que foi apresentada por uma democrata da Califórnia e um republicano de Oklahoma e recebeu votos de congressistas dos dois partidos - parece mostrar que, diante da necessidade de reduzir gastos, muitos no Congresso preferem acabar com subsídios do que cortar programas sociais.

Nesse novo cenário, dizem analistas, a votação sobre o etanol indica que pode não haver mais lugar para interesses intocáveis e pode abrir caminho para acabar com benefícios concedidos a outros grupos.

Deserção em massa tumultua campanha de republicano

Alessandra Correa | 00:37, sexta-feira, 10 junho 2011

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Famoso por suas declarações polêmicas, o pré-candidato republicano Newt Gingrich voltou a ganhar as manchetes da imprensa americana nesta quinta-feira, depois que sua equipe de campanha resolveu renunciar em massa.

O coordenador da campanha, o porta-voz e os principais estrategistas em diversos Estados abandonaram o republicano devido a divergências em torno da condução de sua candidatura.

Segundo fontes citadas pela imprensa, havia dentro da equipe sérias dúvidas de que Gingrich tivesse chances reais de conquistar a indicação do Partido Republicano para concorrer à Casa Branca. A equipe também questionava o comprometimento do candidato.

A gota d´água para a debandada parece ter sido a decisão de Gingrich de tirar duas semanas de férias ao lado da mulher, contrariando os conselhos de seus assessores, que insistiam em uma participação mais ativa do candidato na campanha.

Ex-presidente da Câmara dos Representantes, que comandou de 1995 a 1999, o republicano de 67 anos é considerado um dos pré-candidatos mais experientes dentro do partido e tenta com esta campanha uma volta em grande estilo à cena política americana.

Gingrich é bem conhecido no país por seus ataques contra o presidente Barack Obama, os democratas em geral e, às vezes, até os próprios colegas de partido.

Sua campanha, lançada há um mês, já havia começado de maneira considerada "desastrosa" por alguns analistas, depois que suas críticas a um plano de redução do déficit proposto pelo republicano Paul Ryan provocaram revolta dentro do partido.

Logo após a divulgação da notícia sobre a deserção de sua equipe, Gingrich afirmou que continua determinado a permanecer na corrida presidencial, mas analistas já questionam a sobrevivência de sua campanha, em um momento em que a disputa pela indicação republicana começa a ficar mais séria, com a chegada de candidatos com força nas pesquisas, como Mitt Romney.

A taxa de desemprego e os presidentes americanos

Alessandra Correa | 23:14, segunda-feira, 6 junho 2011

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Os novos números do mercado de trabalho divulgados pelo governo americano podem complicar a vida do presidente Barack Obama, no momento em que ele começa a intensificar sua campanha à reeleição.

A queda acentuada na geração de vagas e o aumento da taxa de desemprego surpreenderam analistas, que esperavam um desempenho melhor.

Também serviram de combustível para inúmeras análises na imprensa americana sobre como o estado da economia pode afetar as chances de reeleição do presidente no pleito do ano que vem.

Desde que anunciou a morte de Osama Bin Laden, no início de maio Obama, Obama vem gozando de um aumento nos índices de aprovação, ultrapassando a marca de 50%.

No entanto, o histórico das eleições americanas mostra que, no fim das contas, o que importa para o eleitor é a economia. E a taxa de desemprego de 9,1%, com quase 14 milhões de americanos sem trabalho, é um obstáculo considerável no caminho de Obama rumo ao segundo mandato.

Um levantamento divulgado pela imprensa americana mostra que, dos dez presidentes que tentaram a reeleição a partir de 1945, todos os que governavam com taxa de desemprego abaixo de 6% na época da votação foram reeleitos.

Nos casos em que a taxa era maior de 6%, o único que conseguiu se reeleger foi Ronald Reagan, com desemprego de 7,2%, mas em forte trajetória de queda na época do pleito.

Como o próprio governo americano já disse que deve levar "vários anos" até que a taxa de desemprego volte a girar em torno de 5% ou 6%, resta conferir se Obama vai conseguir fugir à regra ou vai acabar no indesejável time dos presidentes americanos de um mandato só.

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