Onde foi parar a tal da mudança climática?
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Para quem acompanha o assunto, 2011 vem sendo incomum, pouco se falou em mudanças climáticas. E isso, no rasto do encontro de Cancún - considerado um sucesso relativo, após o fracasso de Copenhague, mesmo tendo deixado em aberto questões essenciais. E até agora, não faltaram enchentes e eventos meteorológicos extremos ao redor do mundo que diferentemente dos anos anteriores, não levaram a discussão de volta à manchetes.
Tudo bem, no Brasil, o assunto do ano no meio ambiente - de mérito inquestionável - tem sido a reforma do Código Florestal. Mas onde estão os discursos de líderes mundiais prometendo mudanças para proteger o planeta das mudanças climáticas?
Alguns até disseram que iriam investir pesado em energias renováveis, entre eles a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. O motivo? Bem, o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, assustou países que dependem em grande parte da energia nuclear.
Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu uma longa entrevista à ý. Quase meia hora sobre quase todos os assuntos. Quase, porque não disse sequer uma vez as palavras: "mudança climática" ou mesmo "aquecimento global".
Enquanto isso, os chamados "céticos" continuam a expressar as suas opiniões - raramente baseadas em ciência robusta, mas ocupando o espaço que a imprensa lhes dá. Apesar do barulho que fazem, pouca coisa mudou no consenso da comunidade científica em torno do assunto, como mostrou um estudo australiano nesta semana (uma das poucas vezes em que mudança climática foi manchete neste ano).
Por onde anda a opinião pública? Essa é a pergunta que me faço. Considerando que pesos-pesados da política, que costumam pagar pequenas fortunas para saber o que os seus eleitores pensam, não têm tocado no assunto - Obama falou no máximo em política energética -, seria errado supor que o assunto ficou impopular?
Na semana que vem, representantes dos países que participam da convenção da ONU sobre mudança climática (UNFCCC) voltam a se reunir em Bonn para diminuir as distâncias entre as posições dos 192 países. Afinal, em dezembro, um novo encontro sobre o clima, dessa vez na África do Sul, deveria alinhavar um acordo global.
Alguém ainda se importa?
dzԳáDzDeixe seu comentário
Desculpe, mas a defesa do Código Florestal tem TUDO a ver com mudanças climáticas! Ou ainda tem quem não saiba que mais de 60% das nossas emissões são decorrentes do desmatamento?
Também acho, entretanto, que o assunto merecia mais atenção. Talvez esteja sofrendo da fadiga jornalística decorrente do tempo em que um tema fica em pauta.
Claro, Gadelha! Concordo 100%, é bom lembrar que aprovamos lei sobre mudanças climáticas no Brasil e para cumprirmos a meta autoimposta precisamos reduzir o desmatamento. Só que, embora sejam relacionados, são assuntos diferentes. Falar do Código Florestal não é falar de mudança climática, não é? Voltando ao tema da fadiga que você levantou, será que ainda vivemos uma ressaca de Copenhague (2009)?
Pode não ser notícia, mas a Oikos Soluções Ambientais vem realizando negociações com as prefeituras das cidade de Jaboatão dos Guararapes e Recife, no estado de Pernambuco, para entrada desses municípios no mercado de crédito de carbono.
Isso pode não ser notícia, não vende jornal, mas está acontecendo agora.