A presidente Dilma Rousseff determinou que a PolÃcia Federal investigue o assassinato do lÃder extrativista e castanheiro José Claudio Ribeiro da Silva e sua esposa, Maria do EspÃrito Santo da Silva, ocorrido na manhã desta terça-feira.
Conhecido por denunciar a ação ilegal de madeireiros na região, o casal foi morto a tiros na cidade de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Eles estavam em uma estrada que levava ao projeto assentamento agroextrativista Praialta Piranheira, onde viviam.
O assassinato do casal foi discutido na manhã desta terça-feira durante uma reunião entre Dilma e ex-ministros do Meio Ambiente, que pediam o adiamento da votação do novo Código Florestal, remarcado inicialmente para esta terça-feira.
A ex-ministra Marina Silva comparou a morte de José Cláudio ao assassinato, em fevereiro de 2005, da missionária Dorothy Stang, em Anapu, no Pará.
José Cláudio e Maria faziam parte do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), ONG fundada por Chico Mendes.
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A sobrinha do casal, Clara Santos, disse à ´óÏó´«Ã½ Brasil que os tios vinham sendo intimidados Ìýhá muitos anos. “Eles sofriam ameaças de morte desde 1997, quando meu tio foi escolhido para ser presidente fundador do projetoâ€, disse.
Clara, cujo pai é irmão de Silva, afirma ainda que as ações vinham se agravando nos últimos tempos.
“Há mais ou menos um mês, à noite, atiraram no cachorro deles, que estava no quintal. E quando eles não estavam, iam lá e reviravam a cozinha, que ficava separada do restante da casaâ€, disse.Ìý
“Eles sempre denunciavam as ameaças, mas só à s vezes as autoridades iam atrás das histórias, para investigar. Normalmente ninguém fazia nada.â€
Entrevista
Silva, que vivia da extração da castanha e de outros produtos da floresta, falava das ameaças abertamente.
Em uma entrevista sobre sua participação no fórum TEDx Amazônia, realizado em 2010, ele afirmou:
“Luto pela floresta viva. Um bem que fica para as futuras gerações. Mas, devido ao meu trabalho, sou ameaçado pelos empresários da madeira, os camaradas que não querem ver a floresta em pé.â€
Durante a palestra no evento internacional, que discutiu como tema a qualidade de vida no planeta, ele foi ainda mais incisivo:
“Vivo da floresta, protejo ela de todo jeito. Por isso, eu vivo com a bala na cabeça a qualquer hora. Porque eu vou para cima, eu denuncio os madeireiros, denuncio os carvoeiros e, por isso, eles acham que eu não posso existir.â€
“A mesma coisa que fizeram no Acre com Chico Mendes, querem fazer comigo. A mesma coisa que fizeram com a irmã Dorothy, querem fazer comigo. Eu posso estar hoje aqui conversando com vocês, daqui a um mês vocês podem saber a notÃcia que eu desapareci.â€