Matthew e Mary Crawley já são o casal do ano
Apesar da tradição em "period dramas", filmes e seriados de época, os ingleses pareciam meio cansados do gênero, tanto no cinema quanto na TV. Mas eis que veio Downton Abbey e a Inglaterra foi pega novamente pelo pé.
Na última semana, todos os jornais e revistas de circulação nacional se renderam à expectativa pela terceira temporada da série do canal ITV, que estreia neste domingo e acompanha a famÃlia Crawley e seu numeroso séquito de empregados durante o inÃcio do século 20 - a história começa com o naufrágio do Titanic.
Depois que a série, surpreendentemente, caiu no gosto também do público americano (que já está sofrendo porque só verá a terceira temporada em janeiro de 2013), virou piada o fato de que é quase impossÃvel descrever a trama principal de Downton Abbey sem que ela pareça absurdamente chata. Vamos tentar:
O Conde de Gratham, sua mulher e suas três filhas (e todos os empregados da casa) se vêem em uma situação complicada quando os herdeiros seguintes da propriedade, que só pode ser passada para homens da famÃlia, morrem no Titanic. O próximo na linha de sucessão é Matthew Crawley, um primo distante que, para horror da famÃlia aristocrática, é um advogado "modernoso" que mora em Manchester e não tem lá muita vontade de assumir uma propriedade tradicional (que é a Downton Abbey em questão).
Não funcionou, né? Mas os criadores da série dizem que ela pegou porque, ao contrário da maioria dos dramas de época ingleses, tem um ritmo mais rápido, muitas tramas interessantes acontecendo. O escritor de "Downton", Julian Fellowes (famoso pelo filme Assassinato em Gosford Park), diz que o fato de todos os personagens - sejam os criados ou o senhores da casa - terem tramas pessoais e peso emocional também faz diferença.
É claro que, no fundo, Downton Abbey é mesmo uma novela, no melhor estilo latino-americano, com guerras, reviravoltas e golpes pelo meio. Mas uma novela que, com excelentes atuações, personagens envolventes, um bom roteiro e muitos insights divertidos sobre como os aristocratas ingleses tiveram que se adaptar ao breve século 20 (a famÃlia se confronta com novidades como telefones, sufragetes e o conceito de "fim de semana"), conquistou não só as mulheres, mas também os homens aqui e além-mar.
Já se nota que as pessoas estão programando seu domingo à noite com base na estreia. Também sou fã, então aguardo as máscaras temáticas de papel nas lojas, que por enquanto só oferecem o básico: FamÃlia Real, Mr. Bean, Robert Pattinson.
O interessante na Grã-Bretanha é que, tanto os canais públicos da ´óÏó´«Ã½ quanto canais pagos de televisão, como o ITV e o C4, permitem assistir gratuitamente aos episódios de quase todos os programas na internet, até uma semana depois que eles são exibidos. Não é preciso ser assinante de nada, nem preencher nenhum cadastro.
O grande argumento a favor da ideia é que isso ajuda a aumentar gradualmente a audiência dos programas e o burburinho sobre eles, já que os atrasados sempre podem correr atrás. A necessidade de piratear os programas também diminui. E o argumento contra é que....bem, ainda não conheço um argumento contra.
´¡³Ù³Ü²¹±ô¾±³ú²¹Ã§Ã£´Ç: No Brasil, como os leitores me informaram depois desse post, Downton Abbey é exibida no canal de TV paga Globosat HD. Segundo a , os episódios volta e meia são exibidos fora da ordem ou repetidos. E a série não pode ser assistida online. Mas se alguém estivesse bastante interessado certamente poderia conseguir os episódios da série por outros meios, digamos, tecnológicos, que eu não poderia descrever neste espaço.