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"Querida Maria Luisa, que gra莽a a sua carta". Assim come莽a a mensagem que recebi de um dos meus 铆dolos, S贸crates, em agosto de 1982. A "carta" a que ele se referia eu tinha escrito semanas antes, logo depois de o Brasil perder por 3 x 2 da It谩lia naquele fat铆dico jogo disputado no est谩dio Sarri谩, em Barcelona.

A Copa de 82 foi a minha "primeira". A primeira em que eu, com 10 anos, entendi o que era uma Copa. Montei o 谩lbum das figurinhas que vinham no chiclete Ping-Pong, comprei o compacto do Sangue, Su铆ngue e Cintura, a m煤sica-hino do Moraes Moreira, joguei bot茫o 脿 exaust茫o com o meu irm茫o antecipando o momento em que o Brasil seria tetracampe茫o.

A escala莽茫o de Tel锚 - ao menos partes dela - eu lembro de cabe莽a at茅 hoje (sem recorrer ao Google, juro). Lembro que o goleiro era o Waldir Peres. Da zaga lembro do Leandro e do J煤nior. Da铆 para a frente tinha o Toninho Cerezo, o Paulo Isidoro, S贸crates, Zico, 脡der e Falc茫o. Os dois que faltam n茫o devem ter me impressionado suficientemente.

E o Brasil ganhou de virada da Uni茫o Sovi茅tica, ap贸s o famoso "frango" do Waldir Peres, goleou a Esc贸cia, e ganhou da Argentina.

A cada gol, a Globo colocava a assinatura do jogador que marcava. E foi assim que eu reconheci imediatamente a letra no envelope do S贸crates endere莽ado a mim.

Escrevi para ele porque estava desolada. Simplesmente n茫o conseguia entender por que o Brasil n茫o foi campe茫o, como todo mundo me prometeu. E por que a nova chance s贸 viria dali a quatro anos - que chato que 茅 Copa do Mundo, s贸 de quatro em quatro anos, eu pensava.

E, bom, s贸 fui ver o Brasil ser campe茫o em 1994. Mas at茅 l谩, me desculpem, eu j谩 estava de mal com o futebol. A derrota para a Fran莽a de Platini em 86 foi uma tortura. Todo o Mundial de 90 foi um horror e mesmo em 94 n茫o dava para adorar os jogadores como eu idolatrei os de 82.

Em 2002, comecei a me reanimar com a Copa. O Scolari, o nome que eu mais admiro no futebol atual, conduziu o Brasil em um torneio bonito. Foi uma conquista verdadeira (e n茫o na base de o advers谩rio perder p锚nalti em uma final que termina em 0 x 0, como em 94).

Na Copa da Alemanha, em 2006, por conta do marido e dos amigos estrangeiros, acabei torcendo e vibrando com v谩rias sele莽玫es, de Fran莽a a Argentina, passando por Portugal, Espanha e Austr谩lia.

Passei a entender que o meu trauma com 1982 n茫o devia me impedir de curtir esta que 茅 uma das maiores festas do planeta.

A deixa para eu finalmente fazer as pazes com o futebol foi a not铆cia de que eu viria para a 脕frica do Sul cobrir a Copa pela 大象传媒 Brasil. Minha miss茫o aqui vai ser acompanhar como este pa铆s vai receber o torneio, encontrar as hist贸rias curiosas, trazer a voc锚 um pouco do sabor deste Mundial que promete ser t茫o diferente.

E mal posso esperar para ver a bola rolar. Ver o Brasil no seu "Grupo da Morte", ver se a Coreia do Norte vai mesmo surpreender o mundo, se existe vida na Fran莽a p贸s-Zidane, se Messi vai honrar a expectativa de ser o maior marcador desse Mundial, se a Espanha vai repetir o sucesso da 煤ltima Eurocopa, e, claro, se os africanos - pelos p茅s de Drogba, Eto'o ou os Bafana Bafana - v茫o chegar at茅 a final.

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