Felipe Melo confunde jornalistas com torcedores
Felipe Melo ficou irritado ao ficar sabendo da notícia sobre a discussão entre Júlio Baptista e Daniel Alves. Não ficou irritado com a discussão, mas com a notícia. No sábado, quando perguntado sobre como o incidente foi visto pelos demais jogadores, o volante da seleção reclamou dos jornalistas.
"Eu acho uma tremenda palhaçada colocar que o Júlio Baptista se estranhou com o Daniel Alves. Dentro do campo de futebol, de repente tem uma entrada mais ríspida. Isso não é de se estranhar. Dentro do futebol acontece isso."
E cobrou dos jornalistas uma atitude diferente em relação à seleção.
"Eu acho que nós aqui, os brasileiros, temos que nos unir. Temos que estar todos juntos. Se nós formos campeões, vocês serão campeões. Nós somos todos brasileiros, pô! Todo mundo quer ganhar o título."
Felipe Melo fez uma tremenda confusão sobre o papel de jornalistas e torcedores. Os jornalistas que vieram à África do Sul não tem nenhum compromisso em ajudar a seleção brasileira a conquistar a Copa. O único papel da imprensa é trazer as notícias mais precisas sobre o que está acontecendo na Copa, sejam elas boas ou más; benéficas ou prejudiciais à seleção.
Na sua intimidade, cada jornalista pode torcer para quem quiser, desde que isso não interfira com o compromisso profissional de noticiar com imparcialidade.
Corrigindo Felipe Melo, se eles forem campeões, apenas eles terão sido campeões. Se o Brasil ganhar ou perder a Copa, e a imprensa tiver conseguido noticiar com precisão e imparcialidade, a imprensa terá sido campeã na competição diferente que disputa.
A discussão entre Júlio Baptista e Daniel Alves, na sexta-feira, não foi tão pequena quanto Felipe Melo quis fazer parecer. Após o lance que originou a discussão, Júlio Baptista queixou-se aos demais jogadores. Ao final do treino, Júlio foi falar com Daniel e ambos voltaram a discutir. Ao sair do campo, eles ainda estavam debatendo irritados o lance. Tivesse sido um incidente menor, teria logo sido superado.
Em um grupo de 23 jogadores brasileiros tão unidos - como temos visto aqui na África do Sul - a discussão ríspida e demorada dos dois destoa do clima de camaradagem e companheirismo. Cada um pode interpretar a discussão como quiser, inclusive dizer que não foi nada demais, como acredita Felipe. Mas é inegável que a discussão aconteceu, e seria péssimo jornalismo não noticiá-la.
A imprensa não é infalível, e Felipe Melo já foi vítima disso. Há duas semanas, parte da imprensa na Itália, e também no Brasil, noticiou que Kaká havia brigado com Felipe Melo em um treino em Johanesburgo, após uma suposta falta dura do volante. A falta havia sido de Robinho em Kaká. Felipe Melo não teve nada a ver com o lance, mas foi culpado por engano. Um claro gol contra de quem noticiou.
Isso tudo só ressalta a importância da transparência na relação entre a seleção brasileira e a imprensa. Se os jornalistas tiverem acesso à informações corretas da seleção brasileira - sem que isso interfira na rotina de trabalho dos jogadores - vários atritos serão evitados e o público leitor saberá com maior precisão o que acontece no grupo.
Um dia após a discussão entre Júlio Baptista e Daniel Alves, ninguém pode ouvir ainda a versão dos dois sobre os fatos, porque eles não conversaram com a imprensa. A entrevista coletiva deste sábado foi com Michel Bastos e Felipe Melo, e à tarde o Brasil realiza um treino secreto. Se a discussão foi um incidente pequeno ou algo mais grave, não seria melhor que eles próprios pudessem falar aos jornalistas isso?
dzԳáDzDeixe seu comentário
Olha, sinceramente sem querer ofender o que menos se vê na imprensa hoje é neutralidade e transparência, tudo é uma questão de qual chamada vai atrair mais leitores (na internet), audiência na TV ou vender mais jornais. Isso é um fato, não existe imprensa camarada.
No Brasil nós temos que aguentar dia e noite a imprensa fabricando noticiário, transformando notícias bobas em chamadas espetaculares, que mais confundem que informam.
Assino embaixo o que ele falou a respeito da imprensa brasileiro, é fato.
Concordo com você, Daniel. E discordo do comentário acima, porque imprensa não tem nada que ser camarada. Tem só que noticiar o que aconteceu. Por que os dois jogadores não foram liberados para contar direito o que aconteceu em vez de reclamar da imprensa? Sem a versão dos protagonistas, a dúvida persiste sempre.
Esse Felipe Melo é uma topeira. Assim como o Daniel Alves. Ótimo texto.
Não é só o jogador que confunde a imprensa com torcida. A nossa imprensa, digo a brasileira, se confunde com a torcida. Imparcialidade? Impossível. As almejadas objetividade, correção, isenção e clareza são deixadas de lado na hora de cobrir a seleção brasileira. Como quase jornalista, digo que me envergonha ter que assisitir à coberturas feitas por algumas figuras icônicas da nossa televisão. A torcida de alguns jornalistas, em especial narradores de jogos, já está tão patética que nem os torcedores aguentam mais. Basta olhar a expressão disso em redes sociais, como o Twitter. Em uma fatia da imprensa no Brasil, não há mais diferença entre fazer a cobertura e torcer. O que é lamentável, tanto para jornalistas quanto para quem torce.
Pois é seu Gallas, onde já se leu que jornalista passa a perna em jornalista? As mutretagens dos jornalistas não têm nada de jornalístico? O que os jornalistas estão fazendo na África do Sul? Fazendo jus ao próprio salário que é pago por um patrocinador que cobra a fatura. Se jornalista brasileiro na Africa do Sul não é brasileiro deveria cobrir a seleção da Nigéria, da Corréia... Uma entrada mais dura é mais importante que tudo o resto que acontece naquela parte da África? Francamente!!!
Esse jornalista é chato demais! Mas em nome da transparência ou da "precisão" vamos investigar a fundo a briga entre os dois já que esse é o papel da imprensa brasileira e seria "péssimo jornalismo" ignorá-la, como ele prega em seu sermão acima.
Que os jornalistas brasileiros se empenhem e provem seu compromisso com a verdade, questionando até último fôlego:
-Por favor, esclareçam para a sociedade brasileira que acusações exatamente vocês trocaram após aquele grave incidente no treino?
-Como está o clima no banco de reservas em meio a essa forte polêmica?
-Daniel Alves, naquele fatídico momento, você mexeu seu calcanhar para trás sugerindo que Júlio Baptista tinha tentado te acertar. Aquele seu movimento de calcanhar que eu testemunhei sugere que houve uma tentativa de falta dolosa?
-E a coxa, Júlio Baptista, você consegue dormir após ter visto o estrago que causou?
-Dunga, não seria melhor baixar uma norma que proibisse discussões em campo? Afinal, o futebol é um jogo de cavalheiros. Não há espaço para xingamentos e discussões no futebol!
E para concluir, seleção, ainda que inócuas, essas discussões deixam-nos, jornalistas, muito nervosos e com a sensação de estarmos testemunhando o início da derrocada brasileira na África do Sul. Não, não, mil vezes não! Me esqueci de algo importante. Somos isentos, apartidários, nem sequer torcemos para a seleção brasileira, mas ficamos nervosos mesmo assim. Parem de brigar, por favor, ou eu vou chorar muito da próxima vez!
Com todo o respeito, é uma fábula pensar que qualquer profissional trate seu trabalho com esta isenção idealista. A verdade é que antes de ser jornalista, ali está um ser humano que, por natureza, é parcial.
A mídia brasileira nunca foi, e nem nunca será imparcial; a famosa "opinião pública" é, na verdade, a opinião de jornalistas e seus pares que podem dar espaço e voz à seus interesses.
Esta mídia, em nome do dever de informar, e respaldada na liberdade de imprensa, tem sido sempre rápida em alaridos de critica e pré-julgamentos. Porém, é muito lenta - por vezes intencionalmente silenciosa - em se desculpar e oferecer os muitos lados dos acontecimentos para termos ao menos um vislumbre da verdade.
Se Felipe Melo confunde jornalistas com torcedores, o autor do artigo os confunde com máquinas.
E, uma correção, o papel do jornalista que trabalha para as grandes empresas de mídia não é informar, nem sequer transmitir os fatos. Seu papel é o de valrizar capital, de formar lucro para o dono da empresa. Por isso que estas matérias sem fundamento, e nem sentido, se propagam: em nome da audiência que enche os cofres da indústria, parece valer tudo.
O jornalista é um mero trabalhador, um operário que transforma a verdade em lucro. Nada mais.
Assisti entrevista do Felipe Melo com o Michel Bastos e foi uma vergonha. Esses caras têm que estudar, principalmente o Felipe Melo, deu cada fora! Dizendo que bola é que nem mulher e que tem que bater nela vai ganhar juizo rapaz. Joga bola e para de falar bobagem.
Brasileiro falar cobrar imparcialidade da imprensa jornalistica é ipocrisia. O futebol desperta uma paixão diferente no Brasil e os jornalistas não estão imunes a ela. Fica complicado um jornalista brasileiro fazer a cobertura do seu país e ser imparcial, vão dizer "pô esse jornalista nem parece brasileiro".
Por favor, nao me venha dizer que jornalistas nao tomam partido e
quando decidem ser do contra fica impossivel noticiar com total
transparencia. Um pouco de profissionalismo sempre eh bom.
Concordo plenamente com o comentario do Andre Moura
Fernando Dinis, ipocrisia?
Será que são somente os jogadorse que precisam estudar?
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Concordo completamente com o primeiro comentário.
Concordo com o Felipe Melo, os brasileiros tem que se unir e a imprensa tem que deixar de ser tao idiota ! :*
Os jornalistas não deve cobrir a copa como torcedores, de fato, mas também de fato, estão se esmerando em fazer uma cobertura anti-Dunga, co direito a boato sobre a cotusão do Julio Cesar, por exemploe perguntas do tipo que foi feita na coletiva após o primeiro jogo, desmerecendo o golaço do Maicon, dizendo que foi falha do goleiro. Isso é sem duvida procurar cabelo em ovo, uma cobertura mal intencionada.
Pois é, Rômulo Cristaldo, infelizmente no Brasil o mito da imparcialidade jornalística ainda impera. Mas, se impera, é porque tem uma função: manter os tolos acreditando nela, para que os jornalistas nela se apoiem como fonte de credibilidade. Credibilidade que, no fundo, é o meio (não o fim do fazer jornalístico) que a grande mídia usa para obter o lucro que você citou. Ainda bem que também temos opiniões críticas e lúcidas!