Pelé, o rei da polêmica, continua no auge aos 70
Ao completar 70 anos, Pelé continua sendo apontado por muitos como o maior jogador de todos os tempos.
O fenômeno da longevidade do mito supera em muito tudo o que o rei Pelé fez em campo, e olha que não fez pouco.
Um artigo publicado esta semana no jornal italiano Corriere dello Sport diz que Pelé fatura mais em publicidade hoje em dia do que grandes astros em atividade como Kaká, Ibrahimovic, o italiano Totti e o maior jogador do mundo da atualidade, Lionel Messi.
Segundo o jornal, o rei recebe cerca de US$ 18 milhões por ano de empresas que querem associar suas marcas à imagem de Pelé.
Uma façanha impressionante. Não é fácil encontrar outra celebridade que tenha conseguido capitalizar a fama tanto tempo depois de ter parado.
Inegavelmente, Pelé é um craque na preservação da imagem. E olha que ele se meteu em um monte de polêmicas que poderiam acabar com a carreira de muitos ídolos.
Foi acusado de ignorar o racismo sofrido pelos negros no Brasil, de só se envolver com mulheres brancas e se negou a reconhecer a paternidade de uma filha fruto de uma relação extra-conjugal, e só o fez obrigado por ordem judicial.
No auge da ditadura, quando o país se mobilizava para reaver o direito de votar para presidente, disse que brasileiro não sabia votar.
Foi chamado de ingrato por Coutinho seu ilustre companheiro de ataque no fabuloso time do Santos que ganhou tudo que disputou na década de 60.
Em 1969, foi chamado de demagogo e politiqueiro por dedicar o seu milésimo gol às criancinhas pobres.
Foi acusado de falta de patriotismo por ter largado a seleção três anos antes da Copa de 1974 preferindo ficar na arquibancada fazendo propaganda de uma marca de refrigerante americana, debandando em seguida para os Estados Unidos atraído pelos milhões do Cosmos.
E a partir dos anos 80 passou a ter que enfrentar pela primeira vez uma concorrência de peso com o surgimento de Diego Maradona.
Saiu ileso de todas, e mesmo no meio das controvérsias mais acaloradas manteve-se como a face mais reconhecida do planeta, superando em popularidade o papa e presidentes das maiores potências mundiais.
Só conseguiu isso pelas atuações fabulosas e gols memoráveis que marcou.
Até hoje, a supremacia de Pelé como o maior jogador de todos os tempos só é colocada em questão pela geração de torcedores que não o viu em campo. Muitos desses acreditam que Maradona conseguiu ser mais brilhante do que ele.
Talvez fosse se tivesse conseguido manter a forma atlética de Pelé durante toda a carreira, se tivesse sido exímio cabeceador, se soubesse chutar com as duas pernas com igual eficiência e se tivesse feito algumas centenas de gols a mais.
Pelé é um dos poucos jogadores de quem não se duvida que fariam o mesmo sucesso se atuassem no futebol moderno que exige um ótimo preparo físico e grande velocidade. Sua excelente condição física, sua enorme habilidade e incrível capacidade de improvisação com certeza são garantias de que iria brilhar com a mesma intensidade.
Talvez no futuro ele venha a ser superado, mas por enquanto, pelo menos para mim e para milhões de pessoas, continua sendo o maior jogador da história do futebol.
É como ele dizia com uma grande cara-de-pau num comercial de vitamina que circulou na TV brasileira: "É o povo quem diz!"