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Pelé, o rei da polêmica, continua no auge aos 70

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Ricardo Acampora | 14:23, sexta-feira, 22 outubro 2010

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Ao completar 70 anos, Pelé continua sendo apontado por muitos como o maior jogador de todos os tempos.

O fenômeno da longevidade do mito supera em muito tudo o que o rei Pelé fez em campo, e olha que não fez pouco.

Um artigo publicado esta semana no jornal italiano Corriere dello Sport diz que Pelé fatura mais em publicidade hoje em dia do que grandes astros em atividade como Kaká, Ibrahimovic, o italiano Totti e o maior jogador do mundo da atualidade, Lionel Messi.

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Segundo o jornal, o rei recebe cerca de US$ 18 milhões por ano de empresas que querem associar suas marcas à imagem de Pelé.

Uma façanha impressionante. Não é fácil encontrar outra celebridade que tenha conseguido capitalizar a fama tanto tempo depois de ter parado.

Inegavelmente, Pelé é um craque na preservação da imagem. E olha que ele se meteu em um monte de polêmicas que poderiam acabar com a carreira de muitos ídolos.

Foi acusado de ignorar o racismo sofrido pelos negros no Brasil, de só se envolver com mulheres brancas e se negou a reconhecer a paternidade de uma filha fruto de uma relação extra-conjugal, e só o fez obrigado por ordem judicial.

No auge da ditadura, quando o país se mobilizava para reaver o direito de votar para presidente, disse que brasileiro não sabia votar.

Foi chamado de ingrato por Coutinho seu ilustre companheiro de ataque no fabuloso time do Santos que ganhou tudo que disputou na década de 60.

Em 1969, foi chamado de demagogo e politiqueiro por dedicar o seu milésimo gol às criancinhas pobres.

Foi acusado de falta de patriotismo por ter largado a seleção três anos antes da Copa de 1974 preferindo ficar na arquibancada fazendo propaganda de uma marca de refrigerante americana, debandando em seguida para os Estados Unidos atraído pelos milhões do Cosmos.

E a partir dos anos 80 passou a ter que enfrentar pela primeira vez uma concorrência de peso com o surgimento de Diego Maradona.

Saiu ileso de todas, e mesmo no meio das controvérsias mais acaloradas manteve-se como a face mais reconhecida do planeta, superando em popularidade o papa e presidentes das maiores potências mundiais.

Só conseguiu isso pelas atuações fabulosas e gols memoráveis que marcou.

Até hoje, a supremacia de Pelé como o maior jogador de todos os tempos só é colocada em questão pela geração de torcedores que não o viu em campo. Muitos desses acreditam que Maradona conseguiu ser mais brilhante do que ele.

Talvez fosse se tivesse conseguido manter a forma atlética de Pelé durante toda a carreira, se tivesse sido exímio cabeceador, se soubesse chutar com as duas pernas com igual eficiência e se tivesse feito algumas centenas de gols a mais.

Pelé é um dos poucos jogadores de quem não se duvida que fariam o mesmo sucesso se atuassem no futebol moderno que exige um ótimo preparo físico e grande velocidade. Sua excelente condição física, sua enorme habilidade e incrível capacidade de improvisação com certeza são garantias de que iria brilhar com a mesma intensidade.

Talvez no futuro ele venha a ser superado, mas por enquanto, pelo menos para mim e para milhões de pessoas, continua sendo o maior jogador da história do futebol.

É como ele dizia com uma grande cara-de-pau num comercial de vitamina que circulou na TV brasileira: "É o povo quem diz!"

Ruim com Rooney, muito pior sem ele

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Ricardo Acampora | 15:01, terça-feira, 19 outubro 2010

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Agora é oficial, Wayne Rooney não quer mais jogar no Manchester United.

O anúncio foi feito pelo técnico do Man U, Alex Ferguson, durante coletiva de imprensa. Ele disse que Wayne Rooney não quer saber de renovar contrato com o clube.

E segundo Ferguson, Rooney está decidido e não há como fazê-lo mudar de ideia. O técnico insistiu que não houve nenhum desentendimento com o craque, o que vinha sido especulado pela imprensa como uma possível causa do súbito desânimo demonstrado pelo jogador que poderia estar por trás da sua queda de produção nesta temporada.

Para tentar manter seu camisa 10, o Manchester teria feito "uma proposta difícil de ser coberta por outro clube", de acordo com o técnico.

Se é assim, qual seria então o motivo que levou Rooney a se desencantar pelo clube, um dos maiores e mais ricos do mundo?

Para parte da imprensa inglesa, Rooney teria recebido uma proposta multi-milionária do Real Madrid ou teria sido seduzido pelos milhões árabes do Manchester City, rival direto do United.

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Se Rooney estiver mesmo deixando o futebol inglês a perda será imensa para o Manchester United que perdeu Cristiano Ronaldo para o Real Madrid no final da temporada passada e está em quarto lugar no atual campeonato. Para a Premier League a saída do melhor jogador do país não poderia vir em pior momento.

Os torcedores ainda vivem o impacto da apagada participação do English Team na Copa da África, quando foi mandado de volta nas oitavas-de-final pela Alemanha com uma sonora goleada de 4 a 1 depois de um ridículo desempenho na primeira fase.

A "nova" seleção armada pelo técnico Fabio Capello não tem empolgado, com atuações pouco convincentes como no último jogo pelas eliminatórias da Eurocopa em que o time empatou sem gols com a inexpressiva seleção de Montenegro em pleno estádio de Wembley.

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O desinteresse da torcida agravado pela crise econômica que afeta o país, tem colaborado para que apareçam muitos lugares vazios nas arquibancadas dos jogos da Premier League, que em campeonatos anteriores eram facilmente superlotadas.

Todos os grandes clubes ingleses, sem exceção, estão no vermelho, com seus balanços exibindo prejuízos enormes.

Dentro desse quadro preocupante fica fácil perceber que a saída do craque pode ter um efeito catastrófico para o futebol local, principalmente se acabar motivando a saída dos poucos jogadores de real gabarito que ainda restam como Carlos Tévez e Cesc Fabregas.

O carrinho criminoso

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Ricardo Acampora | 11:25, quarta-feira, 6 outubro 2010

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Surpreendente e admirável a decisão do técnico da Holanda, Bert van Marwijk, de não convocar o volante Nigel De Jong para a partida de sexta-feira contra a Moldávia, pelas eliminatórias da Eurocopa.

O motivo da barração, a entrada violenta de De Jong no atacante francês Hatem Ben Afra, no último fim de semana, que deixou o jovem jogador do Newcastle United com uma fratura dupla na perna esquerda. Para o técnico a jogada foi "selvagem e desnecessária."

O lance ocorreu na partida em que o clube do holandês, o Manchester City, venceu o Newcastle por 2 a 1 pelo campeonato inglês.

De Jong não é réu primário. Em março, ele quebrou a perna de Stuart Holden, do Bolton Wanderers. Já naquela ocasião, o técnico da Holanda repreendeu o volante, ameaçou não levá-lo para a Copa do Mundo e criticou o nível de arbitragem do futebol inglês que permite a violência em campo.

Na Copa o volante voltou a protagonizar cenas de violência, como a entrada desleal em Xabi Alonso na final contra a Espanha.

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De Jong parece ter carta branca para as jogadas violentas. Nos dois episódios ocorridos no futebol inglês ele nem chegou a receber cartão. Na partida final da Copa, apitada pelo árbitro inglês, Howard Webb, ele recebeu apenas o amarelo pelo golpe de caratê aplicado no espanhol.

Curioso é que vários críticos de futebol aqui na Inglaterra, muitos deles ex-jogadores, defendem o carrinho (chamado de tackle) que na maioria das vezes é dado por trás do jogador que tem a bola dominada.

Para eles a jogada demonstra a raça, a determinação do jogador, uma das marcas registradadas do futebol inglês, que privilegia a força física, um conceito que remete às origens do jogo, criado a partir do rúgbi.

É comum a torcida aplaudir um jogador que sai correndo atrás do adversário até se lançar contra ele num desses funestos tackles sem ter a bola, ou somente ela, como seu objetivo final.

Com a jogada sendo estimulada por uma cultura de elogios e tolerada pela arbitragem, não é surpresa constatar que o futebol inglês produz a cada temporada uma longa lista de jogadores contudidos com seriedade.

Lembro de ver e ouvir o falecido jornalista e técnico João Saldanha criticar o famigerado tackle porque a violência permitia que o zagueiro perna-de-pau anulasse com facilidade o craque que fazia uma jogada elaborada.

Ele defendia que o infrator fosse suspenso pelo mesmo tempo em que a vítima ficasse sem poder jogar.

Conta o folclore futebolístico que antes da Copa de 66, João Saldanha participava de uma mesa redonda em um canal de TV aqui de Londres, na qual estava também o então presidente da Fifa, o inglês Stanley Rouss. Saldanha criticava com veemência o carrinho por trás que era defendido com igual fervor por Rouss, desde que visasse a bola.

Em determinado momento, Saldanha teria proposto aplicar um tackle no presidente para que ele sentisse na própria pele a violência do carrinho.

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Em fevereiro de 2008, o brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva teve o pé praticamente decepado pelo zagueiro Martin Taylor, do Birmingham. Eduardo estava no auge de sua fase no Arsenal. Ficou quase dois anos em recuperação e quando voltou nunca conseguiu repetir as boas atuações, acabou emprestado ao Shakhtar Donetsk da Ucrânia.

Como Eduardo, Stuart e Ben Arfa, muitos outros tiveram a perna quebrada por um adversário em partidas na Inglaterra. Vejam a lista dos últimos 6 anos:

  • nov.2004 Djibril Cissé (Liverpool)
  • ago.2007 Kieron Dyer (West Ham United)
  • fev.2008 Eduardo da Silva (Arsenal)
  • set.2008 Craig Fagan (Hull City)
  • mar.2010 Stuart Holden (Bolton Wanderers)
  • mar.2010 Aaron Ramsey (Arsenal)
  • ago.2010 Luke Freeman (Yeovil Town)
  • set.2010 Antonio Valencia (Manchester United)
  • set.2010 Bobby Zamora (Fulham)
  • out.2010 Hatem Ben Arfa (Newcastle United)

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