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Arquivo para setembro 2012

Mind the gap

Camilla Costa | 16:13, sexta-feira, 14 setembro 2012

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Foto: Reinhard Dietrich/WikiCommons

Com o início da London Fashion Week nesta sexta-feira, está (quase) oficialmente decretado o fim do verão britânico. O frio do outono já começou a chegar, mas os eventos ao ar livre continuam acontecendo aqui e ali, para não deixarmos de aproveitar o restinho do sol. As vitrines já mudaram e os tablóides já deixaram a euforia esportiva de lado para voltar às reclamações normais.

Mas uma coisa não muda: aqui na capital britânica, "Mind the gap" continua sendo uma das frases mais escutadas e lidas, porque estampada em todo tipo de souvenirs. Ela significa, em tradução livre, "cuidado com o vão", referindo-se ao espaço entre o trem do metrô e a plataforma de embarque. Mas gap também é discrepância, disparidade, o intervalo que separa uma coisa de outra.

Além de conselho, Mind the gap também pode ser um bom modo de enxergar as coisas. Nestes meses, e aproveitando a "passagem de tocha" de Londres para o Rio, Paula e eu tentamos observar as disparidades entre a Grã-Bretanha do Brasil na política, na cultura e na vida cotidiana.

Agora, o Londonices encerra sua transmissão e agradece a todos os nossos leitores e comentaristas fieis. Esperamos que tenham apreciado as nossas histórias, comentários e dicas - e algumas reclamações, que ninguém é de ferro - sobre a cidade.

Downton fever

Camilla Costa | 16:10, quinta-feira, 13 setembro 2012

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Matthew e Mary Crawley já são o casal do ano

Apesar da tradição em "period dramas", filmes e seriados de época, os ingleses pareciam meio cansados do gênero, tanto no cinema quanto na TV. Mas eis que veio Downton Abbey e a Inglaterra foi pega novamente pelo pé.

Na última semana, todos os jornais e revistas de circulação nacional se renderam à expectativa pela terceira temporada da série do canal ITV, que estreia neste domingo e acompanha a família Crawley e seu numeroso séquito de empregados durante o início do século 20 - a história começa com o naufrágio do Titanic.

Depois que a série, surpreendentemente, caiu no gosto também do público americano (que já está sofrendo porque só verá a terceira temporada em janeiro de 2013), virou piada o fato de que é quase impossível descrever a trama principal de Downton Abbey sem que ela pareça absurdamente chata. Vamos tentar:

O Conde de Gratham, sua mulher e suas três filhas (e todos os empregados da casa) se vêem em uma situação complicada quando os herdeiros seguintes da propriedade, que só pode ser passada para homens da família, morrem no Titanic. O próximo na linha de sucessão é Matthew Crawley, um primo distante que, para horror da família aristocrática, é um advogado "modernoso" que mora em Manchester e não tem lá muita vontade de assumir uma propriedade tradicional (que é a Downton Abbey em questão).

Não funcionou, né? Mas os criadores da série dizem que ela pegou porque, ao contrário da maioria dos dramas de época ingleses, tem um ritmo mais rápido, muitas tramas interessantes acontecendo. O escritor de "Downton", Julian Fellowes (famoso pelo filme Assassinato em Gosford Park), diz que o fato de todos os personagens - sejam os criados ou o senhores da casa - terem tramas pessoais e peso emocional também faz diferença.

É claro que, no fundo, Downton Abbey é mesmo uma novela, no melhor estilo latino-americano, com guerras, reviravoltas e golpes pelo meio. Mas uma novela que, com excelentes atuações, personagens envolventes, um bom roteiro e muitos insights divertidos sobre como os aristocratas ingleses tiveram que se adaptar ao breve século 20 (a família se confronta com novidades como telefones, sufragetes e o conceito de "fim de semana"), conquistou não só as mulheres, mas também os homens aqui e além-mar.

Já se nota que as pessoas estão programando seu domingo à noite com base na estreia. Também sou fã, então aguardo as máscaras temáticas de papel nas lojas, que por enquanto só oferecem o básico: Família Real, Mr. Bean, Robert Pattinson.

O interessante na Grã-Bretanha é que, tanto os canais públicos da ´óÏó´«Ã½ quanto canais pagos de televisão, como o ITV e o C4, permitem assistir gratuitamente aos episódios de quase todos os programas na internet, até uma semana depois que eles são exibidos. Não é preciso ser assinante de nada, nem preencher nenhum cadastro.

O grande argumento a favor da ideia é que isso ajuda a aumentar gradualmente a audiência dos programas e o burburinho sobre eles, já que os atrasados sempre podem correr atrás. A necessidade de piratear os programas também diminui. E o argumento contra é que....bem, ainda não conheço um argumento contra.

´¡³Ù³Ü²¹±ô¾±³ú²¹Ã§Ã£´Ç: No Brasil, como os leitores me informaram depois desse post, Downton Abbey é exibida no canal de TV paga Globosat HD. Segundo a , os episódios volta e meia são exibidos fora da ordem ou repetidos. E a série não pode ser assistida online. Mas se alguém estivesse bastante interessado certamente poderia conseguir os episódios da série por outros meios, digamos, tecnológicos, que eu não poderia descrever neste espaço.

Londres, cidade proibida

Camilla Costa | 15:41, quarta-feira, 12 setembro 2012

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Em todas estas áreas em vermelho é proibido andar na rua com bebidas alcoólicas.

Londres tem a fama de cidade mais vigiada do mundo, por causa de todas as câmeras espalhadas em espaços públicos e privados da cidade. Protestos contra o excesso de controle são temas constantes de manifestações e obras de arte de rua na cidade.

Mas outro fenômeno que já está na mira dos londrinos são as leis locais, que transformam atividades teoricamente legais em crimes em determinados bairros. Essa semana, o grupo Manifesto Club, que realiza campanhas contra o que chama de "hiperregulação da vida cotidiana", .

Eles descobriram que em mais de 200 locais da cidade é proibido levar seu cachorro para passear em parques e locais abertos. Desobedecer a regra é passível de processo ou multa. Em outras 32 áreas os policiais tem o poder de exigir que grupos de duas ou mais pessoas se separem ou deixem o local por 24h, caso não queiram ser presos.

Uma das principais proibições na cidade é ter álcool em sua posse. Em 74 zonas e 14 bairros inteiros, policiais, seguranças privados e até funcionários das prefeituras locais podem simplesmente confiscar garrafas e latas - mesmo que não estejam abertas - de qualquer pessoa. E a pessoa em questão nem precisa estar fazendo bagunça, basta ter uma bebida alcoólica em mãos.

Panfletagem e protestos também são proibidos em outras áreas da cidade, aumentando as questões sobre até que ponto estamos dispostos a aceitar que liberdades sejam tolhidas em nome da segurança.

As leis que criaram estas zonas de proibição - feitas entre 2001 e 2006 - também não impediram os tumultos nas ruas de Londres em 2011, consequência de problemas sociais sérios e crescentes que sempre encontrarão maneiras de explodir caso não tenham a atenção do poder público.

A mania de Londres está pegando em cidades do mundo inteiro e também em diversas capitais brasileiras. Em São Paulo, por exemplo, o blog faz piada com as inúmeras proibições do atual prefeito. Mas talvez seja a hora de sairmos do conforto do "protesto bem-humorado". Um mapeamento como este pode nos ajudar também a saber o quanto estamos sendo limitados na nossa própria vizinhança.

A bolha paraolímpica

Camilla Costa | 16:46, terça-feira, 11 setembro 2012

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E agora, José? A Paraolimpíada acabou, a pira apagou, a rampa sumiu... (Foto: AP)

No início desta semana, o Transport for London anunciou que as rampas que ajudam cadeirantes a subirem nos trens serão mantidas em 16 estações de metrô da cidade - por tempo limitado.

O órgão anunciou que, nos próximos meses, vai "rever" o uso das rampas e calcular os benefícios para os usuários, custos, etc. A decisão agradou, mas também alarmou muitos londrinos portadores de deficiências que já reclamavam dos problemas de acessibilidade no transporte público.

Em maio, John Thornton fez uma espécie de , mostrando quais eram as estações realmente acessíveis. O mapa difere razoavelmente do oficial porque, segundo Thornton, mesmo nas estações onde o acesso da rua às plataformas não tem degraus, a subida no trem muitas vezes é tão alta que torna impossível que um cadeirante viaje sem ajuda.

Durante a Paraolimpíada, portadores de deficiências que a "bolha" de acessibilidade durante os Jogos não é a realidade da capital. A atleta Sophie Christiansen, que tem paralisia cerebral e ganhou três medalhas de ouro na equitação em 2012, também afirmou ao jornal que Londres é "horrível" para um cadeirante e que as coisas não deverão mudar muito depois do verão olímpico.

Segundo ela, apesar de o número de funcionários para ajudarem os portadores de deficiência nas estações durante os Jogos ter aumentado - este número já voltou ao normal -, as limitações físicas do acesso ainda não foram eliminadas.

Como dissemos alguns posts atrás, a conversa sobre o legado dos Jogos está só começando, agora que as competições chegaram ao fim. A Paraolimpíada de Londres foi uma das mais vistas da história. Mas o que as pessoas daqui querem saber é se ela será também uma das mais transformadoras.

Uma aula de cinema em Hogwarts

Camilla Costa | 17:10, segunda-feira, 10 setembro 2012

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Fila para o trem de Hogwarts em King's Cross: note a quantidade impressionante de crianças (zero)

É claro que este blog fatalmente teria um post relacionado a Harry Potter. O fenômeno literário e cinematográfico britânico por excelência da última década deixou inúmeras marcas na cidade e é, naturalmente, amplamente explorado pela indústria do turismo.

Entre a "Plataforma 9 e 3/4" com direito a carrinho de malas atravessando a parede em King's Cross - onde Harry e seus colegas tomavam o trem para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts - até as vitrines cativas repletas de varinhas e pomos de ouro em lojas de brinquedos tradicionais como a Hamley's, a Londres de Harry é bem bonitinha, mas não surpreende muito.

Mas isso muda quando você chega ao , onde os oito filmes foram feitos, transformado em uma espécie de museu da série. Este sim, é um dos melhores passeios que Londres pode oferecer atualmente - mesmo que você não seja lá muito de Harry Potter.

Esqueça a ideia de um parque temático dos livros de J.K. Rowling - este já existe nos Estados Unidos. É claro que, porque ninguém é de ferro, há "atrações" como andar no beco diagonal, tirar uma foto voando de vassoura ou tomar "butterbeer" - que é doce o suficiente para que as crianças não queiram mais nada na vida.

Mas o tour nos estúdios vale mesmo a pena porque é a execução de uma bela ideia: preservar o trabalho dos milhares de profissionais que se dedicaram durante 10 anos à criação dos filmes, de cenários enormes a máscaras de duendes administradores de bancos, passando por aranhas gigantes.

Só uma parte dos 500 frascos etiquetados à mão para a aula de poções

O objetivo - bastante claro - do passeio é mostrar o que está envolvido na criação de uma série de fantasia desta magnitude. E longe de ser decepcionante, a visão dos bastidores é também um tanto fantástica, por conta da tecnologia e do apuro técnico envolvidos em cada um dos objetos e na concepção dos filmes.

O tour não é dividido pelos capítulos da série e, sim, por seções especiais dedicadas ao trabalho de cada uma das equipes. Destacam-se uma exposição dos ilustradores que fizeram a arte conceitual, os modelos de Hogwarts onde os movimentos de câmera panorâmicos eram estudados e executados e os veículos criados especialmente para os filmes, como o ônibus de três andares. E, é claro, o Ministério da Magia.

Se seus filhos (ou você, admita) forem fãs dos personagens de J.K. Rowling, você terá o coração deles para sempre depois de levá-los lá - ou pelo menos até que eles façam 16 anos. Mas se você for somente um amante de cinema latino-americano sem dinheiro no bolso, o passeio vale ainda mais a pena. Quem dera que outros filmes do gênero tivessem algo do tipo.

"Sem dinheiro no bolso" é, obviamente, só força de expressão. O tour no estúdio de Leavesden tem um preço razoável, mas é cobrado em uma moeda chamada "libra esterlina", cuja conversão para reais pode ser mais impiedosa que--Ok, vou parar com as referências.

Não se ignora um convite ao escritório de Dumbledore

O engodo do wi-fi

Camilla Costa | 16:40, sexta-feira, 7 setembro 2012

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Os números quase ao fim dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos já asseguram que Londres se tornou uma cidade com mais internet pública gratuita. Para conseguir suportar o tráfego de dados durante o período, a cidade ganhou cerca de 4 mil hotspots, que abarcaram parques, locais de competições e algumas estações de metrô.

Para fazer isso, as empresas BT, Virgin e O2 disputaram os hotspots da cidade. A BT manteve o acesso pago na maior parte dos locais de competições, a O2 ficou com áreas mais populosas do centro como Kensington, Chelsea e Westminster e a Virgin colocou hotspots em 72 estações de metrô. O plano é chegar a 120 até o fim do ano. A BskyB, com a sua The Cloud, tem 11 mil hotspots em todo o país.

Mas devo dizer que, apesar de ter ficado de olho na qualidade e disponibilidade real das redes nas ruas daqui desde que cheguei, em junho (quando vi em um jornal o anúncio da foto acima), não consegui fazer bom uso delas.

A qualidade em geral era bem ruim e não me permitia usar nem o básico whatsapp/redes sociais. Abrir alguma página no celular, então, já seria pedir demais. O 3G que tenho aqui era mais confiável em qualquer lugar da cidade - até no metrô, quando as estações eram abertas.

Mas para proteger o "cartel" das operadoras, uma polícia de wi-fi andava pela cidade detectando e fechando pontos "ilegais", ou seja, hotspots gratuitos que tinham sido espontaneamente (ou descuidadamente) abertos por pessoas ou estabelecimentos.

Agora, antes que eu pareça estar desdenhando de algo que, em teoria, é um ótimo serviço, devo dizer que ter internet ilimitada no celular em Londres é simples e muito barato. Com a operadora que uso atualmente, pago 15 libras (R$ 48) por mês e tenho internet ilimitada (que uso também no computador de casa), além de muitos minutos e SMS. E estamos falando de um plano pré-pago, sem contas nem vínculos.

Por isso achei inicialmente estranho quando soube que a Virgin cobrará uma taxa para o uso do seu hotspot no metrô a partir desse mês. Quem vai pagar? Talvez os turistas, mas duvido. Atualmente, vale mais a pena para quem já tem um smartphone andar com o wi-fi desligado pela cidade, para evitar que as páginas de acesso dos hotspots oficiais invadam a sua tela e não te deixem fazer mais nada (sim, The Cloud, estou falando com você).

Não deixa de me parecer uma certa picaretagem dizer que a cidade terá toda esta oferta de internet gratuita por causa da Olimpíada, se ela não funciona bem, veta a participação de atores independentes e ainda por cima, passará a ser cobrada depois. É uma lição a levar, sem dúvida, mas para termos atenção redobrada no Brasil, onde as operadoras de internet/celular/TV a cabo já tem, digamos, o hábito de lesar o consumidor, oferecendo pacotes "imperdíveis" por preços "inacreditáveis".

Há uma semana, uma matéria do Uol disse que já se estima que a capacidade das redes para tráfego de dados no Rio em 2016 terá que ser 95% maior do que em Londres.

Mapeando mudanças

Paula Adamo Idoeta | 14:38, quinta-feira, 6 setembro 2012

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Um mapa simpático mostra as mudanças no bairro

Hackney, no leste de Londres, já foi uma área industrial, sofreu bombardeios na Segunda Guerra Mundial e virou foco de pobreza e criminalidade na capital britânica.

Hoje, porém, é uma área em ascensão: por ali estão o Parque Olímpico e polos de tecnologia e negócios, como Shoreditch. É também por ali que estão ocorrendo alguns dos melhores eventos culturais da cidade.

Ainda há desigualdade na região, mas Hackney - que está "trendy", ou na moda - caiu no gosto dos jovens mais descolados, atrai festas e festivais e é multicultural.

Essas mudanças são tema de uma exposição no Museu de Hackney, chamada Mapping the Change ("mapeando a mudança"). Mostra fotos antigas e atuais e depoimentos de moradores, contando como a região foi mudando sua vocação manufatureira para o cenário atual.

Mudanças também implicam perdas. Muitos depoimentos criticam a valorização da área, os aumentos dos preços da habitação (que acabam forçando a saída de antigos moradores) e a perda de características originais. Ainda assim, um passeio pelas ruas de Hackney deixa claro que é um bairro vivo, etnicamente misto e em ebulição.

**

Com este post, me despeço do blog, para retornar à redação da ´óÏó´«Ã½ Brasil em São Paulo. Mas o Londonices continua, tocado pela minha colega Camilla Costa. Obrigada pela leitura e pelos comentários!

Onde está (e quem é) Banksy?

Camilla Costa | 15:30, quarta-feira, 5 setembro 2012

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A obra "Um país sob câmeras de vigilância", em Londres, que foi coberta com tinta branca

pode guiá-lo em um dos novos esportes favoritos de londrinos e turistas: a caça a um grafite do lendário Banksy na cidade.

Os colaboradores marcam os pontos onde sabe-se que o artista deixou sua marca e os atualizam com fotos, descrições atuais das obras e ocasionais protestos sobre a sua remoção. Trabalhos do grafiteiro de Bristol estão sendo paulatinamente removidos dos muros. "É parte do ciclo de vida da arte de rua", argumentam alguns. "É caretice", vociferam outros.

Enquanto isso, o próprio Banksy ainda não parece disposto a revelar sua identidade nem seus próximos passos, mesmo após ter realizado um documentário que concorreu ao Oscar (por falar nisso, a "estrela" do filme, Mr. Brainwash, está expondo seus trabalhos em um galpão no centro da cidade). Isto é, caso o nome Banksy seja realmente de um artista só e não de um grupo, como muitos suspeitam.

Conheci um estudante de fotografia birmanês que me relatou um encontro bastante com um homem um tanto enigmático. Ele era bastante tatuado, usava lentes de contato brancas, estava um pouco sujo de spray e usava uma camisa que dizia: "I'm not Banksy" (Eu não sou Banksy). Mas engatou uma conversa com o birmanês, durante a qual disse trabalhar "pintando com spray" e estar "terminando alguns trabalhos por aí".

O homem não quis revelar o nome, disse que não era uma boa ideia fazê-lo, mas se deixou fotografar. Grafiteiros famosos, pouco famosos e aspirantes não faltam em Londres, é claro. E temos dúvidas sobre se o Banksy real deixaria que uma foto sua circulasse por aí, mas quem sabe?

Um dos muitos "Banksys" que existem por Londres ou, quem sabe, o original. Foto cedida por Ganesh Baniya

O último sorvete do verão

Camilla Costa | 15:30, terça-feira, 4 setembro 2012

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Procura-se um sorvete desesperadamente

Um par de vacas multicoloridas anunciava, no último domingo, um festival de sorvete próximo à estação de Kings's Cross. Ora, vejam. Desde o início desta semana o sol voltou a brilhar em Londres, para nos dar o gosto do finzinho do verão, mas no domingo, o dia foi frio e nublado. De qualquer modo, pensei, um festival de sorvete não se perde assim.

A área de King's Cross, como Paula disse no post anterior, está passando por uma série de reformas e revitalizações, das quais fazem parte inúmeros projetos culturais e pequenos festivais. Nos próximos dias, eles também receberão shows de música africana. O "Ice Cream Festival", cuja entrada era gratuita (viu, São Paulo?) prometia trazer alguns dos melhores fabricantes de sorvete do país, ter ordenha de vacas e programações infantis.

A vaca da ordenha se chamava Camilla: um sinal? um deboche?

E cumpria, pelo menos parcialmente. Mesas de ping-pong, uma "prainha" com esculturas de areia para as crianças menores e uma ordenha de água em vacas de plástico garantiam a diversão familiar de domingo. Infelizmente, o outro sócio da empreitada - o sol - não estava contribuindo muito. Um pequeno estábulo com ovelhas (sim, essas eram reais) e um stand com sorveteiros-cientistas fazendo iguarias de nitrogênio também foi responsável pela parte divertida/educativa do festival.

Tudo isso consegui ver rapidamente ao chegar em King's Cross por volta das 16h do domingo. Mas um personagem fazia falta, notoriamente: o sorvete, propriamente dito. Havia trailers de pizza, hamburguer, comida indiana. E algumas barracas de sorvete, que já pareciam fechadas. As placas riscadas anunciavam que os melhores sabores já haviam ido embora. Mesmo sem calor, parecia que a estrela da festa tinha sido consumida muito rapidamente.

Na falta de sorvete, um novo rei dos verões futuros se anunciava: o frozen yogurt

Demorei um pouco para descobri que ainda havia um pouco de sorvete bom e barato à venda. Com sabores diferentes, leite orgânico e de outras variedades. Mas as filas eram enormes - e já começava a chover.

Fazer o que, né? Assim é a vida em Londres e, pelo menos, nunca é entediante. O escritor inglês Samuel Johnson disse "When a man is tired of London, he's tired of life" (Se um homem está cansado de Londres, está cansado da vida). Em nome da aventura num domingo nublado, entrei na fila. Alguns novos amigos e jogos de celular depois, consegui, vitoriosa, o meu sorvete. Chuva, frio, não importa. Os rituais da estação devem ser respeitados. Especialmente para quem tem tão pouco verão, como os britânicos.

A vitória, enfim

Sons de Londres para 2025

Paula Adamo Idoeta | 10:04, segunda-feira, 3 setembro 2012

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Reprodução do site Soundbrigde 2025, que quer fazer uma ponte entre os atuais e os futuros moradores de King´s Cross

Em metrópoles como Londres e São Paulo, bairros inteiros são alterados por conta de empreendimentos imobiliários, incentivos (ou desincentivos) estatais e por forças que muitas vezes fogem do controle de seus habitantes.

King´s Cross, no centro-norte de Londres, é uma área em mudança. Meus colegas que vivem aqui há mais tempo me contam que a região era empobrecida, foco de prostituição e drogas. Algum resquício disso persiste, mas os entornos da estação de King´s Cross estão se revitalizando, em especial com a relativamente nova (e imponente) estação internacional de trem de St. Pancras.

Mas o que pensam as pessoas que moram ali? E o que elas teriam a dizer para os futuros moradores da região?

Um projeto foi criado para ouvi-las. Estou falando do Soundbridge 2025, que está criando uma "cápsula do tempo sonora", em vinil, para ser aberta em King´s Cross daqui a 13 anos. A cápsula contém depoimentos e mensagens das pessoas que vivem região em 2012.

A ideia é manter viva a memória dos moradores locais e "fazer uma ponte entre as pessoas que moram ali e que morarão num futuro próximo", segundo o site do projeto (www.soundbridge2025.co.uk), que também quer que a iniciativa se repita em gerações futuras.

Quem me contou a respeito do projeto foi a arquiteta brasileira Flavia D´Amico, uma das participantes do Soundbridge 2025.

Ela explica que o projeto faz parte de uma iniciativa maior, chamada EuPA (Europe Union Public Art), que está sendo realizado em outras cidades europeias, e foi apresentado recentemente no Festival de Arquitetura de Londres.

E você, que mensagem gostaria de deixar para o futuro morador do seu bairro?

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