Política climática: Kyoto sobreviverá a Durban?
Nesta sexta-feira, terminou mais um encontro preparatório para a conferência anual das Nações Unidas sobre mudança climática que começa no fim de novembro em Durban, na África do Sul.
A reunião foi no Panamá, e mais uma vez, os sinais foram desanimadores para aqueles que torcem por um acordo para cortar emissões de gases que provocam o efeito estufa e dessa forma limitar o aquecimento da Terra nas próximas décadas.
Os dilemas continuam os mesmos - países ricos insistem em abandonar o Protocolo de Kyoto, exigem compromissos formais e mensuráveis dos grandes países em desenvolvimento (leia-se China e Índia), enquanto os países mais pobres insistem em manter Kyoto e exigem maiores investimentos para adaptar-se à mudanças do clima e se desenvolver de forma limpa.
Para complicar mais um enredo que já vem complicado desde 2009, na malfadada reunião de Copenhague, o mundo mais uma vez parece estar à beira de uma recessão de proporções históricas.
Isso importa por vários motivos, mas vou me concentrar em apenas dois:
1. Dinheiro. A expectativa de países pobres e em desenvolvimento, segundo o princípio acertado durante a Rio 92 de "responsabilidade histórica" (a responsabilidade é de todos, mas aqueles que mais poluíram têm que arcar com consequências maiores), é de novos financiamentos. O problema é que até o momento não se chegou perto de qualquer acordo a valer a partir de 2013, quando acabam os últimos compromissos assumidos (de 2010 a 2012).
E que governo quer liberar novos fundos enquanto enfrenta desemprego e estagnação domesticamente?
2. O Protocolo de Kyoto. O único acordo internacional criado para combater as mudanças do clima vence no fim do ano que vem. Isso significa que, enquanto a ciência reforça cada vez mais a necessidade de se tomar medidas para coibir a emissão de gases do efeito estufa, o mundo - como um todo - caminha na direção oposta. E que político vai considerar adotar metas que poderiam ser classificadas pela oposição de "rédeas ao crescimento econômico"?
O problema é que os Estados Unidos não ratificaram Kyoto, o que significa que só os outros países industrializados é que até hoje têm a obrigação internacional de reduzir as suas emissões. Ninguém, entre eles, quer que a situação continue assim. O Japão quase parou as negociações em Cancún, no ano passado, ao dizer que estaria fora de um segundo período de compromisso sob Kyoto, voltando atrás relutantemente.
Até o momento, só a União Europeia aceita incluir as propostas de cortes de emissão apresentadas voluntariamente em Cancún em um documento formal. Mesmo assim, só se for com salvaguardas para evitar que fiquem presos a um acordo praticamente sozinhos entre os industrializados.
A Austrália e a Noruega apresentaram no Panamá uma nova proposta de acordo que na prática acaba com Kyoto, criando um novo acordo a ser assinado em 2015, mas que já começaria a ser operacionalizado em Durban, com a oficialização das metas de redução apresentadas voluntariamente no ano seguinte.
Com isso, cada país teria até 2018 para aprovar e instrumentalizar o acordo internamente. Até lá, todos torcem, a crise já terá passado.
O único problema é saber como convencer os países em desenvolvimento a aceitar jogar Kyoto no lixo e recomeçar a partir do (pouco) que existe.
O embaixador argentino Jorge Arguello, em nome do grupo dos países em desenvolvimento (G77 + China) disse, no Panamá, que "o único resultado significativo para Durban é a continuação de Kyoto".
Será que Durban vai marcar o fim de Kyoto ou o fim das negociações como um todo? Ou qual será a terceira via?
dzԳáDzDeixe seu comentário
Será que esta Conferência que terá seu início no final de Novembro na África do Sul em Durban seguirá os passos da desastrosa Conferência de Copenhague (2009) e de Kioto (2010) ? Entretanto tudo continua do mesmo jeito os países ricos insistem em abandonar o protocolo de Kyoto, e mais ainda exigem compromissos dos grandes países em desenvolvimento como a China e a Índia e por outro lado os países mais pobres insistem em segurar as decisões de Kyoto e ainda mais exigem maiores investimentos para adaptar-se à mudanças do clima e se desenvolver de forma limpa. Parece que o que esta valendo é o velho ditado, quem tem todas as condições para desfrutar dos bens da vida, conforto, bons salários, consumismo exasperado, são os que não irão se preocupar se este modo de vida vai afetar o clima mundial. Jamais deixarão de andar de automóveis, possuindo dois ou três deles, usarem a energia sem restrições etc. A humanidade somente mudará se de fato existir uma barreira intransponível como um limite insuperável. As usinas elétricas nucleares japonesas, todos sabem que são um risco, mesmo assim estão sendo novamente ativadas. Vamos esperar para ver.