A renovação dos batedores de falta
Na Copa da Alemanha, há quatro anos, a bola parada era uma das principais possibilidades de gol da seleção brasileira de Carlos Alberto Parreira e Zagallo. Com Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos e Juninho Pernambucano, os zagueiros adversários precisavam pensar duas vezes antes de cometer alguma falta perto da entrada da área.
Na seleção que jogará esta Copa, as opções para bater faltas são menos óbvias. Dunga não possui talentos tão naturais quanto aqueles jogadores, que não estão mais no grupo hoje.
No treino que realizou neste domingo, quando houve a primeira partida entre titulares e reservas desde a convocação para a Copa, Dunga escalou quatro jogadores para as batidas de falta.
Elano e Michel Bastos bateram faltas para os titulares; e Daniel Alves e Julio Baptista, pelos reservas. O técnico parou o jogo e separou uma parte do treino apenas para cobranças faltas.
Cada jogador bateu três faltas. Os reservas Daniel Alves e Julio Baptista não tiveram sorte em nenhuma das cobranças. Em seguida foi a vez dos titulares. Elano marcou logo na primeira cobrança - um chute forte no canto superior direito de Doni. Michel Bastos também marcou de primeira, com um chute rasteiro. Nas duas cobranças seguintes de cada um, os dois jogadores desperdiçaram as chances.
O aproveitamento de dois gols em doze cobranças de falta não é dos melhores, mas o que mais chamou atenção neste domingo foi que Dunga só treinou faltas mais de longe, iguais as que Roberto Carlos batia com tanta competência na seleção. Os gols de Elano e Michel Bastos foram pancadas fortes, de longe.
O técnico não treinou faltas mais próximas da área, que exigem menos força, porém mais precisão no chute, como as que Ronaldinho Gaúcho e Juninho Pernambucano batiam. Entre os reservas, Daniel Alves já mostrou que é bom nesse tipo de cobrança na Copa das Confederações, no ano passado, quando fez um gol salvador contra a África do Sul na semifinal.
Mas entre os titulares, assumindo que Dunga manterá no time principal os 11 que jogaram hoje, quem poderia bater esse tipo de falta?
Qualidade no chute não é garantia de gol. Afinal de contas, mesmo com excelentes batedores em 2006, o Brasil se despediu da Alemanha sem marcar sequer um gol de falta. Na Copa passada, a cobrança de bola parada que ficou mais famosa envolvendo Roberto Carlos foi a que gerou o gol da ç, quando o lateral-esquerdo brasileiro ficou parado, deixando o caminho livre para Thierry Henry eliminar o Brasil.
Ainda assim, com um atacante leve como Robinho na frente, atraindo muitas faltas de zagueiros, a bola parada é uma jogada que pode decidir partidas e que merece bons cobradores.