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A ofensiva da simpatia

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Bruno Garcez | 2009-04-20, 17:17

obama226d.jpgBarack Obama ainda não ofereceu nenhuma ação de peso em relação à América Latina.

Mas adotou pequenos gestos que poderão influir decisivamente na percepção que os latino-americanos têm do país comandado por ele.

Trata-se, principalmente, de uma mudança de tom.

Em vez de fingir que Hugo Chávez não exisitia, como fazia a Casa Branca no período de George W. Bush, quando funcionários do governo nem mesmo mencionavam o nome do líder venezuelano, Obama trocou apertos de mão e até ganhou um presente do outroro algoz americano, durante a mais recente Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago.

O brinde oferecido por Chávez foi o clássico As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, que, por sinal, já virou best-seller.

Passados os apertos de mão e sorrisos de ambas as partes, Chávez já anunciou que a Venezuela voltará a ter um embaixador em Washington.

Ainda assim, houve gente nos Estados Unidos que criticou com veemência o gesto do presidente.

Para Newt Ginrich, ex-líder da maioria republicana na Câmara dos Representantes, Obama ''deu impulso aos inimigos americanos''.

Outros senadores da oposição, Judd Gregg, de New Hampshire, e John Ensign, de Nevada, consideraram a ação de Obama ''irresponsável''.

Na cúpula, o líder americano também se reuniu com outros líderes com os quais os Estados Unidos vêm tendo problemas, como o boliviano Evo Morales e o equiatoriano Rafael Correa.

E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou que os americanos visitem asim que possível os países da região com os quais os americanos vêm tendo relações conturbadas.

Obama foi ao encontro com a mensagem de que estava lá para ouvir. Ele não fez nenhum anúncio bombástico em relação à região, seja para o bem ou para o mal.

Mas pequenos gestos feitos antes e durante o encontro já fizeram alguma diferença.

Poucos dias antes da reunião, ele anunciou o fim de restrição de viagens a Cuba por parte de cubano-americanos e do envio de remessas.

Em contrapartida, o presidente cubano, Raúl Castro, disse estar disposto a discutir de tudo com os americanos, desde direitos humanos e presos políticos até liberdade de imprensa.

Analistas já enfatizaram por diversas vezes que a América Latina não é e nem deverá ser uma prioridade na política internacional americana.

Mas a ofensiva de simpatia de Barack Obama talvez sirva, ao menos, para tornar a relação entre americanos e seus vizinhos mais harmoniosa, independentemente do que dizem os críticos americanos.

°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário

  • 1. à²õ 01:12 AM em 21 abr 2009, caio lucchesi escreveu:

    Apenas a simpatia do ´´Grande Pai Ne
    gro´´,só irá perpetuar o reino da ban
    dalheira,propiciado pelos governos da
    ´´±ô²¹³Ù¾±²Ô¾±»å²¹»å´´.
    Qualquer política de ajuda,se não con
    dicionada ao combate a corrupção,só
    fornecerá mais recursos a serem des
    viados.

  • 2. à²õ 02:51 PM em 21 abr 2009, Henrique Pira escreveu:

    O Mr. Obama pode parecer jovem e, ate' certo ponto, um pouco inexperiente na politica global, mas certamente nao e' bobo, nao.

    Tenho minhas reservas quanto ao novo "Big Boss of the USA", mas reconheco uma grande mudanca na politica externa ianque. Sai a linha dura, agressiva, arrogante e unilateralista do Bushinho e entra em campo o rapaz sorridente, bom de papo, cheio de elogios e gestos singelos. Nota-se ainda uma pitada de arrogancia, um toque de "vou-ser-legal-com-voces-meus-pobrezinhos" cuja intencao e' de desarmar espiritos anti-americanistas e suavizar os atritos.

    Chamar o Lula de boa pinta, o mais popular do mundo, blah-blah-blah, e' jogo de cena, e' dar doce pra crianca, e' bater palmas para ver louco dancar. E' o que se chama em Ingles de "patronise".

    Sim, e' uma imensa melhoria comparado com o mofo redneck do Dubya, mas e' preciso mais tempo para ver se a politica externa gringa vai realmente mudar em sua essencia ou se isso tudo nao passa de ajustes cosmeticos.

  • 3. à²õ 05:34 PM em 02 mai 2009, ronan wittée escreveu:

    A inquietação manifestada quanto à influência de China e Irã na AL,pelos EUA deveria ensejar-lhes,ao menos uma auto-crítica.O que na palavra de Hillary,parece que ainda não se aperceberam que o mundo mudou.
    Melhor ou pior,o tempo dirá.
    E,que moral tem os EUA,para cobrar iniciativas de Cuba,se foram eles que criminalizaram a diferença de pensamento.
    Aliás,o comprometimento americano, com o período de arbitrios na AL, ainda não foi resgatado.
    Memória fraca?
    Hipocrisia mercantil fora,os danos sofridos por Cuba,são de tal ordem,que um aceno de mão ainda pode soar como ameaça.
    Obama tem a oportunidade de mudar isto,mas terá de querer e,entender a responsabilidade americana pela desconfiança.

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