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Arquivo para outubro 2011

O fenômeno Herman Cain

Alessandra Correa | 21:38, sexta-feira, 28 outubro 2011

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Há algumas semanas um nome vem chamando especial atenção entre os republicanos que brigam pela indicação do partido para concorrer à Presidência dos Estados Unidos.

Sem experiência política, o empresário Herman Cain vem desbancando candidatos tradicionais, como o governador do Texas, Rick Perry, nas pesquisas de intenção de voto.

Em algumas sondagens ele ameaça até Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts e favorito até agora na corrida republicana.

Empresário nascido na Geórgia, Cain tem 65 anos, é negro e vem de uma bem-sucedida carreira como executivo-chefe de uma rede de pizzarias.

Até o momento, sua principal plataforma de campanha é o polêmico Plano 999, que prevê 9% de Imposto de Renda, 9% de impostos para as empresas e 9% de impostos sobre mercadorias.

Com esse perfil, Cain vem conquistando a simpatia de eleitores cada vez mais decepcionados com os políticos tradicionais e com os rumos da economia americana.

A pouco mais de um ano da eleição de novembro de 2012, ainda é cedo para avaliar as reais chances de Cain - que, apesar do sucesso recente, ainda é menos conhecido nacionalmente que outros pré-candidatos republicanos.

Mas sua rápida ascensão vem provocando cada vez mais interesse e, no caso de seus adversários, preocupação.

Os americanos e a retirada do Iraque

Alessandra Correa | 22:54, sexta-feira, 21 outubro 2011

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O anúncio da retirada completa das tropas americanas no Iraque até 31 de dezembro encerra oficialmente uma guerra de quase nove anos, que custou aos Estados Unidos mais de US$ 1 trilhão e 4,4 mil vidas - caso o cálculo leve em conta apenas os soldados americanos mortos no conflito, e não os iraquianos e as milhares de vítimas civis.

A data já estava prevista em um acordo firmado em 2008, ainda durante o governo de George W. Bush, mas Estados Unidos e Iraque vinham negociando há meses a possibilidade de que cerca de 5 mil soldados americanos permanecessem no país por mais tempo para treinar as forças iraquianas.

No entanto, o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, não conseguiu superar as divisões em seu governo e a pressão de alguns setores políticos iraquianos para o fim do que chamam de "ocupação". Após meses de negociações, não houve acordo para garantir imunidade aos soldados que permanecessem, como exigia o Pentágono.

Ao anunciar a retirada, o presidente Barack Obama disse que "o fim da guerra no Iraque reflete uma transição mais ampla" e que "a maré da guerra está recuando".

Obama citou a gradual retirada das tropas do Afeganistão e as mortes de Osama bin Laden e Muamar Khadafi, esta última abrindo caminho para o fim das operações da Otan na Líbia, para ressaltar o que considera uma vitória dos Estados Unidos e dizer que o país está "avançando a partir de uma posição de força".

Logo após seu pronunciamento, porém, já começaram a surgir críticas por parte daqueles que consideram a retirada apressada e dizem que coloca em risco os avanços obtidos em quase uma década de sacrifício no Iraque - um país que ainda sofre com divisões sectárias, ataques de insurgentes e que talvez não esteja pronto para garantir sua própria segurança.

O senador John McCain - adversário republicano de Obama nas eleições de 2008 - disse que a decisão representa "um revés triste e perigoso para os Estados Unidos no mundo" e que "será vista como uma vitória estratégica para nossos inimigos no Oriente Médio".

Candidatos à indicação do Partido Republicano para concorrer às eleições de 2012 disseram que Obama fracassou na condução de uma transição para as forças de segurança iraquianas.

Mas analistas afirmam que, em meio a uma campanha difícil à reeleição, com a popularidade em baixa e a economia em risco de nova recessão, Obama poderá usar a retirada do Iraque como um trunfo e dizer a seus eleitores que cumpriu a promessa feita em 2008, quando era candidato, de acabar com a guerra.

As dúvidas sobre o complô iraniano

Alessandra Correa | 00:13, sexta-feira, 14 outubro 2011

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Em meio às contínuas acusações dos Estados Unidos e à negação veemente do Irã, as dúvidas em torno do suposto plano para assassinar o embaixador saudita em Washington, desvendado nesta semana, não param de crescer.

A versão apresentada pelo governo americano é a de que a Força Quds - unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã - teria recrutado Manssor Arbabsiar, um iraniano com cidadania americana que vive no Texas, para contratar um cartel de narcotraficantes do México e encomendar o assassinato do embaixador Adel al-Jubeir.

Segundo o secretário americano de Justiça, Eric Holder, o plano era matar o diplomata saudita em Washington, em um atentado à bomba.

O presidente Barack Obama e outras autoridades americanas insistem que o governo iraniano sabia do complô. Nesta semana, ao comentar o caso, Obama disse que vai buscar sanções duras contra Teerã e que "nenhuma opção está descartada".

Teerã reagiu imediatamente à notícia, classificada como uma "pré-fabricação" dos Estados Unidos para desviar a atenção do público de problemas domésticos e dos protestos do movimento "Ocupe Wall Street".

Mas mesmo dentro dos Estados Unidos, há manifestações de ceticismo em relação a uma trama comparada pelo próprio diretor do FBI, Robert Mueller, a "um roteiro de Hollywood".

Um dos principais mistérios, segundo alguns analistas americanos, é o que levaria uma instituição tão poderosa como a Força Quds a colocar um plano arriscado nas mãos de um sujeito como Arbabsiar.

Em um perfil publicado no jornal Washington Post, Arbabsiar, 56, é descrito por conhecidos na cidade texana de Corpus Christi, onde vivia, quase como um trapalhão, sempre distraído, que não teria capacidade para bolar um plano complexo como esse.

Outra questão levantada é sobre o que levaria a Força Quds - que, apesar de relatos de treinar e equipar grupos como o Hezbollah, o Hamas e até membros do Talebã, nunca direcionou ataques a alvos em solo americano - a mudar tão radicalmente de tática.

Como observa o analista Stephen Walt, professor de relações internacionais em Harvard, em artigo na revista Foreign Policy, explodir um prédio em solo americano seria um ato de guerra, e os Estados Unidos são conhecidos por responder com severidade a ataques assim, vide 11 de setembro.

"Se você fosse atacar um alvo nos Estados Unidos, não mandaria o seu 'Esquadrão Classe A' em vez de 'Mr. Magoo'?", questiona Walt.

Há ainda dúvidas de que carteis de drogas mexicanos teriam interesse em executar um plano tão arriscado pelos alegados US$ 1,5 milhão, quantia relativamente modesta comparada aos bilhões de dólares que esses grupos costumam movimentar com o tráfico.

Alguns cogitam até que o episódio todo seja armação de algum grupo ou país interessado em azedar ainda mais as relações entre Estados Unidos e Irã.

Em seu artigo, o professor de Harvard vai além nos questionamentos ao governo americano. "A menos que o governo Obama tenha mais evidências do que apresentou até agora, corre o risco de uma gafe diplomática comparável ao famoso briefing de Colin Powell no Conselho de Segurança da ONU sobre as supostas armas de destruição em massa do Iraque, um briefing que, agora sabemos, era uma série de fabricações e contos de fadas", diz Walt.

Segundo o analista, está em jogo neste episódio a confiança dos americanos na competência, credibilidade e honestidade de seu governo.

Protesto em Wall Street ganha simpatia dos americanos

Alessandra Correa | 23:42, quarta-feira, 5 outubro 2011

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Começou como um protesto de um grupo de descontentes - com as grandes corporações, os crimes financeiros, o alto nível de desemprego e a situação geral da economia americana - que resolveram montar acampamento perto de Wall Street, em Nova York.

Mas três semanas depois, o movimento batizado de "Ocupe Wall Street" se espalhou pelos Estados Unidos e até pelo exterior e não para de ganhar adeptos e a simpatia não apenas de trabalhadores, estudantes e da população em geral, mas também de autoridades.

Uma pesquisa recém-divulgada pelo instituto Rasmussen revela que 33% dos americanos têm opinião favorável sobre o movimento, enquanto 27% são contra (outros 40% não têm opinião formada).

Entre os mil adultos entrevistados para a pesquisa, 79% disseram concordar com a declaração dos manifestantes de que "os grandes bancos foram salvos, mas a classe média foi deixada para trás".

Até o secretário do Tesouro, Tim Geithner, já disse que tem "muita simpatia pelas pessoas que sofreram com a década perdida", mesma linha adotada nos últimos dias por outras autoridades, como o presidente do Fed (o banco central americano), Ben Bernanke.

Todas essas demonstrações de simpatia pelos manifestantes ocorrem ao mesmo tempo em que os americanos parecem estar cada vez mais descontentes com a classe política e a situação do país.

No mesmo dia em que o levantamento do instituto Rasmussen foi divulgado, outra pesquisa, conduzida pela rede ABC News e pelo jornal Washington Post, revela que a aprovação do Congresso chegou ao pior índice desde meados da década de 70.

Segundo a pesquisa, apenas 35% dos americanos aprovam a maneira como o presidente Barack Obama trata da economia, nível considerado baixo. Mas ainda menos pessoas (20%) aprovam a atuação dos congressistas republicanos em relação ao tema.

Diante desse cenário de desilusão, não é surpreendente que os protestos iniciados em Wall Street continuem a ganhar adeptos pelo país afora.

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