´óÏó´«Ã½

Arquivo para junho 2010

Existe vida pós-Soccer City?

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Maria Luisa Cavalcanti | 16:10, terça-feira, 29 junho 2010

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Com o encerramento das oitavas de final, nesta terça-feira, Pretória, Bloemfontein e Rustenburg se juntam a Polokwane e Nelspruit no time das cidades onde a Copa do Mundo já acabou.

Em seus sites oficiais ou na imprensa local, as autoridades elogiam o sucesso do Mundial, a animação das torcidas, o espetáculo do futebol.

Mas praticamente não há resposta para a pergunta que agora todos se fazem: o que vai acontecer com os estádios?

A Ãfrica do Sul construiu cinco novas arenas e reformou outras cinco para esta Copa do Mundo. Um estádio como o Mbombela, em Nelspruit - um dos mais originais, com suas colunas em forma de girafas e arquibancadas pintadas de zebra - saiu do chão por cerca de US$ 172 milhões.

Mas Nelspruit, que tem pouco mais de 350 mil habitantes e uma economia muito impulsionada pelo fato de ser a porta de entrada para o famoso Parque Nacional Krueger, não tem sequer um time na Premier Soccer League sul-africana.

Em Polokwane, o Peter Mokaba, com capacidade para 40 mil pessoas, foi erguido bem em frente a outra arena, já suficientemente requisitada pelos inúmeros fãs do rugby da região.

Uma profusão de estádios também parece ser um problema que a cidade de Durban terá de enfrentar, mesmo tendo, provavelmente, a mais impressionante de todas as arenas desta Copa, com sua fachada "transparente" e um arco por onde passa um teleférico. O Moses Mabhinda, no entanto, não impressionou o principal time de rugby local, o Natal Sharks, que se recusa a mudar de endereço.

Nem uma pesquisa no Google local pelas palavras "estádios" e "legado" traz uma explicação sobre o que realmente vai acontecer com esses espaços. A busca resulta, no entanto, em vários artigos e estudos de especialistas criticando o alto custo de se colocar as dez arenas funcionando em um dos países com maior índice de desigualdade social do mundo.

Ao ver desses analistas, a Cidade do Cabo, que é o destino mais procurado por turistas estrangeiros na Ãfrica, tem ambições razoavelmente palpáveis para o seu Green Point. O estádio que hoje pode abrigar até 65 mil torcedores terá sua capacidade reduzida em cerca de 15 mil assentos, graças a uma nova técnica "modular" de arquitetura - aliás, a mesma aplicada no Estádio Olímpico sendo erguido em Londres para 2012.

Em entrevista à ´óÏó´«Ã½ Brasil, o prefeito Dan Plato não escondeu seu desejo de tentar realizar uma Olimpíada na Cidade do Cabo, possivelmente já em 2020. O Green Point foi comprado pela mesma empresa que administra o Stade de France, em Paris, e deve receber shows e outros grandes eventos esportivos, nesta que é a segunda maior cidade da Ãfrica do Sul e o principal destino de turistas estrangeiros em toda o continente. O mesmo tipo de uso deve ter o Soccer City, em Johanesburgo.

A polêmica em torno dos estádios também está pegando fogo no Brasil, após a decisão da Fifa e do Comitê Organizador da Copa 2014 de tirar o Morumbi do torneio. Críticos incluem o ex-jogador Sócrates, que disse à ´óÏó´«Ã½ Brasil que sem uma política de inclusão e educação para o esporte, usando os estádios após o Mundial, algumas arenas ficarão "obsoletas".

A história, no entanto, prova que a maioria dos grandes eventos esportivos não aproveita bem posteriormente estas estruturas. Foi assim em Atenas, após os Jogos de 2004, no Japão e na Coreia do Sul, com a Copa 2002, e na Pequim pós-2008.

Um bom exemplo de gerenciamento foi dado pela Alemanha, que viu o número de torcedores de sua Bundesliga crescer por causa dos novos estádios.

Torcida de Brasil e Chile teve de ingleses frustrados a sul-africanos encantados

Maria Luisa Cavalcanti | 00:35, terça-feira, 29 junho 2010

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familiamalu226.jpgA supremacia verde e amarela nas arquibancadas do estádio Ellis Park, em Johanesburgo, nesta segunda-feira, camuflou um grupo especial de torcedores - os sul-africanos que compareceram em massa para simplesmente assistir a uma boa partida de futebol.

E, aproveitando que as cores da camisa do Bafana Bafana são as mesmas do Brasil, eles não tiveram dificuldade em escolher para quem torcer.

"Estamos seguindo o Brasil até o fim", disse à ´óÏó´«Ã½ Brasil Himal Bhavir, que foi ao jogo acompanhado da mulher e do filho de 8 anos.

"Fomos a Durban ver o jogo contra Portugal, mas voltamos de lá decepcionados com o 0 a 0. Hoje foi maravilhoso", disse.

Em poucos segundos, ele fez uma análise da atuação da seleção na partida e avaliou as chances do Brasil contra a Holanda, pelas quartas de final. "Vai ser um jogo difícil, mas os brasileiros vão ganhar de 2 a 0".

Já Ismail Suleman, que foi ao estádio com o filho e o neto, aposta em uma final contra a Espanha. "Os brasileiros têm o melhor time", afirmou.

Mesmo os fãs assumidos do rugby também fizeram questão de garantir um ingresso para o Ellis Park, tradicional reduto do esporte, um dos mais populares da Ãfrica do Sul. Segundo a organização, mais de 54 mil pessoas assitiram à partida.

"Vim pela festa, pela animação", disse Matthew Jonah, que estava acompanhado da mãe. "Morando aqui e tendo a Copa do Mundo na nossa casa, não há como perder."

Além de sul-africanos, brasileiros e chilenos, muitos torcedores de outras seleções aproveitaram que estavam em Johanesburgo para ver a partida.

Na mesma fileira de assentos, ingleses e alemães, que no domingo tiveram o duelo de seus times pelas oitavas de final, se confraternizavam com alguns copos de cerveja, toques de vuvuzela e a torcida para o Brasil.

"Já viemos até aqui, agora estamos aproveitando o futebol ao máximo", disseram dois ingleses, ainda se recuperando da eliminação.

Alguns argentinos, aproveitando que seu time só volta a jogar no próximo sábado, também foram prestigiar o futebol sul-americano.

Do outro lado do estádio, um venezuelano pendurou em uma tribuna uma bandeira de seu país, que nunca participou de uma Copa do Mundo. No tecido, os dizeres esperançosos: "Brasil 2014".

Está na hora de mudar o time?

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Daniel Gallas | 00:33, terça-feira, 29 junho 2010

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Talvez não seja o momento mais oportuno para se fazer este debate, já que Ramires tomou o segundo cartão amarelo e não poderá jogar a próxima partida. Mas ainda assim, não está chegando a hora de se mudar os titulares da seleção?

O Brasil jogou contra o Chile a sua melhor partida até agora na Copa do Mundo. Muito disso deve-se à presença de Ramires e Daniel Alves em campo, que só jogaram desde o começo porque os titulares Felipe Melo e Elano estão machucados.

Antes do jogo contra o Chile, Robinho havia dado uma pista de que o Brasil buscaria mais velocidade em campo para avançar nas oitavas de final. Pouco depois, Dunga disse que Ramires era o homem que poderia dar mais velocidade ao meio campo brasileiro. E parece ter dado muito certo contra o Chile.

Dunga sempre fala na importância do equilíbrio da sua equipe, que precisa saber atacar e defender nas doses certas. Pois na sua melhor exibição, o Brasil parece finalmente ter achado este equilíbrio, que faltou contra Portugal e, sobretudo, Coreia do Norte.

Elano tem feito ótimas partidas e Felipe Melo também é importante para o Brasil em jogos que exigem muito vigor físico, mas Ramires e Daniel Alves dão muito mais velocidade a um time que já funciona quase perfeitamente na marcação. O Chile teve pouquíssimas chances de furar o bloqueio formado por Gilberto Silva, Juan e Lúcio.

Dunga tem pela frente um dilema agora. Poderá voltar a escalar uma formação mais eficiente na marcação - com Felipe Melo ou Josué no meio, atrás de Elano. Ou, se acreditar que a Holanda é de fato uma seleção que ataca mais, mas abre espaços na defesa, poderá novamente optar por um time mais veloz. No entanto, terá que fazer isso apenas com Daniel Alves e sem o suspenso Ramires.

Seleções mostram a que vieram

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Daniel Gallas | 21:21, domingo, 27 junho 2010

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A sensação no final de semana é de que a Copa do Mundo finalmente começou.

Se a primeira fase foi marcada por alguns jogos tediosos e pela menor média de gols dos últimos anos - as maiores emoções foram as zebras e frangos - as oitavas já começaram com tudo que se espera de um Mundial.

Uruguai e Coreia do Sul foi disputado até o último minuto. Gana e Estados Unidos também foi um belo jogo, com uma prorrogação como há muito não se via.

Mas nada foi melhor do que as vitórias da Alemanha e Argentina. Os jogos tiveram de tudo: jogadas brilhantes, craques fazendo a diferença, gols legítimos mal anulados, gols ilegítimos não anulados, e muito assunto para os próximos dias.

Argentina e Alemanha não deixaram suas vitórias abertas para críticas de erros de arbitragem. Ambas partiram para cima dos seus adversários e foram incontestáveis à frente.

A Alemanha mostrou que é muito forte quando seu ataque funciona. Na vitória sobre a Inglaterra, todos os jogadores da frente estiveram bem. Thomas Muller marcou dois gols e deu assistência em um deles. Lucas Podolski e Miroslav Klose também foram implacáveis.

O meio de campo alemão continua sendo o melhor da equipe, com Khedira, Schweinsteiger e, sobretudo, Ozil.

Mas os alemães, é bom lembrar, não são imbatíveis. Quando Lampard teve seu gol mal anulado, a Alemanha dava sinais de que sentia a pressão inglesa e que o jogo poderia mudar completamente.

À noite, enquanto o técnico brasileiro Dunga respondia a uma pergunta em uma entrevista coletiva sobre o fim do futebol ofensivo e bonito nas Copas do Mundo, os argentinos se encarregavam de arrasar a tese no estádio Soccer City.

A Argentina finalmente justificou a presença da sua "esquadra ofensiva". Maradona trouxe seis atacantes para a Copa e tem escalado ao menos três em todas as partidas. O trio preferido do treinador - Messi, Tevez e Higuain - comandou a vitória sobre os mexicanos. Se o primeiro gol de Tevez foi irregular, não houve dúvidas sobre quem merceria ganhar o jogo.

O que mais impressiona na Argentina é saber que Maradona ainda conta no banco com Milito, Aguero e Palermo.

Chile chega desgastado contra o Brasil

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Daniel Gallas | 21:31, sexta-feira, 25 junho 2010

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O Brasil talvez tenha perdido Felipe Melo, por lesão, mas o Chile chega mais desgastado às oitavas-de-final após a derrota para a Espanha. O técnico Marcelo "El Loco" Bielsa precisará de dois reservas para substituir Waldo Ponce, Gary Medel e Marco Estrada, que cumprirão suspensão contra o Brasil.

O Chile joga em um 4-3-3 com três atacantes - Sanchez, Gonzales e Beausejour - uma formação muito ofensiva, bem diferente do que o Brasil está acostumado a encarar. Será que Bielsa se manterá tão ousado?

A última vez que o Brasil topou com o Chile em uma Copa do Mundo, o adversário também tinha uma formação ofensiva, com os astros Sallas e Zamorano. Foi em 1998, e o Brasil acabou passando fácil, com uma goleada por 4 a 1. Será que vale a pena jogar para frente? Um dilema para El Loco resolver.

Brasil

Se o Chile tem desgastes e dilemas, o Brasil parece ter tomado vários riscos nesta sexta-feira contra Portugal, mesmo já tendo entrado em campo já classificada.

A lesão de Felipe Melo talvez não fosse possível de ser evitada, mas será que a seleção precisava mesmo ter tomado tantos cartões amarelos no jogo? Luís Fabiano, Juan e Felipe Melo somam-se à Ramires na lista dos pendurados.

E será que o Brasil não poderia ter poupado mais alguns titulares neste jogo?

Das mudanças que foram feitas na equipe inicial, duas parecem ter dado certo, e uma nem tanto. Daniel Alves e Nilmar adaptaram-se muito bem à equipe principal. Nilmar teve a melhor chance da partida, colocando uma bola na trave, e Daniel Alves parecia quase um camisa 10, chamando todas a responsabilidade e distribuindo as jogadas brasileiras.

Já Júlio Baptista, que deveria cumprir a função do camisa 10 Kaká, foi decepcionante. Dunga lembrou com razão que Elano e Kaká também teriam dificuldades em campo se tivessem jogado, tamanha era a retranca montada por Carlos Queiroz, que não queria perder o jogo e a classificação. Ainda assim, Júlio Baptista parecia conformado e não procurou dar trabalho aos adversários, como fez Daniel Alves.

Outras substituições feitas ao longo da partida parecem ter sido satisfatórias. Josué não comprometeu no lugar de Felipe Melo. Se a contusão do volante titular for de fato confirmada, Josué pode ser a novidade brasileira nas oitavas-de-final. Já Ramires entrou bem de novo e criou a melhor chance brasileira no segundo tempo. Grafite ficou pouco tempo em campo para ser avaliado.

O bem que faz não sofrer pressões

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Maria Luisa Cavalcanti | 22:44, quinta-feira, 24 junho 2010

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Desde que a bola começou a rolar aqui na Ãfrica do Sul, as principais desculpas que vínhamos ouvindo para as supresas e "zebras" eram a Jabulani, a altitude e as vuvuzelas.

Foi ainda na primeira rodada, durante o jogo Inglaterra x EUA que meu colega Emmanuel Coste, do serviço em francês para a Ãfrica da ´óÏó´«Ã½, fez um comentário que, para mim, justifica vários dos resultados e das classificações que estamos vendo neste final de primeira fase.

Naquele jogo, a Inglaterra vencia por 1 x 0 quando os EUA empataram com um frango inacreditável do goleiro Green. E os ingleses se desestabilizaram dali para diante. O Emmanuel, um boleiro assumido, cobrindo sua terceira Copa do Mundo, disse: "Os Estados Unidos jogam com garra, eles lutam em campo e não desistem. Afinal, não têm nada a perder".

Pois aí acho que está a chave do mistério: muitos dos times que chegaram à Copa sem ter de lutar por sua reputação acabaram por se classificar para as oitavas.

A eliminação da Itália e da Dinamarca, nesta quinta-feira, dando lugar a países como a Eslováquia e o Japão, a permanência da Coreia do Sul e o brilho dos latino-americanos que há muito não impressionavam - Uruguai, México, Chile e Paraguai - são exemplos de como a falta de pressão pode ser saudável.

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Claro que cada uma dessas equipes veio para ganhar e acredita nisso, assim como seus torcedores. Mas elas não chegaram aqui com as mesmas expectativas e cobranças que o Brasil, a Itália, a Alemanha, a Argentina, a Espanha e a França. Basta ver a repercussão global que teve a "queda da Bastilha".

Agora, no entanto, estamos na boca do mata-mata. E, após surpreenderem o mundo com seus bons resultados, essas seleções começam a sentir a pressão e, sim, terão muito a perder. Será que ter garra será suficiente para elas? Ou nessa hora prevalece quem tem experiência neste tipo de situação, ou seja, aqueles que já foram campeões do mundo e estão acostumados a lidar com a tensão?

O "meu" Brasil

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Daniel Gallas | 20:43, quinta-feira, 24 junho 2010

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Vou fazer por aqui o que Dunga detesta que os jornalistas façam: vou "escalar" o time do Brasil que eu gostaria de ver jogar contra Portugal na sexta-feira.

Não faço isso por desrespeito ao técnico brasileiro, mas mais como um exercício de algumas experiências que, na minha opinião, seriam interessantes de se ver em campo.

Se chegar à final da Copa, o Brasil ainda terá mais quatro jogos pela frente. Em outras Copas, a seleção sempre precisou mudar suas peças - seja por expulsão, queda de rendimento ou lesões - e imagino que desta vez não será diferente.

Em 2006, Carlos Alberto Parreira aproveitou o último jogo do Brasil na primeira fase, contra o Japão, para colocar alguns reservas no time principal. Naquele ano, acabou dando certo. O Brasil jogou uma das suas melhores partidas naquela Copa, goleou por 4 a 1 e redescobriu o valor de Juninho Pernambucano.

Agora, como naquela ocasião, o Brasil já está classificado. Não seria a hora propícia para se usar alguns dos "23 titulares", como a comissão técnica e os próprios jogadores gostam de falar?

Contra Portugal, eis algumas das experiências que eu gostaria de ver:

- Thiago Silva no lugar de Juan. O zagueiro titular do Brasil é um dos jogadores que chegou em pior forma ao grupo. Contra o Zimbábue, no primeiro amistoso, ele foi poupado por Dunga. A zaga brasileira terá muito trabalho na fase final da Copa. Um descanso para Juan seria uma ótima oportunidade de se testar uma variação na zaga, e Thiago Silva parece o jogador mais em forma para a tarefa.

- Josué no lugar de Felipe Melo. Essa mudança, eu sei, é polêmica. Josué é um dos jogadores que foi mais contestado na lista de Dunga. No entanto, o jogador vem treinando bem. Felipe Melo tem uma tarefa pouco apreciada: precisa marcar e muitas vezes "matar" jogadas no meio campo. Se conseguir chegar ao final da competição sem tomar cartão amarelo, terá conseguido uma façanha. Contra uma equipe tão ofensiva quanto Portugal, talvez fosse melhor poupá-lo escalando outro volante para jogar com Gilberto Silva.

- Júlio Baptista no lugar de Kaká. O camisa 10 não poderá jogar porque cumpre suspensão, então alguma novidade o Brasil teria de qualquer forma contra Portugal. Sou a favor de se colocar Júlio Baptista, e não Nilmar. Portugal é uma equipe ofensiva por natureza, e jogar com três atacantes talvez seja arriscado demais. Além disso, o esquema tático do Brasil tem dado certo. Caso Kaká - tão fundamental no time hoje - tenha problemas físicos mais adiante, será interessante ver o que Júlio Baptista tem para oferecer na posição.

- Daniel Alves no lugar de Elano. Daniel Alves é o reserva que mais se destaca nos treinos e também o que mais é aproveitado por Dunga. Dificilmente seria reserva em qualquer outra seleção do mundo hoje. Elano teve uma semana difícil após a pancada que tomou no último jogo. Tem jogado bem pela seleção, e por isso mesmo é importante poupá-lo para a próxima fase.

Igualmente, há alguns jogadores titulares que eu não gostaria de ver no banco de reservas. São eles:

- Michel Bastos. O lateral-esquerdo vem ganhando confiança no time e é o que mais precisa se entrosar com os demais. Além disso, caso Elano e Daniel Alves não joguem, é uma das poucas opções para cobrança de faltas.

- Luís Fabiano. Depois de tanto tempo sem jogar, Luís Fabiano precisa voltar a ter confiança. Sua atuação na última partida foi irrepreensível.

- Júlio César. O goleiro passou por um susto na fase de preparação, mas não demonstra estar sentindo mais dores. Seria bom vê-lo em campo para dissipar qualquer dúvida sobre o problema que teve nas costas.

Meu time "experimental" para o jogo contra os portugueses seria: Júlio César, Maicon, Lúcio, Thiago Silva, Michel Bastos, Josué, Gilberto Silva, Júlio Baptista, Daniel Alves, Robinho e Luís Fabiano.

Em tempo: Dunga já sinalizou sobre a escalação do Brasil contra Portugal. Daniel Alves e Júlio Baptista devem mesmo estar em campo. O time provável de Dunga é: Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan, Michel Bastos, Felipe Melo, Gilberto Silva, Júlio Baptista, Daniel Alves, Robinho e Luís Fabiano.

E você? Quem gostaria de ver em campo nesta partida?

Alemanha sobrevive sem Ballack

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Daniel Gallas | 10:17, quinta-feira, 24 junho 2010

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Franz Beckenbauer havia dito que Michael Ballack já não era tão essencial para a Alemanha quanto no passado, logo após a lesão do jogador do Chelsea que o tirou da Copa do Mundo.

E ele parece estar certo até agora. A Alemanha jogou muito bem na primeira partida da Copa, mas deixou um pouco a desejar nas outras duas. É difícil saber como seria o time alemão com Ballack em campo, mas o que se pode dizer até agora é que o meio campo da equipe de Joachim Löw trabalhou bem sem o craque.

Schweinsteiger e Ozil são responsáveis pelo grande domínio que os alemães têm do meio campo. Talvez onde a equipe deixa mais a desejar, por enquanto, é no ataque. Lucas Podolski já não atravessava uma grande fase no seu clube e pela Alemanha esteve discreto nas últimas duas partidas.

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Klose jogou apenas na primeira partida e depois por mais 45 minutos na segunda até ser expulso. Seu substituto, Cacau, mostrou muita raça e determinação contra Gana, mas também parecia um pouco desentrosado com os jogadores da frente.

O ataque da Alemanha tem uma característica parecida com o Brasil no momento. A equipe parece achar mais espaços para atacar pela direita, com Lahm e Thomas Müller, um pouco como Maicon e Elano fazem no Brasil.

Na partida contra Gana, a Alemanha mostrou que toma mais riscos do que Brasil e Argentina, até agora as duas seleções com melhor desempenho na Copa. A equipe consegue manter o domínio de bola, mas desperdiça chances na frente e deixa alguns espaços para contra-ataque. Gana esteve perto do empate na partida de quarta-feira.

Será interessante ver como a Alemanha jogará contra a Inglaterra, uma equipe que não brilhou até agora mas tem reconhecidamente um bom poder ofensivo. Se Schweinsteiger realmente não puder jogar, devido à lesão no último jogo, o prejuízo pode ser mair do que a ausência de Ballack.

Campanhas de prevenção à Aids 'passam longe' da Copa

Maria Luisa Cavalcanti | 21:24, terça-feira, 22 junho 2010

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Como uma brasileira acostumada às campanhas de prevenção ao HIV do Ministério da Saúde, principalmente na época do Carnaval, imaginava encontrar algo semelhante aqui na Ãfrica do Sul durante a Copa do Mundo.

Afinal, este é o país com o maior número de pessoas contaminadas pelo vírus da Aids no mundo - 5,7 milhões, segundo a Organização Mundial de Saúde -, e as autoridades esperam a entrada de até 500 mil turistas estrangeiros até o fim do torneio.

Depois de quase 20 dias por aqui, tendo visitado quatro cidades diferentes, o máximo que vi foi um display no terminal doméstico do aeroporto da Cidade do Cabo e um anúncio que a rede estatal de televisão SABC transmite no intervalo de alguns jogos - ambos feitos pela mesma ONG, a Brothers for Life, com uma mensagem incentivando homens a usar preservativos.

A ausência de uma campanha mais visível para a Copa do Mundo não significa que o governo sul-africano não tenha uma preocupação com o problema. Recentemente, as autoridades lançaram a Campanha de Exames e Aconselhamento para Vítimas do HIV. Seu principal foco é o apelo para que os cidadãos façam exames para saber se são ou não portadores do vírus, já que o diagnóstico e o tratamento precoces ajudam a lidar melhor com a doença e evitar seu alastramento.

Mas as ONGs sul-africanas têm reclamado que o Mundial poderia estar sendo melhor utilizado para aumentar a conscientização. Uma das queixas dessas organizações foi contra uma possível proibição da sua atuação em estádios e áreas de telões, os chamados Fan Fests.

Diante das críticas, a Fifa divulgou um comunicado dizendo que autorizaria a distribuição de milhões de camisinhas e material informativo pelas autoridades de saúde nos Fan Fests, além de exibir anúncios sobre prevenção e tratamento da Aids nos telões, entre um jogo e outro.

Esses locais, no entanto, passam boa parte do dia vazios, e, para as ONGs, a solução da Fifa não pareceu ser suficiente.

"O entretenimento é uma das melhores plataformas para criar conscientização. Mas essas mensagens de incentivo ao sexo seguro deveriam também ser exibidas nos estádios", disse à ´óÏó´«Ã½ Brasil Nokhwezi Hoboyi, da ONG Treatment Action Campaign (TAC), cujo trabalho já foi elogiado pela Unaids (Agência da ONU para a Aids). "No show de abertura da Copa, que reuniu 60 mil pessoas, não houve nenhuma mensagem sobre a Aids."

As críticas também se direcionam à falta de uma coordenação maior entre todos os setores da sociedade sul-africana com interesse em lutar contra a doença.

"O governo, a Fifa, as entidades civis, as igrejas, os líderes comunitários - todo mundo tem um papel no combate à Aids e deveria ter se sentado à mesma mesa para decidir como atuar durante o Mundial", explicou o reverendo Nelis du Toit, diretor do Christian Aids Bureau of South Africa (CABSA).

Será essa uma lição para o Brasil em 2014?

Eles acreditavam

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Daniel Gallas | 21:11, terça-feira, 22 junho 2010

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Os sul-africanos acreditaram hoje que se classificariam para a próxima fase. Antes da Copa do Mundo, a nação usava a camisa verde-amarela dos Bafana com o orgulho de apoiar o país, mas na verdade muitos desconfiavam que esse time não iria muito longe na competição.

Mas quando a Copa do Mundo começou, tudo mudou, e os sul-africanos ganharam confiança. Na partida de estreia, o belo gol de Tshabalala fez muito para conquistar o apoio dos torcedores mais céticos.

A expectativa por um bom resultado era enorme na semana passada, mas o Uruguai estragou a festa. A vitória do México sobre a França na noite seguinte foi outro golpe duro na nação Bafana.

Mas após uma semana de estranhas notícias no lado francês e de algumas zebras na Copa, os sul-africanos passaram a confiar novamente. A França passou de a mais temida no grupo para o saco de pancadas. Com a demissão do chefe da delegação, a briga dos jogadores com o técnico, a saída de Anelka, uma vitória sul-africana não parecia tão improvável.

Pela manhã, a nação novamente vestiu o verde-amarelo. E à tarde, quando muitos voltavam para a casa, o país explodiu em uma festa de buzinas e vuvuzelas a cada gol sul-africano. Mas a cada minuto que passava, as esperanças sumiam.

A noite desta terça-feira era para ser a da festa da classificação milagrosa sul-africana, mas transformou-se em mais uma silenciosa noite de inverno. Já é possível perceber menos bandeiras pelas ruas e certamente algumas dezenas de vuvuzelas já foram aposentadas. Nesta terça-feira, a Ãfrica do Sul está com alguns decibéis a menos.

É uma pena que a única vitória sul-africana nesta Copa tenha sido na última partida, justamente quando já não adiantava mais nada e não se poderia mais comemorar. O país que sedia a maior festa do futebol mundial ainda não sabe o que é festejar uma vitória.

A volta do decisivo Kaká

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Daniel Gallas | 00:54, segunda-feira, 21 junho 2010

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Luís Fabiano foi eleito o melhor jogador em campo na partida contra a Costa do Marfim em uma premiação promovida por um dos patrocinadores oficiais da Copa. E o atacante teria tudo para sair de campo como um dos temas mais debatidos, sobretudo após marcar um belo gol no qual usou duas vezes o braço para ajeitar a bola. Após a partida, Luís Fabiano riu do lance e disse que precisava de um "toque especial" para abrilhantar ainda mais a jogada.

Mas apesar de tudo que Luís Fabiano fez em campo, o nome da noite acabou sendo Kaká. Havia tantas dúvidas sobre se o camisa 10 brasileiro teria condições de jogar 90 minutos. No final das contas, ele só não completou a partida porque foi expulso a dois minutos do final do tempo normal.

O meia começou o primeiro tempo sob forte marcação e com pouca produção. Parecia que ele repetiria as últimas atuações pela seleção, com muita discrição e baixo rendimento. Nas primeiras vezes em que pegou na bola durante a partida, Kaká caiu sem sequer receber falta.

Mas ainda no primeiro tempo o jogador mostrou um lampejo da sua fase de dois anos atrás, quando foi eleito o melhor jogador do mundo. Kaká driblou, tabelou com Luís Fabiano e colocou o companheiro na cara do gol.

No segundo tempo, Kaká foi pura eficiência. Em um chute forte de dentro da área, após passe de Robinho, ele quase ampliou. E em uma bela arrancada pela esquerda, passou para Elano marcar o terceiro gol brasileiro. Confiante, Kaká no segundo tempo parecia o jogador que liderou o Brasil nas conquistas de 2009.

Mas Kaká também passou a ser alvo das provocações dos atletas da Costa do Marfim. Ele já havia mostrado que não toleraria faltas duras em um lance com Yaya Touré. Os dois se estranharam, mas logo já fizeram as pazes. O substituto Keita foi quem conseguiu tirar Kaká do jogo. No lance em que desaba no chão após contato com Kaká, Keita coloca a mão no rosto, apesar de ser atingido no peito pelo jogador.

Dunga minimizou a ausência de Kaká no próximo jogo, e disse que será até uma oportunidade para que o craque trabalhe na sua recuperação, já que o Brasil já está garantido nas oitavas-de-final da Copa.

No final da partida, jogadores e treinadores se disseram satisfeitos com o desempenho do time, sobretudo com Kaká e Luís Fabiano, que voltaram a jogar o futebol de destaque do ano passado.

A metamorfose do Brasil

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Daniel Gallas | 18:36, sexta-feira, 18 junho 2010

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Sete meses se passaram desde as Eliminatória para a Copa do Mundo. Em novembro de 2009, havia um consenso de que Brasil, Espanha e Inglaterra eram os favoritos para ganhar a Copa do Mundo.

Os espanhóis não perdiam uma partida para outros europeus há vários anos. O Brasil ganhou a Copa das Confederações e "passeou" por Argentina e Uruguai. Os ingleses tiveram o ataque mais competente das Eliminatórias europeias.

Pois sete meses depois, tudo mudou. A Espanha já não é mais tão temida, os ingleses estão suando no grupo que antes consideravam fácil e a Argentina passou a ser uma das favoritas no torneio.

E o Brasil? O Brasil passou por uma metamorfose nos últimos meses. No ano passado, Kaká e Luís Fabiano eram a base das vitórias brasileiras. Luís Fabiano não marca pela seleção há nove meses e Kaká teve um desempenho fraco em praticamente todas as partidas que jogou pela seleção neste ano.

A dúvida que fica agora é se o Brasil mudou seu jeito de jogar, com a queda de produção dos dois jogadores, ou se isso é apenas temporário. Nos últimos jogos, o Brasil dependeu muito mais de Elano, Maicon, Michel Bastos e, sobretudo, Robinho para chegar à frente.

A Copa do Mundo é um torneio curto - onde o time vencedor joga apenas sete partidas - e que não permite muitos vacilos dos treinadores. Em 1994, na campanha do tetra, Parreira não demorou muito para sacar do time o camisa 10 Raí, que estava em má fase, um pouco como Kaká hoje.

Dunga é um treinador mais paciente, e já mostrou que gosta de dar toda a confiança até aos jogadores mais contestados. Mas mesmo o treinador andou falando recentemente sobre as alternativas que tem no caso de Kaká não estar na sua melhor forma, com Júlio Baptista ou Nilmar em campo.

As próximas duas partidas do Brasil, contra Costa do Marfim e Portugal, decidirão se a seleção avançará para a segunda fase da Copa. Decidirão também se a atual fase de Kaká e Luís Fabiano é temporária ou se o Brasil, de fato, já não é mais o mesmo de 2009.

O mal necessário

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Maria Luisa Cavalcanti | 10:39, quarta-feira, 16 junho 2010

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Ainda é cedo para dizer quem serão as grandes estrelas desta Copa do Mundo - os mais filmados, os mais fotografados, os mais adorados, os mais elogiados, os mais polêmicos.

Mas se juntarmos todas essas qualidades em um só indivíduo, eu já tenho o meu palpite: a vuvuzela.

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Aqui na Ãfrica do Sul, não há como escapar dela. No aeroporto, no hotel, nos restaurantes, nos sinais de trânsito, há sempre alguém com uma na boca.

Para fazer os vídeos que você vê aqui na ´óÏó´«Ã½ Brasil, cada vez que eu monto meu tripé e minha câmera sempre aparece alguém com uma vuvuzela para ser filmado ou simplesmente para fazer barulho no meio de uma entrevista.

E dá-lhe barulho. Jogadores, jornalistas, torcedores e até espectadores que nem estão na Ãfrica do Sul já começaram a reclamar. Na Grã-Bretanha, a ´óÏó´«Ã½ recebeu mais de 500 queixas de telespectadores e ouvintes sobre a presença das vuvuzelas durante as transmissões e chegou a considerar a hipótese de filtrar o som do instrumento.

Uma rápida pesquisa no Google aponta para sites e blogs como o Vuvuzelafiltering.com (https://vuvuzelafiltering.com/), onde engenheiros de som ensinam como equalizar uma TV digital para eliminar o zumbido de fundo.

Especulou-se que a Fifa estaria pensando em proibir a entrada das vuvuzelas nos estádios, depois que algumas seleções comentaram sua dificuldade de se comunicar em campo. Mas a entidade desmentiu a notícia.

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Nos estádios, quem não traz uma vuvuzela fica sem voz, literal e metaforicamente. Os gritos de torcida, as músicas, os aplausos e as vaias se escondem sob o uníssono "si bemol" da corneta. Será que é por isso que tem havido tantos empates?

No jogo Costa do Marfim x Portugal, que terminou em 0 x 0 em Port Elizabeth, foi visível a (má) diferença que as vuvuzelas fazem. Sendo este o segundo jogo de Portugal a que eu assisto no estádio (o primeiro foi um amistoso contra o Brasil em 2007, em Londres), sei o quanto os portugueses prezam seu "Portugal, olé".

Mas ontem, no Nelson Mandela Bay, não valia a pena nem tentar. A maioria dos torcedores permanceceu sentada, sem vontade de incentivar Cristiano Ronaldo, Deco e seus demais ídolos.

Uma pequena torcida da Costa do Marfim trouxe tambores típicos e organizaram uma bela batucada ritmada, até com um "mestre de bateria". Praticamente passaram despercebidos.

Os sul-africanos, no entanto, defendem ferrenhamente sua tradição. Muitos torcedores locais, simples admiradores do futebol, vão aos estádios para ver o espetáculo e não para torcer para ninguém em especial. Mas com a vuvuzela na mão. Proibir o instrumento a esta altura seria uma afronta à cultura futebolística local, argumentam. E a Fifa não deve querer irritar os anfitriões.

Me pergunto o que ela fará daqui para a frente, uma vez que o instrumento já está nas ruas do mundo, do Rio a Seul. Vai proibir a vuvuzela nos jogos nacionais, nas Ligas de Campeões e Libertadores da vida, nos amistosos internacionais, na Copa de 2014? Está aí uma dor de cabeça que, para a entidade que manda no futebol, não vai passar com uma simples aspirina.

Partida como a estreia não deve se repetir na Copa

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Daniel Gallas | 00:28, quarta-feira, 16 junho 2010

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O Brasil dificilmente terá outra partida na Copa do Mundo como essa estreia contra a Coreia do Norte. Os próximos dois adversários - Costa do Marfim e Portugal - não são times que costumam jogar com praticamente onze jogadores na defesa, explorando apenas os contra-ataques.

Não que esta seja a única estratégia dos norte-coreanos. A equipe tem lá suas qualidades, e não está na Copa do Mundo à toa. A saída de bola do time é bastante rápida e a marcação funcionou muito bem no primeiro tempo.

Mas de agora em diante, o Brasil deve jogar contra seleções que têm ambições maiores no torneio. Também não terá mais o argumento do nervosismo e da ansiedade da estreia, que pesaram no primeiro tempo da seleção nesta terça-feira.

O que se pode dizer sobre o Brasil na estreia? Algumas das ideias de Dunga praticadas durante os treinamentos deram certo, sobretudo as jogadas entre Elano e Maicon pela direita. Outro aspecto bastante treinado foi a posição mais recuada de Robinho, ajudando a criar jogadas no meio de campo. Foi em um lance assim que nasceu o segundo gol brasileiro.

Já outras ideias que se tinha sobre o Brasil parecem não ter se confirmado. Uma delas é a grande dependência do time em Kaká e Luís Fabiano - grandes responsáveis pela boa campanha do Brasil nas Eliminatórias do ano passado. Contra a Coreia do Norte, os dois foram meros coadjuvantes, ajudando a puxar a marcação e liberar outros jogadores brasileiros.

Dunga também desfez o mito de que faz apenas substituições de jogadores, sem variações no esquema tático. Quando a partida estava garantida, o treinador repetiu um dos testes que havia feito contra a Tanzânia - colocando o meia Ramires no lugar do volante Felipe Melo - e inovou ao trazer Nilmar no lugar de Kaká.

A variação mais ofensiva não deu o resultado esperado. Os jogadores brasileiros já estavam cansados ao final da partida e a seleção ficou mais vulnerável sem Felipe Melo.
Para o próximo jogo, contra a Costa do Marfim, dificilmente Dunga fará alguma mudança no grupo que começou jogando na estreia, já que o treinador se disse satisfeito com o rendimento da equipe, e afinal de contas o Brasil conquistou a vitória em campo ainda antes das substituições.

Arbitragem é o melhor da Copa até agora

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Daniel Gallas | 16:42, segunda-feira, 14 junho 2010

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A primeira rodada é sempre a pior da Copa. Mesmo o resto da primeira fase costuma não ser tão emocionante até, pelo menos, a rodada final, quando sempre algum favorito acaba fazendo fiasco.

Mas o jogo de estreia é sempre difícil, dada a ansiedade dos jogadores. Brasil 1 x 0 Croácia, em 2006, está provavelmente entre os piores jogos daquela Copa.
Até agora, na Ãfrica do Sul, só as estreias da Alemanha e, talvez, Argentina empolgaram os espectadores. Talvez seja assim na terça-feira, com Brasil e Coreia do Norte.

A arbitragem está entre as melhores coisas da Copa até agora. No jogo entre Sérvia e Gana, por duas vezes vi as pessoas que estavam ao meu lado reclamarem do árbitro argentino Hector Baldassi. E nas duas ocasiões, o replay mostrou que ele estava certo. Primeiro na expulsão de Lukovic, e depois na marcação do pênalti após toque de mão de Kuzmanovic.

Carlos Simon e os auxiliares Altemir Haussman e Roberto Braatz também estiveram bem no jogo entre Inglaterra e Estados Unidos. Tomara que a arbitragem continue assim no Mundial, mas espero também que não seja a única coisa boa que lembremos desta Copa.

A bola Jabulani, de quem todos falavam tão mal, parece estar estorvando mais os atacantes do que os goleiros. Nenhum dos goleiros que tomou frangos da bola - Green, da Inglaterra, e Chaouchi, da Argélia - reclamou da Jabulani. O meia inglês Stephen Gerrard sugeriu que a bola foi a culpada no gol sofrido por Green, mas o goleiro não fez eco às críticas.

No entanto, o que mais se vê nos jogos é a bola voando sobre o gol, longe da pontaria. Essa era exatamente uma das reclamações de Luís Fabiano, atacante brasileiro, que testou e não aprovou a bola nos treinos.

Felipe Melo confunde jornalistas com torcedores

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Daniel Gallas | 14:59, sábado, 12 junho 2010

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Felipe Melo ficou irritado ao ficar sabendo da notícia sobre a discussão entre Júlio Baptista e Daniel Alves. Não ficou irritado com a discussão, mas com a notícia. No sábado, quando perguntado sobre como o incidente foi visto pelos demais jogadores, o volante da seleção reclamou dos jornalistas.

"Eu acho uma tremenda palhaçada colocar que o Júlio Baptista se estranhou com o Daniel Alves. Dentro do campo de futebol, de repente tem uma entrada mais ríspida. Isso não é de se estranhar. Dentro do futebol acontece isso."

E cobrou dos jornalistas uma atitude diferente em relação à seleção.

"Eu acho que nós aqui, os brasileiros, temos que nos unir. Temos que estar todos juntos. Se nós formos campeões, vocês serão campeões. Nós somos todos brasileiros, pô! Todo mundo quer ganhar o título."

Felipe Melo fez uma tremenda confusão sobre o papel de jornalistas e torcedores. Os jornalistas que vieram à Ãfrica do Sul não tem nenhum compromisso em ajudar a seleção brasileira a conquistar a Copa. O único papel da imprensa é trazer as notícias mais precisas sobre o que está acontecendo na Copa, sejam elas boas ou más; benéficas ou prejudiciais à seleção.

Na sua intimidade, cada jornalista pode torcer para quem quiser, desde que isso não interfira com o compromisso profissional de noticiar com imparcialidade.
Corrigindo Felipe Melo, se eles forem campeões, apenas eles terão sido campeões. Se o Brasil ganhar ou perder a Copa, e a imprensa tiver conseguido noticiar com precisão e imparcialidade, a imprensa terá sido campeã na competição diferente que disputa.

A discussão entre Júlio Baptista e Daniel Alves, na sexta-feira, não foi tão pequena quanto Felipe Melo quis fazer parecer. Após o lance que originou a discussão, Júlio Baptista queixou-se aos demais jogadores. Ao final do treino, Júlio foi falar com Daniel e ambos voltaram a discutir. Ao sair do campo, eles ainda estavam debatendo irritados o lance. Tivesse sido um incidente menor, teria logo sido superado.

Em um grupo de 23 jogadores brasileiros tão unidos - como temos visto aqui na Ãfrica do Sul - a discussão ríspida e demorada dos dois destoa do clima de camaradagem e companheirismo. Cada um pode interpretar a discussão como quiser, inclusive dizer que não foi nada demais, como acredita Felipe. Mas é inegável que a discussão aconteceu, e seria péssimo jornalismo não noticiá-la.

A imprensa não é infalível, e Felipe Melo já foi vítima disso. Há duas semanas, parte da imprensa na Itália, e também no Brasil, noticiou que Kaká havia brigado com Felipe Melo em um treino em Johanesburgo, após uma suposta falta dura do volante. A falta havia sido de Robinho em Kaká. Felipe Melo não teve nada a ver com o lance, mas foi culpado por engano. Um claro gol contra de quem noticiou.

Isso tudo só ressalta a importância da transparência na relação entre a seleção brasileira e a imprensa. Se os jornalistas tiverem acesso às informações corretas da seleção brasileira - sem que isso interfira na rotina de trabalho dos jogadores - vários atritos serão evitados e o público leitor saberá com maior precisão o que acontece no grupo.

Um dia após a discussão entre Júlio Baptista e Daniel Alves, ninguém pode ouvir ainda a versão dos dois sobre os fatos, porque eles não conversaram com a imprensa. A entrevista coletiva deste sábado foi com Michel Bastos e Felipe Melo, e à tarde o Brasil realiza um treino secreto. Se a discussão foi um incidente pequeno ou algo mais grave, não seria melhor que eles próprios pudessem falar aos jornalistas isso?

Apenas uma vitória basta

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Daniel Gallas | 11:24, sexta-feira, 11 junho 2010

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Parece um clichê dos mais batidos dizer que o futebol é uma grande oportunidade para união de povos e raças. Mas esse lado da Copa do Mundo é o que mais interessa aos sul-africanos. Nenhum dos sul-africanos com quem falei até agora, em três semanas que estou no país, espera que os Bafana Bafana ganhem a Copa.

A Copa do Mundo, que começa nesta sexta-feira na Ãfrica do Sul, é mais um capítulo na história de conciliação entre brancos e negros do país. O regime do apartheid acabou nos anos 90, mas o "apartheid esportivo" ainda existe. Em geral, os brancos gostam de rúgbi e os negros gostam de futebol. Por muito tempo, torcedores dos dois esportes detestavam-se uns aos outros.

Mas em 1995, as coisas começaram a mudar. Sob a liderança do então presidente Nelson Mandela, os negros uniram-se em torno do time branco de rúgbi no Copa Mundial do esporte.

Agora, com a Copa de futebol, é a vez de os brancos retribuírem. Toda a "nação arco-íris" - termo usado para descrever a Ãfrica do Sul pós-apartheid - está unida em torno dos Bafana Bafana, que só tem um jogador branco. Os brancos estão entre os maiores entusiastas da "Soccer Friday" - toda sexta-feira os sul-africanos vão trabalhar com a camisa da seleção daqui.

Conversei com os alunos da Hoërskool Randburg, escola majoritariamente de brancos descendetes de holandeses, e todos que ouvi estão empolgados com os Bafana, apesar da forte tradição do rúgbi na escola.

Ganhar uma partida na Copa e ter um motivo para comemorar é tudo que os sul-africanos esperam do seu time. Se essa vitória acontecer contra o México, na estreia, será melhor ainda. Os mais otimistas ainda gostaríam de ver a Ãfrica do Sul avançar para a segunda fase. Mas as ambições do país acabam por aí.

Apesar de todo esse clima de reconciliação, nem tudo aqui é "arco-íris". Há ainda muito ressentimento entre as raças.

Esta semana conversei com uma sul-africana que reclama que, em escolas e clubes, as equipes possuem cotas para jogadores brancos e negros. O objetivo é promover a união das raças no esporte.

Na escola do seu filho, o único esporte que não possui cotas para brancos é o futebol. Ela se diz orgulhosa dos Bafana Bafana, mas se questiona: quanto tempo ainda levará para que o país não precise mais pensar em raças.

Outro motivo de orgulho dos sul-africanos com a Copa é receber pessoas de todas as partes do mundo. Nas últimas décadas do apartheid, a Ãfrica do Sul foi banida de diversas esferas da comunidade internacional. Vinte anos depois, o mundo todo está sintonizado no país pela televisão.

Confira os pontos fortes e fracos da seleção

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Daniel Gallas | 18:57, terça-feira, 8 junho 2010

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Na próxima semana, o Brasil entrará em campo para tentar conquistar o hexacampeonato. Robinho disse em uma das entrevistas coletivas na Ãfrica do Sul que este time é muito menos badalado do que o de 2006, do qual o atacante também fazia parte.

Aquele time tinha astros como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos, mas não conseguiu passar das quartas-de-final. Este time tem a cara de Dunga - mais "operário" e com jogadores menos conhecidos internacionalmente. Há quem diga que falta brilho e espetáculo ao time. Outros elogiam o fato de a seleção ter um conjunto forte e com menos vaidades individuais.

A nova filosofia por trás da seleção já foi bastante debatida. Nas últimas semanas, pudemos finalmente ter noção de alguns de seus pontos fortes e fracos do grupo que começará jogando na Copa do Mundo da Ãfrica do Sul.

Pontos fortes

- Defesa. Maicon diz que o Brasil não tem a melhor defesa do mundo, como se ouve falar bastante. Mas a verdade é que o sistema defensivo é de fato o ponto forte do time. Nos coletivos, os zagueiros estiveram muito bem. Na bola aérea, Lúcio e Juan não perderam nenhuma dividida. A defesa ainda está invicta nos treinos. Nos amistosos, Júlio César e Gomes foram muito exigidos, e ambos tiveram grandes atuações.

- Bola parada. Michel Bastos e Elano, os dois jogadores que ganharam a titularidade nos treinos em Johanesburgo, acrescentaram à seleção uma jogada que o time não tinha mais no seu repertório. O aproveitamento nos treinos não tem sido bom, mas em campo a jogada já deu certo. Contra o Zimbábue, Michel Bastos fez um belo gol. A jogada pode ser fundamental, já que nesta Copa o Brasil joga com Robinho, um atacante leve que chama muitas faltas. Na Copa passada, o Brasil jogava com os pesados Adriano e Ronaldo na frente, e a seleção deixou o torneio sem fazer gols de falta. E o Brasil ainda tem Daniel Alves no banco de reservas.

- Ponta direita. Elano, Maicon e Luís Fabiano estão bem entrosados nos treinos. Com Kaká puxando as jogadas pela esquerda, sobra bastante espaço para as arrancadas de Elano, que até tem invadido a área e chutado em gol. Pela lateral direita, Maicon sabe chegar à linha de fundo, como aconteceu no gol de Kaká contra a Tanzânia. E Luís Fabiano é um atacante habilidoso, que sabe cooperar nas tabelas do ataque e gosta de cair pela direita.

- Jogadas individuais. Há dúvidas se Kaká e Robinho conseguirão reproduzir o que faziam no auge das suas carreiras, mas inegavelmente os dois jogadores têm técnica. Um lance individual ou uma boa atuação isolada podem ser suficientes para ganhar um jogo - basta lembrar Ronaldo contra a Turquia e Ronaldinho Gaúcho contra a Inglaterra, em 2002.

Pontos fracos.

mbastos_ap266v.jpg- Saída de bola. Se a defesa é sólida, a saída de bola ainda é preocupante. Contra a Tanzânia, o meio de campo brasileiro errou muitos passes quando o time tentava sair da defesa para o ataque.

- Flanco esquerdo. Michel Bastos ajuda bastante no ataque, mas deixa muitos espaços atrás. Contra a Tanzânia, Felipe Melo tomou o único cartão amarelo dos dois amistosos disputados pelo Brasil justamente porque precisou fazer uma falta na lateral-esquerda, que Michel Bastos havia deixado aberta após subir para o ataque.

- ³§³Ü²ú²õ³Ù¾±³Ù³Ü¾±Ã§Ãµ±ð²õ. Dunga costuma dizer que tem 23 titulares no seu grupo, mas na prática o time depende muito de quem está em campo. Kaká é considerado o mais insubstituível do grupo principal, mas a verdade é que os jogadores que estão no banco não estão acostumados a jogar com os demais. Gilberto é praticamente novo no grupo. Josué e Kléberson atuaram pouco com os demais. Júlio Baptista, que em tese é o substituto de Kaká, sequer vem jogando no seu clube.

Fazendo as pazes com o futebol

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Maria Luisa Cavalcanti | 10:47, terça-feira, 8 junho 2010

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"Querida Maria Luisa, que graça a sua carta". Assim começa a mensagem que recebi de um dos meus ídolos, Sócrates, em agosto de 1982. A "carta" a que ele se referia eu tinha escrito semanas antes, logo depois de o Brasil perder por 3 x 2 da Itália naquele fatídico jogo disputado no estádio Sarriá, em Barcelona.

A Copa de 82 foi a minha "primeira". A primeira em que eu, com 10 anos, entendi o que era uma Copa. Montei o álbum das figurinhas que vinham no chiclete Ping-Pong, comprei o compacto do Sangue, Suíngue e Cintura, a música-hino do Moraes Moreira, joguei botão à exaustão com o meu irmão antecipando o momento em que o Brasil seria tetracampeão.

A escalação de Telê - ao menos partes dela - eu lembro de cabeça até hoje (sem recorrer ao Google, juro). Lembro que o goleiro era o Waldir Peres. Da zaga lembro do Leandro e do Júnior. Daí para a frente tinha o Toninho Cerezo, o Paulo Isidoro, Sócrates, Zico, Éder e Falcão. Os dois que faltam não devem ter me impressionado suficientemente.

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E o Brasil ganhou de virada da União Soviética, após o famoso "frango" do Waldir Peres, goleou a Escócia, e ganhou da Argentina.

A cada gol, a Globo colocava a assinatura do jogador que marcava. E foi assim que eu reconheci imediatamente a letra no envelope do Sócrates endereçado a mim.

Escrevi para ele porque estava desolada. Simplesmente não conseguia entender por que o Brasil não foi campeão, como todo mundo me prometeu. E por que a nova chance só viria dali a quatro anos - que chato que é Copa do Mundo, só de quatro em quatro anos, eu pensava.

E, bom, só fui ver o Brasil ser campeão em 1994. Mas até lá, me desculpem, eu já estava de mal com o futebol. A derrota para a França de Platini em 86 foi uma tortura. Todo o Mundial de 90 foi um horror e mesmo em 94 não dava para adorar os jogadores como eu idolatrei os de 82.

Em 2002, comecei a me reanimar com a Copa. O Scolari, o nome que eu mais admiro no futebol atual, conduziu o Brasil em um torneio bonito. Foi uma conquista verdadeira (e não na base de o adversário perder pênalti em uma final que termina em 0 x 0, como em 94).

Na Copa da Alemanha, em 2006, por conta do marido e dos amigos estrangeiros, acabei torcendo e vibrando com várias seleções, de França a Argentina, passando por Portugal, Espanha e Austrália.

Passei a entender que o meu trauma com 1982 não devia me impedir de curtir esta que é uma das maiores festas do planeta.

A deixa para eu finalmente fazer as pazes com o futebol foi a notícia de que eu viria para a Ãfrica do Sul cobrir a Copa pela ´óÏó´«Ã½ Brasil. Minha missão aqui vai ser acompanhar como este país vai receber o torneio, encontrar as histórias curiosas, trazer a você um pouco do sabor deste Mundial que promete ser tão diferente.

E mal posso esperar para ver a bola rolar. Ver o Brasil no seu "Grupo da Morte", ver se a Coreia do Norte vai mesmo surpreender o mundo, se existe vida na França pós-Zidane, se Messi vai honrar a expectativa de ser o maior marcador desse Mundial, se a Espanha vai repetir o sucesso da última Eurocopa, e, claro, se os africanos - pelos pés de Drogba, Eto'o ou os Bafana Bafana - vão chegar até a final.

A maior esperança do Brasil é a maior incógnita

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Daniel Gallas | 22:08, segunda-feira, 7 junho 2010

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A evolução de Kaká é evidente a todos que têm acompanhado o jogador. O meia chegou à Curitiba, na apresentação da seleção no mês passado, reclamando de dores, e sequer participou dos primeiros treinos físicos. No dia seguinte ao desembarque na Ãfrica do Sul, Kaká já estava treinando com bola.

O jogador participou de todos os coletivos e jogou 45 minutos do amistoso contra o Zimbábue na semana passada. Ainda assim, Kaká não lembrava nem de longe o jogador que brilhou no ano passado, levando o Brasil ao primeiro lugar nas Eliminatórias sul-americanas. Kaká passava os treinos tocando rapidamente a bola, sempre com passes curtos e laterais.

No amistoso desta segunda-feira, contra a Tanzânia, Kaká mostrou que está mesmo "se soltando", como vem dizendo desde que chegou à Ãfrica. O jogador até arriscou duas arrancadas rápidas em direção ao ataque com a bola dominada e marcou um gol após receber um passe de Maicon.

O mais difícil, nestas exibições do jogador e da seleção, é saber o quanto Kaká está fora da sua melhor forma e o quanto o meia está apenas se poupando. Em uma das arrancadas, Kaká sofreu uma dura falta por trás de um zagueiro. Toda a prudência do mundo, neste momento, não é demais. Ninguém quer ver Kaká fazendo companhia a Ballack e Ferdinand no time dos que não jogarão.

Mas nem tudo que Kaká vem exibindo é apenas fruto desta precaução. O jogador ainda está longe de ser o ponto de referência técnica para a seleção. Kaká ainda erra passes em campo e distribui mal as jogadas.

Nos treinos e amistosos, Kaká tem sido útil puxando a marcação e liberando outros jogadores - como Elano, Michel Bastos e Maicon - para criação das jogadas de perigo da seleção. É uma estratégia interessante, mas muito longe do que se espera de um camisa 10 com a capacidade que ele tem.

A uma semana da Copa, ainda acho difícil saber que tipo de camisa 10 teremos em campo. Treinos e amistosos fizeram muito pouco para dissipar as dúvidas. Kaká será como o camisa 10 brasileiro das Eliminatórias do ano passado, que ganhava e dava espetáculo? Ou será mais como Zico em 1986 e Raí em 1994, dois jogadores brilhantes que não corresponderam à expectativa geral?

Que a Copa comece logo!

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Daniel Gallas | 15:10, segunda-feira, 7 junho 2010

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Faltam poucos dias para a Copa começar, e como os organizadores devem estar querendo que esse dia chegue logo! A cada dia que passa, mais jogadores desfalcam o torneio.

Michael Ballack, da Alemanha, machucou-se ainda jogando pelo Chelsea. Mas os demais lesionados - Mikel (Nigéria), Ferdinand (Inglaterra), Drogba (Costa do Marfim), Pirlo (Itália), Essien (Gana) e Robben (Holanda) - perderão pelo menos o começo da Copa devido a lesões ocorridas no treino para o Mundial. Alguns já estão fora do torneio. Dava para montar uma seleção de ponta só com os lesionados.

Outro motivo de ansiedade para os sul-africanos é a vontade de sediar o evento. As ruas e lojas do país estão decoradas há várias semanas. Nos últimos dias, andar pela Ãfrica do Sul é como passear por um salão de festas sem convidados.

Mas a menos de um mês da Copa, alguns incidentes ainda preocupam. O tumulto no jogo entre Coreia do Norte e Nigéria - onde 16 pessoas ficaram feridas - a rigor já aconteceu dentro do período em que a Copa do Mundo é organizada pela Fifa.

Antes do dia 6 de junho, as seleções que haviam chegado ao país - como Brasil, Austrália, Argentina e Dinamarca - estavam treinando e trabalhando por conta própria. O controle dos treinos e do ambiente da seleção brasileira era totalmente da CBF.

Mas desde o dia 6 (por sinal, exatamente o dia do tumulto no amistoso), a organização dos itinerários, treinos e estádios já é da Fifa. Até mesmo o ônibus usado pela seleção brasileira mudou - o modesto veículo deu lugar ao ônibus especial com os dizeres "Lotado! O Brasil inteiro está aqui dentro!"

Outro incidente que preocupou foi o sequestro do empresário brasileiro, no mês passado, que foi torturado por uma quadrilha de golpistas. Violência ainda é um ponto de interrogação na Ãfrica do Sul. Há poucos dias do torneio, vê-se poucos policiais por Johanesburgo.

As inúmeras recomendações que os moradores locais dão aos visitantes e a infinidade de grades e cercas elétricas reforçam a ideia de que se está em um ambiente pouco relaxado para uma festa como a Copa do Mundo.

Em termos de infra-estrutura, a experiência de quem chega ao país é ambígua. O aeroporto impressiona tanto pelo conforto como pela eficiência. Hotéis, restaurantes e lojas também estão em níveis bem satisfatórios.

No entanto, o trânsito e as estradas preocupam. Em Johanesburgo, pode-se perder horas em engarrafamentos, já que as distâncias são enormes e a frota de veículos é assustadoramente grande.

Tudo isso será testado agora, a partir desta semana, e servirá também de experiência para o Brasil planejar 2014, já que os dois países têm alguns dos mesmos pontos fracos.

Quem é o seu favorito?

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Ricardo Acampora | 11:31, sexta-feira, 4 junho 2010

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A uma semana do início da Copa, as casas de apostas aqui de Londres mantêm a Espanha como a grande favorita para levar o caneco.

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Sem dúvida a seleção espanhola é forte candidata ao título. O time chega embalado pela conquista da Eurocopa 2008 e pela boa campanha nas eliminatórias.

Como não poderia deixar de ser, o Brasil também está lá em cima na preferência dos apostadores. A seleção canarinho vem em segundo, bem perto da Fúria espanhola.

A classificação em primeiro lugar nas eliminatórias sul-americanas e o título da Copa das Confederações no ano passado, conferem as credenciais vitoriosas à seleção brasileira.

Em terceiro aparece a Argentina, de Messi, Tévez e Aguero. Apesar da campanha tímida das eliminatórias, o técnico Maradona tem a sua disposição um plantel de dar inveja e impor respeito aos adversários.

No quarto lugar na preferência dos apostadores vem a Inglaterra, o que mais parece ser resultado do otimismo dos torcedores locais do que uma avaliação técnica das possibilidades do English Team.

Assim que uma aposta fica "carregada" os banqueiros tratam de diminuir a margem de lucro para evitar prejuízo.

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Sei que até o técnico Dunga tem incluído a Inglaterra na sua lista de favoritos, mas o time de Fabio Capello não traz nenhuma grande novidade em relação a 2006 e todas as esperanças de sucesso parecem recair sobre Wayne Rooney, o único que pode ser chamado de craque numa seleção sem muito brilho individual.

Nada que possa justificar um favoritismo maior do que o da Holanda, por exemplo.

Mas como fanatismo tem limite, Rooney não é o favorito para levar o prêmio da FIFA de melhor jogador da Copa. O escolhido das casas de apostas foi o argentino Lionel Messi.

O craque do Barcelona deixou o inglês bem atrás, empatado com Xavi em segundo lugar. Em seguida aparece cotado o brasileiro Kaká.

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Se depender das apostas o espanhol David Villa, a mais nova estrela do Barcelona, será o artilheiro da Copa da Ãfrica do Sul, deixando em segundo Messi e Rooney, em seguida aparecem empatados Fernando Torres e Luis Fabiano em quarto lugar na preferência.

Para mim as previsões estão erradas. Deviam mostrar o Brasil como favorito, Kaká como o craque da Copa e Luis Fabiano o artilheiro do mundial.

Será apenas sonho ou excesso de otimismo?

E para você, quem são os favoritos? Mande seu palpite para o campeão, o melhor jogador e para o artilheiro da Copa do Mundo de 2010.

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