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São tantas indagações

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Bruno Garcez | 2009-05-19, 20:21

Manhã de sol na capital americana. O dia parecia promissor.

Após haver adiado a entrevista coletiva que daria na semana passada, a secretária de Estado havia se dignado a conversar com a imprensa estrangeira hoje pela manhã.

Mas, claro, a fim de cercar o evento com ainda mais expectativa, nada como adiar o início marcado para a entrevista em trinta e cinco minutos.

E após esse adiamento, um pequeno atraso também, para que tudo não pareça de mão beijada.

Assim que Hillary Clinton apareceu no auditório do Foreign Press Center, de Washington, os repórteres latino-americanos ainda tinham uma remota esperança de que ela responderia à nossas perguntas.

Afinal, no próximo dia 1° de junho ela comparecerá à posse do presidente eleito de El Salvador, Maurício Funes.

De lá, partirá para Honduras, onde acontece a reunião da Organização de Estados Americanos.

A entidade está discutindo o reingresso de Cuba na organização, tema que é visto com -para dizer o mínimo - extrema cautela pelos americanos.

A região se presta a diversas perguntas atualmente.

O México tenta se recuperar dos efeitos devastadores da gripe suína sobre sua economia, o presidente da Guatemala, Álvaro Colom, é acusado de ter mandado assassinar um rival e o venezuelano Hugo Chávez há poucos dias estatizou mais empresas, entre elas uma americana.

Ou seja, não faltaria assunto para que ela falasse com os latino-americanos presentes ao recinto.

Mas conversa vai, conversa vem e nada de sermos acionados. Os nomes que eram chamados, ao que consta, eram pessoas que já haviam sido informadas de antemão que fariam perguntas.

Gente de várias partes do mundo, mas nenhum deles da América Latina.

''Estamos comprometidos com a África. Espero viajar para lá até o final do ano'', assegurou a secretária de Estado a uma jornalista nigeriana.

''Nossas fronteiras são muito porosas'', respondeu a um repórter do Canadá, refutando, no entanto, a hipótese de que o país ao norte seja uma rota de entrada para supostos terroristas.

Ela também expressou gratidão ''à liderança e o apoio'' dados pela Itália no combate à milícia Talebã no Afeganistão e assegurou a um colega australiano que os Estados Unidos não estão abrindo mão de seus aliados na região do Pacífico.

Mas eu fiquei sem saber o que ela acha do possível reingresso de Cuba à OEA, se ela acredita que aliados como o Brasil deveriam pressionar os cubanos por reformas democráticas, se ela vê perspectivas de que o governo Obama incentive o fim das tarifas cobradas sobre o etanol brasileiro e muito mais.

Minha colega Patricia Campos Mello, do Estadão, queria saber sobre o peso do Brasil nas relações entre Estados Unidos e Venezuela, quais eram as reponsabilidades e deveres nas relações entre americanos e brasileiros.

Mas nós só estávamos participando daquele bate-papo como espectadores.

Uma omissão no mínimo estranha para quem participará em breve de um encontro da principal entidade intergovernamental do hemisfério.

Mas a negligência parece indicar o quão prioritária a América Latina será para o governo de Barack Obama.

A maior curiosidade, claro, era saber se Hillary irá ou não ao Brasil ao final deste mês, como já havia sido divulgado até mesmo por fontes no Itamaraty.

O Departamento de Estado não confirmou a viagem ou uma possível data. E como não podemos falar com a chefona, não tivemos como dar qualquer sinalização de que sim ou não ou de onde ou quando.

A residência de Hillary Clinton aqui em Washington fica a poucos metros da Embaixada do Brasil, mas, pelo visto a proximidade é mero acaso.

Hoje pela manhã, os Estados Unidos pareceram estar mais longe do que nunca da América Latina.

dzԳáDzDeixe seu comentário

  • 1. à 12:03 AM em 20 mai 2009, Ramos escreveu:

    O mundo seria melhor, muito melhor quando "jornalistas" esquecerem que são "robôs da ética", ou melhor, lembrarem que são também cidadãos e começarem a usar seus sapatos de forma mais construtiva em entrevistas coletivas. Nada contra a Sr. Clinton, mas o aviso está dado!

  • 2. à 05:06 AM em 20 mai 2009, Jorge escreveu:

    Os americanos e o resto do mundo estao cag.... pra a America Latina, devemos nos preocupar mais em resolver os nossos problemos, desenvolver nossas economias, ampliar e fortalecer a democracia, etc.

    "They don't care about us"

    Mas e nos? cuidamos de nos mesmos? dos nossos interesses?, da nossa populacao?, dos nossos recursos naturais?

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