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Arquivo para março 2007

Sexo irritante

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Rodrigo Durão Coelho | 16:43, quinta-feira, 29 março 2007

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É proibido matar raposas em Londres. Para se livrar delas, as empresas de prevenção de pestes as capturam e as soltam em outros pontos da cidade, geralmente no sul da cidade. Um dos pontos favoritos para isso é exatamente onde moro, Denmark Hill, onde existem muitas áreas verdes. Não são exatamente terrenos baldios, estão mais para florestas baldias. Perfeito para as raposas.

Quem, como eu, cresceu em São Paulo, onde os maiores mamíferos não-domesticados são as ratazanas, não podia deixar de admirar essas criaturas da noite. As via como sobreviventes teimosos, verdadeiros insurgentes urbanos que não se davam ao trabalho de agradar os humanos.

Os londrinos não gostam delas. São consideradas pestes, como os ratos. Uma dor de cabeça, bagunceiras de quintais que somem com uns gatos de tempos em tempos.

Por anos eu deixei de jogar restos de carne no lixo. Os guardava para deixar para elas na calada da noite. Me sentia solidário. Raposa is all, pensava eu.

Até que, por volta de um mês atrás, um grupinho delas veio morar em frente à minha casa. O problema é que o som que elas emitem quando fazem sexo faz o ruído que os gatos emitem parecer música de Bach. A primeira vez que ouvi, demorei uns longos minutos até perceber que não se tratava de uma criança sendo torturada. E elas fazem muito sexo. Toda noite, por muito tempo.

Clique aqui para ouvir o som de raposas fazendo sexo:
Download file

Dois ou três dias após a chegada do grupo, minha vizinha disse que adoraria ter uns cachorros grandes para jogar em cima delas e acabar com a festa. Me chocou a insensibilidade da moça que desejava não só acabar com a diversão alheia mas mesmo atentar contra a vida delas.

Mas me peguei, em noites insones, tendo fantasias assassinas contra elas. Cheguei a dormir em outra parte da casa para escapar da sinfonia dos horrores. Sonhava com um lança-chamas que me devolveria a tranquilidade. Até que um dia parou. Não sei se a natureza nômade dos bichos falou mais alto e elas levantaram acampamento ou algum vizinho com menos conflitos morais tomou uma atitude, mas o fato é que os ruídos cessaram. E o meu lado pequeno burguês respirou aliviado. Raposa is all, mas dormir é mais all ainda.

Direto de Londres…

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Edson Porto | 12:35, quarta-feira, 28 março 2007

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Recentemente a blogosfera londrina ganhou dois reforços. Um é este blog que vos fala. Outro é o blog da jornalista Laura Somoggi. No "Direto de Londres", Laura fala da cidade e da sua relação com a vida londrina.

Num post, por exemplo, ela explica a etiqueta para quem quer sobreviver aos pubs da cidade e conta curiosidades, como o recorde de espera para ser servido em uma mesa de pub: 45 minutos. Esse foi o tempo que um grupo de italianos levou para entender que nos pubs da cidade não existe o conceito do garçom. Tem que ir ao balcão para pedir a bebida.

Eis o link. Confira:

Roubo à inglesa

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Márcia Freitas | 14:22, terça-feira, 27 março 2007

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Por volta de oito horas da noite desta segunda-feira, quando ainda estava trabalhando, o dono do apartamento onde moro me ligou - haviam entrado no prédio e arrombado a porta do meu apartamento e a do andar de cima.
Não fiquei extremamente preocupada, porque sabia que não havia nada de muito valor para ser roubado. As únicas coisas relativamente valiosas que temos - uma câmera fotográfica e um laptop novos - estão com meu marido, que está viajando. Demos sorte.

Mesmo assim, é sempre ruim pensar que alguém entrou na sua casa, mexeu nas suas coisas. No metrô, fiquei imaginando que iria encontrar a casa de pernas para o ar, ou que os ladrões, revoltados por não terem encontrado nada de bom, teriam rasgado as minhas roupas, ou livros, quem sabe. Algo assim, dramático.

Para minha decepção, fora a porta, totalmente destruída, e as bijouterias vasculhadas no quarto, quase não havia sinal deles. Tudo estava praticamente do mesmo jeito que eu havia deixado. Mas não pensem que os roubos aqui na Grã-Bretanha são sempre assim, com finais relativamente felizes. Dando uma olhada nas reportagens da ´óÏó´«Ã½ sobre roubos em casa, descobri que a mais nova onda é tapear aposentados, se fazendo passar, por exemplo, por encanador, distraindo o dono da casa, e levando tudo o que conseguem. É o chamado 'distraction burglary', algo como 'roubo de distração'.

Voltando à minha história. Eu moro no oeste de Londres, no bairro de Maida Vale, um lugar quieto, tradicional e tão civilizado que pode, com certeza, ser chamado de chato. Não é um lugar em que se imaginaria gente arrombando portas no meio da tarde, fazendo aquele barulhão, o que deve realmente ter acontecido, tendo em visto o estrago das portas. Apesar disso, esta não é a primeira vez que entram na minha casa. Quando nos mudamos prá lá, há cerca de dois anos e meio, logo na primeira ou segunda semana, entraram pela janela da cozinha, já que havia andaime do lado de fora. Também não tiveram sorte e saíram sem levar nada. Ontem à noite, quando cheguei em casa, o casal do apartamento de cima, muito gentil, me chamou para tomar um copo de vinho prá que todos nos acalmássemos, é claro, e conversássemos sobre a nossa desgraça compartilhada. Fiquei sabendo que eles haviam se mudado apenas na semana passada. Daí, atinei. Acho que a explicação deve ser que um morador já falecido, revoltado com a chegada de novos inquilinos, deve estar mancomunando com o além prá tirar o nosso sossego.

Skinny boys

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Ilana Rehavia | 19:50, sexta-feira, 23 março 2007

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O grande debate do momento no mundo da moda londrina não tem nada a ver com modelos esqueléticas ou o comprimento das saias.
A grande questão ocupando as cabeças bem penteadas é: os meninos devem ou não usar calças jeans justíssimas (por aqui chamadas de "skinny jeans")?
A moda já pegou entre os músicos e aspirantes a músicos da cidade. Virou uniforme de bandas de sucesso, bandas que querem fazer sucesso, e de todos os rapazes que frequentam o descolado leste de Londres.
Voltando ao debate...há quem adore os "skinny boys". Eu tenho minhas reservas. Os dois maiores problemas são:

- para que a calça justérrima não...bem...comprometa a saúde reprodutiva dos rapazes, o cavalo acaba parando quase no joelho...
- como a calça é afunilada, faz com que os pés dos rapazes, que geralmente já são grandes, se pareçam com botes salva-vidas...

Mas acho que sou minoria. Os meninos de calça justa são um fenônemo que veio para ficar. Até a próxima moda...

Goiás aqui

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Eric Camara | 14:18, terça-feira, 20 março 2007

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Que cariocas e paulistas são bairristas, ninguém discute. Isso fica óbvio quando a gente se pega surpreso com a quantidade de não-cariocas/não-paulistas no mundo. Veja aqui em Londres, por exemplo: toda hora a gente esbarra num goiano. Confesso que em quase 30 anos no Rio, nunca tinha conhecido ninguém de lá.

Ignorância bairrista, admito. Afinal, embora com seus quase 5 milhões de habitantes represente só um terço da população fluminense, Goiás cobre 4% do território brasileiro (do tamanho de quase oito estados do Rio).

A ficha realmente caiu neste fim de semana, folheando a revista Leros, a mais popular entre a comunidade brasileira de Londres. Ali, nos classificados, tem mais de um anúncio de gente vendendo terras em Goiás.

Não é apartamento em Copacabana ou na Bela Vista. É lote de terra, apartamento na planta e criações de gado em Goiás que se pode comprar daqui de Londres.

Há alguns anos, foram os "valadólares" que encheram os cofres dos vizinhos mineiros. Será que chegou a hora dos "golibras esterlinas"?

Brigada do Jazz

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Monica Vasconcelos | 16:39, segunda-feira, 19 março 2007

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Recentemente fui ao Vortex, meu clube de jazz preferido em Londres. Fui ouvir o Basquiat Strings, grupo formado por um quinteto de cordas: dois violinos, uma viola, um violoncelo, um contrabaixo acústico e uma bateria.

O grupo se destaca por pegar essa unidade tão tradicional da música erudita, interferir nela ao incluir a bateria e o baixo, e usá-la para fazer jazz. E que beleza de jazz.

As composições e arranjos são do Ben Davis, um inglês com quem ja trabalhei.

Eles fazem uma musica difícil, onde você tem de tolerar horas de aridez para conseguir, de vez em quando, um minutinho de lirismo. Como boa brasileira, não vivo sem uma bela melodia. E o que percebo no trabalho do Ben é que ele não tem medo da beleza e do lirismo.

Aquelas cordas foram me emocionando, me levando de um jeito numa viagem que às vezes eu pensava que não dava para ficar mais bonito. E ficava. E não era só melodia e lirismo. Tinha suingue. Tinha balanco, ritmo.

Saí do Vortex pensando na ironia das coisas. Sei que músico vive mal, sem grana. Não é novidade. Veja o exemplo do Mozart...

Mas não consigo deixar de pensar que se o mundo tivesse acesso àquela poesia toda, iria ficar maravilhado.
No entanto, lá estava eu, junto com quem sabe umas cem pessoas?

Isso não é nada para a quantidade de talento, trabalho e arte que tinha ali naquele palco.

Quando fiz minha série sobre jazz para a ´óÏó´«Ã½ Brasil, tentei explicar isso, e a mensagem continua.

A brigada do jazz, essa irmandade, quando não consegue ir por cima, vai por baixo.
Ninguém segura, ninguém compra, ninguém barra. Jazz pelo jazz.

Eu fico feliz só em poder ser testemunha.

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