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Haiti mobiliza britânicos e até os "amantes do vinho"

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Pablo Uchoa | 2010-01-16, 12:59

haiti.jpgA levar em conta o envolvimento do Brasil no Haiti, imagino que a terrível notícia do terremoto em Porto Príncipe tenha corrido o país como fogo em rastro de pólvora. Mas por aqui, tenho a impressão de que o efeito foi um pouco retardado.

À parte os EUA e as ex-colônias britâncias do Caribe, o resto das Américas são, para a maior parte dos britânicos, um destino longínquo do globo. O Haiti, um país pobre com forte ligação com a França em vez da Grã-Bretanha, não era diferente.

Um fato comentado aqui na redação, nos primeiros dias após a tragédia, as matérias sobre o Haiti continuavam sendo menos lidas do que as que falavam do Sudeste Asiático ou o Oriente Médio, apesar de a ´óÏó´«Ã½ martelar sobre o tema 24h por dia em seu noticiário. Aliás, a imprensa em geral.

Mas, parecia, a ficha simplesmente não tinha caído para o cidadão comum.

A coisa mudou ao longo da semana, à medida que os países se mobilizavam para prestar ajuda, os repórteres começavam a mandar material de Porto Príncipe e a agonia dos haitianos à espera de auxílio deixavam claras as dificuldades intrínsecas à tarefa de salvamento.

No fim da semana, o Haiti, a bem dizer, entrou no dia-a-dia de muita gente. Alguns amigos que conheço foram rápidos em doar recursos para a Cruz Vermelha, para quem até o governo britânico destinou a primeira parcela de US$ 10 milhões que foram prometidos.

Outras iniciativas de mobilização chegaram por vias, pelo menos para mim, inesperadas. Minha operadora de telefone, a Orange, enviou aos seus clientes uma mensagem à qual bastava responder para contribuir automaticamente com 2,5 libras (um pouco mais de R$ 7) para os esforços da Unicef no Haiti.

O site TripAdvisor, de viagens e turismo, repassou um email a todos os seus usuários ensinando como e para quem doar fundos. Como o britânico é uma subseção do americano, imagino que algo semelhante tenha ocorrido do outro lado do Atlântico.

E a mais original das mobilizações que eu vi até agora está se dando através de um site de vinhos, o Wineloverspage.com, que na verdade também é americano.

O proprietário do site organizou uma rifa na qual, para entrar, é preciso doar pelo menos US$ 30 para alguma organização humanitária diretamente envolvida na assistência à²õ vítimas. Segundo o site, uma iniciativa semelhante na época do furacão Katrina, que destruiu Nova Orleans, levantou mais de US$ 10 mil.

Os participantes da rifa concorrem a sensacionais garrafas de Bordeaux das últimas quatro décadas (uma garrafa de cada década, de 1970 aos anos 2000) mantidas pelo proprietário em sua adega. "Vamos sair um pouco do agradável mundo do vinho para incentivar os apreciadores a ajudar o Haiti", diz o email.

Na prática, grande parte dos amantes do vinho não apenas estão doando muito mais do que US$ 30 por cabeça - a maioria creio já ter gasto mais que isso em uma garrafa de vinho - como também adicionando suas próprias garrafas à rifa, criando prêmios secundários, terciários, etc, para atrair mais contribuições.

São iniciativas pequenas, mas de coração, ou pelo menos me parecem. Ainda mais significativa porque quem acompanhava a lenta melhora em alguns indicadores do Haiti após tantos anos de conflitos políticos não pôde deixar de se comover. Por que logo o Haiti? E por que algo tão devastador?

Sensação bem resumida pela revista Economist, que não é nem um pouco dada a dramaticidades: "Se há um país nas Américas que não pode se permitir sofrer um desastre natural, é o pobre e politicamente frágil Haiti", escreveu a revista.

"No entanto, o terremoto que atingiu Porto Príncipe pouco antes das 5h da tarde do dia 12 de janeiro foi um golpe ainda mais cruel."

°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário

  • 1. à²õ 01:43 AM em 17 jan 2010, Jullia Strabrawa escreveu:

    A grande mobilização das grandes potências não tem nada de solidariedade. USA, França e as outras estão agindo da mesma forma que têm agido durante os séculos de imperialismo e colonialismo. Ou seja, prestam o socorro para não serem desmoralizadas. O ruim disto tudo, é que o problema não será resolvido. No caso do Haiti, assim que a terra se acalmar e eles terminarem de enterrar seus mortos, o cotidiano de miséria e exploração continuará, pois o Primeiro Mundo também continuará precisando do Terceiro para se manter.

  • 2. à²õ 10:26 PM em 18 jan 2010, Felipe Gueiros escreveu:

    A demagogia sempre ocorrerá nesse mundo de catastrofes, o que não ocorrerá é a continuidade dessa ajuda para que o país possa sair de sua falencia financeira,pois ainda existe a república das bananas.

  • 3. à²õ 11:28 PM em 19 jan 2010, M. Carvalho escreveu:

    A colega acima disse tudo.

  • 4. à²õ 02:40 PM em 25 jan 2010, Ed escreveu:

    Uma palhaçada essa ajuda dos "ricos". Realmente, só para não pegar mal estão querendo aparecer. Fico muito puto pois todos os dias leio o o "metro", este jornal gratuito que é oferecido. E desde o início da cobertura jornalistica britânica, nunca citaram as forças militares da ONU, brasileiras, em missão de paz. Faz dias que procuro, e ninguém fala. Só se fala em U.S.A e UK. Só isso. Mais uma bola fora dos jornalistas britâncios, pra variar um pouco.

    Vamos abrir o debate sobre o nivel de alerta anti-terror que aumentou esta semana na Inglaterra. Ano passado já fui abordado por policiais na Tower Bridge. Mandaram eu abrir mochila, perguntaram onde eu morava... enfim... então, ta lançado o tema.

    Ab's.

  • 5. à²õ 12:57 AM em 10 fev 2010, Dennis Junior escreveu:

    A comunidade internacional precisa ajudou as pessoas de Haiti com respeito ao recente Terremoto.

  • 6. à²õ 05:04 PM em 19 mar 2010, Rafael Arcoverde escreveu:

    Ótima fala, colega: "Ainda existe a república das bananas".
    Existe e sempre existirá.
    "Vamos alimentar os cachorros pobrezinhos para que eles não invadam meu quintal".
    "Está com uma espinha no rosto? Passa maquiagem em cima".

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