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Caminhando nas nuvens

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Carolina Oliveira | 2007-05-23, 11:39

gormley_field203.jpg O meu primeiro encontro com os trabalhos do artista Britânico Antony Gormley foi em 1996, quando vi 'Field for the British Isles' na Hayward Gallery. Uma multidão de quarenta mil mini-figuras de argila, cada uma feita por um habitante da cidade de St. Helen, na Inglaterra. Umas mais altas, outras mais gordinhas, com tons variados de marrom-argila – diversidade quase humana. Todas elas olhando para nós, visitantes, como se fossemos parte de um show, e elas a platéia. Veja foto

Foi também o meu primeiro contato com a arte contemporânea. Lembro que saí da exposição encantada.

Desde então nunca mais tinha visto um trabalho do Gormley que me tocasse tanto. Isso até uns 10 dias atrás, quando estava passando pela ponte de Waterloo e notei uma estátua no topo do prédio do National Theatre.

E notei outra. E outra. E outra. Apareceram de um dia para o outro. Mágico. (Dizem que muitas pessoas ligaram para o serviço de emergência aqui em Londres, pensando que as estátuas eram reais e que estavam a ponto de pular.)
gormley203.jpg

Gormley colocou estátuas nuas e solitárias dele mesmo no alto de vários prédios perto do Southbank Centre, no centro de Londres. Entitulado 'Event Horizon', o trabalho terá ao todo 31 estátuas espalhadas em cima de prédios e pontes (tem uma na Waterloo bridge também). Mas nem todas estão de pé ainda. Então cada dia que passo pela ponte eu ‘brinco’ de achar uma que ainda não tenha visto. O trajeto de ônibus para o trabalho fica bem mais interessante. Recomendo.

Outro detalhe legal é que todas as estátuas estão olhando em direção à Hayward Gallery, onde Gormley está expondo seus novos trabalhos. E se eu já tinha ficado impressionada com as estátuas na rua, a exposição me deixou de queixo caído.

Um dos trabalhos em 'Blind Light', é um cubo transparente cheio de uma nuvem de luz branca, em que os visitantes podem entrar. gormleyfoto5VALE.jpg Lá dentro, só se enxerga o que está a menos de dois palmos de distância, o resto é branco. E úmido. Totalmente desnorteante, mas muito engraçado. Especialmente quando, de repente, você dá de cara com algum outro 'perdido-na-nuvem'. E para achar a saída? No meu caso, só depois de uma volta inteira pelo cubo, com a parede transparente servindo de guia, e tendo que ver as pessoas do lado de fora olhando e rindo da cena.

Não vou falar do resto da exposição para não estragar a surpresa. Só digo que achei os trabalhos lindos e super acessíveis. E com certeza vão impressionar quem for conferir, de um jeito ou de outro.

Veja a reportagem.

'Blind Light' fica na até dia 19 de agosto. Segunda-feira o ingresso é a metade do preço, e é bom chegar cedo para evitar as filas.

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