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Arquivo para outubro 2007

Nada feito

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Maria Luisa Cavalcanti | 18:27, terça-feira, 30 outubro 2007

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Recentemente, eu comentei aqui sobre a reforma no Stables Market, em Camden. Disse que uma petição pelo fim das obras estava disponível online no site do governo britânico para quem, como eu, quisesse assinar.
Bom, agora recebi uma resposta do governo dizendo o que ocorreu com a petição. Ele explica que não pode atuar diretamente na área de construção e planejamento - isso é de responsabilidade das admnistrações regionais, a não ser que haja algum problema grave, o que não é o caso. Mas o governo lembra que estimula os councils a manterem os atuais mercados, e até criarem novos, pois "eles representam uma contribuição valiosa para a vitalidade dos centros urbanos".
O curioso é que os próprios criadores da petição não comentam mais sobre o assunto. O site está abandonado.
Neste caso, ponto para o governo por ao menos ter dado uma satisfação a quem, como eu, se sensibilizou com a questão.

O rumo incerto do minicab

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Pablo Uchoa | 13:22, sexta-feira, 19 outubro 2007

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Sabe lá que caminhos você vai percorrer quando entra em um minicab aqui em Londres.

Essa modalidade de táxi é talvez a mais utilizada por pobres mortais que vivemos na capital britânica e nem sempre podemos pagar o valor cobrado por um táxi preto, este que é, por sua vez, quase uma instituição londrina.

taxis203.jpg

Ser motorista de ‘black cab’ requer muito estudo, e os testes são rigorosíssimos. Os examinadores exigem que candidatos conheçam itinerários tortuosos nesta cidade onde a palavra “ordem†não descreve propriamente o traçado das ruas.

Sem tantos requerimentos, dirigir minicabs ficou uma baba com esses sistemas GPS, de navegação por satélite, que hoje em dia estão por toda parte.

O problema é que, automático, o sistema nem sempre sugere o caminho mais curto.

As duas retas que compõem o itinerário de minha casa, em Stoke Newington, até o prédio da ´óÏó´«Ã½ já viraram inúmeros círculos, quadrados, zigue-zagues.

Às 5h40 da manhã (esse é o horário em que um infeliz sai de casa quando está escalado para o primeiro turno da redação), já levei quarenta minutos para chegar até aqui – normalmente levaria quinze. Precisaria desse mesmo tempo para percorrer o mesmo trecho fazendo cooper.

Mas grande parte dos condutores de minicabs com quem cruzei são imigrantes, muitos, refugiados tentando refazer sua vida na Inglaterra. Expatriado, sou solidário.

Um deles havia sido dono de uma oficina mecânica na Ãfrica, e tinha o sonho de um dia abrir uma por aqui para converter em flexíveis motores movidos a um só combustível. Queria saber dos planos do presidente Lula para seu continente.

Em duas ocasiões diferentes, ajudei dois motoristas de primeira viagem a chegar até o metrô de Holborn. Um deles me disse, orgulhoso, que encomendara seu cobiçado GPS e o receberia no dia seguinte.

Sentado no banco de trás, tive a impressão de que seus olhos brilharam. Como se ele se desse conta do capítulo duro que se encerrava em sua vida, e do novo, mais esperançoso, que se iniciava.

Naquele dia, não sei quantos minutos levamos para chegar. Certamente mais do que o necessário. Mas afinal, diante da longa jornada dele, o que eram dez ou vinte minutos a mais na minha?

Estranhezas da culinária britânica

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Fernanda Nidecker | 15:36, terça-feira, 16 outubro 2007

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Já faz algum tempo que eu me pergunto se algumas esquisitices da culinária britânica são relativamente recentes ou se carregam uma longa história por trás.

Acabei descobrindo uma pesquisa da University of Wales Institute, que diz ter identificado alguns dos pratos mais antigos de que se tem registro na Grã-Bretanha.

Dizem os pesquisadores que a receita mais antiga do país data do ano 6.000 a.C. e atende pelo nome de nettle pudding, uma espécie de pastelão de ervas, feito à base de urtiga, farinha de cevada, água, cebolinha e outras ervas. Para dar um gostinho, uma pitada de sal. O nettle pudding era cozido a vapor, embrulhado num pano.

marmite.jpg

A gostosura, que me pareceu mais um “pastelão de matoâ€, costumava acompanhar outro prato tanto quanto exótico: ouriço assado com ensopado de peixe defumado, bacon e leite (1 litro!).

Se nos dias de hoje o ouriço caiu de moda, deixou de herança uma série de outras receitas e ingredientes muito populares e de gosto um tanto duvidoso, como o Marmite.

Antes de mais nada, tenho que admitir que eu também já tive a minha fase (quem não teve?) de passar no meu pão esta pasta preta salgada feita à base de extrato de levedura e que faz parte da mesa dos ingleses desde o início do século passado.

Em matéria de Marmite, ou você ama ou você odeia. É 8 ou 80, não tem meio termo.

E cá pra nós, tudo bem que gosto não se discute, mas até agora eu não consegui entender como alguém consegue comer haggis, umas tripas recheadas com coração, fígado e pulmão de carneiro ou de porco.

haggis203.jpg

Segundo manda a tradição escocesa, os ingredientes devem ser cozidos dentro do estômago do animal, mas com o passar dos séculos e com a produção em larga escala, o haggis acabou ganhando a forma dos outros embutidos.

O haggis pode ser apreciado a qualquer hora do dia, (até de manhã!?), como parte do famoso Full English Breakfast, o café da manhã inglês, que vem com baked beans (feijão com molho de tomate), bacon, ovo frito, lingüiça e champignon.

E aí, vai encarar?

Era uma vez...um prêmio Nobel

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Monica Vasconcelos | 13:09, sexta-feira, 12 outubro 2007

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Em 2002, tive o prazer de entrevistar a escritora Doris Lessing, que acaba de ganhar o prêmio Nobel de Literatura.

Na ocasião, fui pega de surpresa, já que não esperava que ela fosse concordar em falar comigo. Eu tinha pouquíssimo tempo para me preparar para a entrevista, no Queen Elizabeth Hall, uma das salas do centro cultural South Bank, na margem sul do rio Tâmisa.
doris203152.jpg

Lembro que fiz um "brain storm" com meu colega Thomas Pappon e uma das perguntas que ele sugeriu falava justamente do Nobel. "Como ela se sentia por nunca ter ganho o prêmio?"

A entrevista foi incrível. Apesar de anos de experiência como repórter de artes, entrevistando artistas, escritores, músicos, atores e o que viesse, achei a conversa com Lessing uma das mais difíceis da minha vida profissional.

A ex-militante comunista me surpreendeu por seu pessimismo. Disse que as coisas não iam muito bem no mundo e que não esperava mudanças.

Falamos sobre o Brasil, sobre a situação no Zimbábue, sobre os livros que ela estava lendo no período.

Senti um prazer imenso em observar aquela cabeça funcionando, a precisão no uso das palavras, o raciocínio rápido, a clareza, a substância, a beleza dos pensamentos que saíam daquela mulher, na época com 82 anos.
Mas a entrevista terminou mal… quando decidi perguntar sobre o Nobel.

Doris Lessing não gostou. Levantou-se da cadeira, visivelmente irritada. E disse que não ia responder, que o tema interessava a todo mundo, menos a ela. Saiu da sala.

Logo depois, fui me sentar no auditório para ouvir Doris ser entrevistada diante de uma platéia de centenas de pessoas.

Ali, no palco, encontrei a resposta para a pergunta que ainda me cutucava por dentro: "Onde tinha ido parar o idealismo e os sonhos da juventude de Lessing?"

Respondendo a uma das perguntas da platéia, a escritora disse que esperava, por meio dos seus livros, conseguir mudanças.

Para mim, naquele momento, a grande Doris Lessing se contradisse. E eu respirei aliviada.

Para ler a entrevista de Doris Lessing à ´óÏó´«Ã½ Brasil, clique nos links abaixo.

/portuguese/cultura/020305_dorisentrevistamv.shtml

/portuguese/cultura/020306_lessingmv.shtml

Um por todos...

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Monica Vasconcelos | 15:32, segunda-feira, 8 outubro 2007

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Na semana passada, fui cantar com a minha banda em uma escola primária aqui em Londres. Fomos, ao todo cinco, a pedido do baixista, Dudley Phillips. Um músico bem-sucedido e respeitado no circuito jazzístico de Londres.

É que os filhos dele estudaram na escola e ele tinha esse sonho, de organizar um show beneficente para ajudar a escola a fazer um dinheirinho.

Estudei vários anos em escolas públicas, como essa. O prédio era limpo, agradável, um ambiente sereno. As crianças já tinham ido para casa.

Demorou para eu entender que o show não era para elas, e, sim, para os pais. A sala dos professores virou o nosso camarim.

A funcionária que nos recebeu disse que podíamos nos servir de café ou chá. Quando olhei no armário, vi que havia vários vidros de café instantâneo, ou chá, todos com uma etiqueta indicando o nome do dono. Aqui na Grã-Bretanha não existe a figura da moça ou do moço do café.

O Dudley conseguiu emprestado de uma empresa o equipamento de som para o show. Que noite divertida.

No início, me perguntei se aquele tipo de música ia agradar. Em terra de muito rock e pop, jazz e música brasileria são músicas para mercado de nicho, para os iniciados.

Mas aos poucos "o público" foi relaxando e reagindo mais. No final do show, vendemos vários CDs e saímos de alma leve.

Eu quis registrar a noite nesse blog porque é um exemplo positivo, de como essa sociedade tem uma postura mais participativa, mais mão na massa.

O Dudley organizou a noite para retribuir à escola os anos de carinho e atenção dedicados aos seus dois filhos, hoje adolescentes.

Eu e os outros três músicos aceitamos o convite porque tocar sempre é bom, e ainda, de lambuja, poderíamos ajudar uma boa causa.

Os pais, mesmo aqueles que jamais ouviriam música daquele tipo, compraram seu ingresso e fizeram sua parte.

O que me alegra nessa experiência é saber que não é preciso ser Bob Geldof ou Bill Gates. Cada um de nós pode, de um jeito modesto, fazer a sua parte.

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