A crise e o futebol
Por aqui, não se fala em outra coisa a não ser na crise financeira, que ameaça a todos com o poder destruidor de um tsunami.
O medo se espalha. As pessoas começam a temer o dia de amanhã, a próxima semana. Ninguém sabe o que vem pela frente, ninguém acredita em ninguém.
Não quero embarcar nessa onda de ficar temendo o pior. Não me sinto em crise, de nenhum tipo, pelo menos por enquanto. Mas confesso que não consigo parar de pensar nela.
Sei que, para domar o monstro, não posso fingir que o ignoro. Então, resolvi voltar a escrever sobre a crise. Mas escrever o que?
Em busca de inspiração coloquei no chão, na forma de um cÃrculo, cartões com nomes de setores econômicos diversos. No meio do cÃrculo, coloquei a garrafa de cerveja que tinha acabado de esvaziar enquanto pensava numa forma de escapar da crise, e girei-a.
O gargalo parou apontando para Futebol.
É, futebol por aqui é setor econômico, sim. Os clubes são sociedades de capital aberto, com ações na bolsa, são comprados e vendidos como qualquer empresa e, na maioria dos casos, são extremamente lucrativos.
Pensei que minha garrafa tinha encontrado um setor ainda imune à crise. Afinal, os clubes ingleses gastaram os tubos neste verão. De uma vez só, o Manchester City pagou mais de 50 milhões de dólares pelo Robinho e mais de 30 pelo Jô. O Chelsea trouxe o Felipão, o Deco, e por aà vai.
Mas foi só olhar mais de perto que comecei a perceber os primeiros sinais de que a megera já tinha causado estrago.
De cara, encontrei três times da primeira divisão do futebol inglês com a crise estampada em suas camisas.
Na última rodada, o West Ham United, aqui de Londres, entrou em campo com o nome do patrocinador coberto. A empresa, uma companhia aérea de baixo custo, tinha ido à falência. A culpada foi a crise.
A megaempresa seguradora AIG, que foi salva da concordata pelo governo dos Estados Unidos, tem seu logotipo gravado na camisa do clube mais rico do mundo, o poderoso Manchester United.
Os efeitos da crise ainda não ficaram aparentes nas finanças do ManU. Mas, mesmo que por acaso, o clube teve um dos piores começos de temporada dos últimos 10 anos.
O Newcastle United, time de grande torcida, do norte do paÃs, é patrocinado pela primeira vÃtima da crise nas ilhas britânicas, o banco Northern Rock, que teve que ser nacionalizado pelo governo. Coincidência ou não, o clube esta à venda.
Quem estiver procurando onde colocar 515 milhões de libras pode fazer contato com o atual dono, que já divulgou o preço do negócio. Se não tiver dinheiro, faça uma proposta de compra a prazo, pode ser que ele aceite. Afinal, são tempos de crise.
°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário
Nossa...515 milhões de libras! só ?? seria interessante ter um time de futebol...mas acho que ele teria que dividir em algumas vezes pra eu poder comprar.
Voltando à realidade... eu acho q essa crise tá só começando. É se preparar pq tenho a sensação(e pelo jeito essa sensação é geral) de que tempos bem difÃceis virão!
A crise financeira, certamente, atingirá todos os setores em que existe lgum tipo de economia.
Coincidência ou não, é verdade que os clubes da Premier League, patrocinados por algumas das empresas em dilúvio estão em em situações no mÃnimo, curiosas.
E tem outro detalhe importante. O campeonato inglês tem como principal patrocinador o banco Barclays, que esteve envolvido recentemente em certa especulação à respeito da aquisição do grupo Lehman Brothers.
Enfim, o mundo é uma bola.
Caro Ricardo,
Não se preocupe com a crise, pois ela virá! Isso que está acontecendo com os bancos americanos é a ponta do iceberg. Tudo isto graças a ganância e especulação do sistema financeiro americano e europeu. Se fosse no Brasil já teriam metido o pau, mas como é no primeiro mundo existe uma certa comoção. Certamente todos seremos afetados e o mundo terá de se adaptar e reinventar outras formas de lidar com esse tipo de situação. O futebol milionário europeu terá também de se adaptar. Sinceramente não sei como um clube desses ganha tanto dinheiro. É muito dinheiro que faturam, são máquinas de fazer dinheiro, mas até quando?
Espero que esses analistas estejam errados e que essa crise não se concretize do modo que esperam (o pior). Abraços.