A anglofonia e a telefonia
Os britânicos, quem diria, terão que aprender a falar inglês com sotaque americano. Pelo menos se quiserem usar a nova ferramenta de busca ativada pela voz e disponÃvel em um modelo de celular de última geração.
A nova tecnologia deveria ser bem simples. Basta acessar a internet pelo celular em questão e entrar no Google para fazer uma busca. No entanto, ao invés de digitar a sua pesquisa, bastaria falar o que deseja procurar.
Ao pronunciar a palavra "pub" ou "bar", por exemplo, a ferramenta traria informações sobre os bares mais próximos, as melhores promoções, etc.
Então, imaginem o susto dos britânicos ao tentar usar a tecnologia e ao falar a tão inglesa "pub", ao invés de informações úteis sobre os tradicionais bares, a ferramenta te enviar dados sobre sites de namoro e relacionamento!
Ou, ao falar a palavra "fish" (peixe), a busca relacionar sites sobre "sex" (sexo).
A notÃcia se espalhou por aqui e foi tema de matérias em diversos jornais britânicos nessa semana. Alguns usuários contavam suas experiências - bizarras, eu diria - sobre os enganos cometidos pela nova ferramenta e que lembram as cômicas confusões da velhinha surda do programa televisivo A Praça é Nossa.
Aparentemente, a tecnologia foi desenvolvida nos Estados Unidos e não reconhece sotaques que não sejam do inglês americano.
Em entrevistas aos jornais, os ingleses - pais da lÃngua, diga-se de passagem - disseram que estão tentando adaptar o sempre tão distinto sotaque britânico e improvisar uma fala um pouco mais "texana".
Um porta-voz do Google citado por um dos jornais afirmou que os britânicos são bem vindos para tentar usar a nova ferramenta, mas que eles não podem garantir que irá funcionar com o sotaque daqui.
Nada de anglofonia nessa telefonia moderna. E eu dou razão para qualquer inglês que ficar furioso com a confusão.
°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário
confusão braba!
mas a idéia parece boa, desde que adaptada!
É um imperialismo lingüÃstico. Basta lemberar que quando quiseram impor o Latim, na época romana, à população, a lÃngua morreu, sendo que apenas temos trechos escritos do Latim. Parece que querem impor o inglês americano, que é uma pena. Vivemos numa diversidade lingüÃstica. Deveriam adaptar o programa para aceitar o belÃssimo inglês britânico.
Já dizia Louis Armstrong com a Ella Fitzgerald
You say "either" and I say "either"
You say "neither" I say "neither"
"Either" "either", "neither" "neither"
Let's call the whole thing off
Imperialismo lingüÃstico? Primeiro que imperialismo não é lingüÃstico, mas sempre material (como concebe a tradição marxista); o resto, é hegemonia (cultural, "lingüÃstica", etc). Segundo que não existe "época romana", Roma existe até hoje: existem sim alguns momentos da história do mediterrâneo, que passam pela República e também pelo Império romano, e DIFERENTEMENTE do Imperialismo moderno, o Império era muito mais falho: não havia hegemonia (cultural), mas dominação (polÃtico-jurÃdica), ou seja, LATIM ou qualquer premissa cultural NUNCA foi imposto (a não ser na própria Roma). E correção, Latim não é lingua morta e sobrevive até hoje, e isso sim, sustentado pela hegemonia eclesiastica desde a Idade Média (o que não concebe nenhum valor para a lingua, assim como qualquer outra). terceiro: belÃssimo inglês britânico? Diversidade lingüistica? Impor o inglês americano? Inglês é lingua bárbara, não há nada de lindo; se há algo de lindo é feito por grandes poetas, mas que vão além da neutralidade da lingua. E não sei se há imperialismo americano em relação à grande, magnÃfica, bela, exuberante, maravilhosa Grã-Bretanha: talvez sejam dois lados da mesma moeda, talvez a história da Grã-Bretanha seja muito mais cruel, do colonialismo mais autoritário e que permanece até hoje em seu xenofobismo. Não diria nem que são dialetos diferentes, são ambas a mesma Grande Lingua (no pior sentido possÃvel). Enquanto uma proclama o besteirol, a outra proclama uma Alta Cultura européia e materialmente pobre, da qual a classe média periférica se ilude e acha "super-chique" até chegar lá e ser maltradado ou menosprezado (na maior e imperceptÃvel sutileza inglesa). Não vejo diversidade lingüistica, vejo hegemonia de uma, da qual capturou você. Inglaterra é bacana, mas menos ingenuidade.
interessante! Mas "pais da lÃngua" é um conceito errôneo. A lÃngua com os variados registros pertence a quem a fala, como diz Saramago. E além disso, lingüisticamente é comprovado que o inglês americano preservou certos arcaismos que o britânico perdeu. Diga-se de passagem que o mesmo é válido para o português brasileiro e português europeu.
No caso aqui em questão, o inglês americano domina justamente simplesmente por uma questão econômica, obviamente.