Uma caipirinha sem hortelã, please. Leia e comente.
Deu no Diário Oficial. A boa e velha caipirinha - a bebida nacional brasileira de fama internacional - agora além de cachaça, limão, açúcar e gelo, vem também com Instrução Normativa (IN).
Assinada pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, a IN 55 estabelece as regras e critérios para a produção da caipirinha, tanto no Brasil como no exterior.
Segundo a orientação legal, registrada em cartório e com firma assinada como se diz na brincadeira, o açúcar "permitido" é a sacarose, "em quantidade não superior a cento e cinqüenta gramas por litro".
E seu garçom, não se incomode de pegar o limão do quintal para a minha bebida. Pela nova regulamentação, o limão "pode ser adicionado na forma desidratada" e em quantidade devidamente pré-estabelecida.
A instrução determina ainda que água pode ser adicionada à bebida, apenas para "padronização da graduação alcoólica do produto final".
As novas normas para a produção de uma boa caipirinha podem até soar um pouco restritas demais para nós, brasileiros, que desde sempre aprendemos o modo correto de cortar o limão - tirando a parte branca para não azedar, é bom lembrar - e a proporção certa de cachaça pra ficar com aquele gostinho de acompanhar qualquer feijoada.
No entanto, para nós, brasileiros que moramos no exterior, a instrução normativa - coisa que parece mais de inglês do que de brasileiro - para a preparação da bebida é very welcome, yes sir.
Pobre de mim, uma vez em um bar perto do famoso Soho, em Londres. Fui pedir uma caipirinha pro barman que parecia ser de algum paÃs do leste europeu. Caprichei no sotaque e pedi uma "caipirrrrinha", please.
Nada barata, dona caipira por aqui, diga-se de passagem. Com cachaça não-mineira, o cokctail pode custar entre £5 (R$17) e £10 (R$35). Fico imaginando sempre quantas boas garrafas de boas cachaças esse valor não compraria no Brasil.
Mas voltando ao Soho. O barman fez estripulias atrás do balcão para me servir uma caipirinha com hortelã. Excuse, me. Eu pedi uma caipirinha, não um mojito.
A Instrução Normativa 55 pode até não virar popular no Brasil, onde muita gente vai quebrar os padrões milimétricos estabelecidos pelas normas. Mas por aqui, ela certamente faria um bem tremendo para a identidade da nossa bebida.
Chiclete com banana, tudo bem. Mas caipirinha com hortelã?
°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário
Com hortelã???
Essa é boa!!!
"tirar a parte branca?"... desde qdo é que estás fora do Brasil? O segredo é utilizar limão com casca e não socar demais pra não amargar.
não bebo isso, dá na mesma!
dona neli pereira, caipirinha boa pra mim eh de morango, nao respeito a tradicao, e se rolar um hortelazinho to topando tb... hahah.
Importante: não pode ser limão galego; tem que ser limão verde ou o siciliano. Caipirinha, como o acarajé, é coisa séria!
As boas caipirinhas que tomei no exterior foram feitas por barmen brasileiros. Talvez com a tal da norma eles aà fora aprendam a fazer direito.
Só falta a certificação ISO 9000.