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Arquivo para janeiro 2009

No táxi

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Monica Vasconcelos | 17:20, terça-feira, 27 janeiro 2009

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Outro dia precisei tomar um táxi às pressas. Estava chovendo, frio, era de manhã cedo. Entrei no carro meio estressada, achando que tinha esquecido a agenda e o celular, mas estava tudo na bolsa - respirei aliviada.

O motorista começou a se desculpar: "Olha como estou todo sujo, me desculpe. A caixa d'água de um amigo transbordou e ele pediu ajuda", explicou. "Se eu posso ajudar, ajudo."

Ele contou que foi à casa do amigo, um taxista indiano, e que depois de resolver o problema ficou com as mãos coçando: "Embaixo da caixa d'água tinha um material estranho, fiquei assim, me coçando".

Perguntei se ele teria tempo de voltar para casa antes do próximo serviço. "Não". Sugeri que depois de me deixar ele parasse em um pub para lavar as mãos - sei lá, de repente, aquele material era tóxico...

Aí ouvi a pergunta obrigatória: "De onde você é?"

"Brasileira", respondi. E para evitar os clichês de sempre (futebol, praia, samba...), devolvi rápido "E você?"

Ele era de Kosovo. A conversa mudou.

O motorista tinha lutado ao lado do Exército para a Libertação de Kosovo (ELK) contra a repressão do temido líder sérvio Slobodan Milosevic. Ná época, tinha vinte e poucos anos. Hoje tem 34.

Fui fazendo mil perguntas. Não, ele não sofria de estresse pós-traumático. Não tinha muitos pesadelos. Sim, tinha perdido seis pessoas da família. Tinha visto coisas horríveis. Coisas horriveis, que ele não queria nem lembrar.

Os sérvios tinham o terceiro maior exército da Europa, por isso tinha demorado tanto para o mundo intervir - ele explicou.

Eu tinha lido coisas chocantes. Um relato pessoal de um homem que sobreviveu à execução de milhares de bósnios muçulmanos na cidade de Srebrenica, em 1995. "Ele foi salvo pelo corpo do próprio sobrinho adolescente, que absorveu o impacto da bala e caiu sobre o tio", expliquei.

"Não me conte, por favor, não posso ouvir essas histórias, não aguento", pediu.

Quando chegamos ao meu destino, expliquei que tinha um problema no olho e pedi que ele parasse bem pertinho da porta. O motorista deve ter dito uns cinco "Deus te abençoe" daquele momento até eu sair do carro.

"Você tem troco para 20 libras?", perguntei. "Tenho. Eu tenho muito dinheiro". Comecei a rir. "É verdade, tenho um monte de dinheiro. E vai dar tudo certo, você vai ver. God bless you".

Saí do carro de alma leve.

Será que, com essa depressão econômica, as pessoas vão redescobrir o valor do coletivo? O aconchego de uma causa, o alento de estarmos todos no mesmo barco?
Espero, muito, que sim.

Um protesto bem britânico

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Iracema Sodre | 18:14, quarta-feira, 14 janeiro 2009

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Chá, bolo e sanduíche de pepino. Este foi o cardápio de um piquenique incomum na área de embarque de um dos maiores aeroportos do mundo, o de Heathrow, em Londres, esta semana.

Os manifestantes reunidos ali, alguns fantasiados com roupas antigas (foto acima), protestavam de forma pacífica e bem-humorada contra a construção de mais uma pista no aeroporto e pediam que os passageiros trocassem as viagens curtas de avião pelos trens e barcos. Tudo em defesa do meio ambiente.

A campanha já conseguiu a adesão de gente famosa. A atriz Emma Thompson, vencedora do Oscar, faz parte de um grupo de celebridades, políticos, cientistas e ativistas que decidiu tomar uma atitude para evitar a ampliação de Heathrow.

protest203.jpg

Eles compraram um terreno de 4 mil metros quadrados na área que seria usada para construir a terceira pista do aeroporto e agora pretendem revender pequenos lotes, sem lucro, para milhares de pessoas preocupadas com o aquecimento global ao redor do mundo. O objetivo é dificultar ao máximo a vida do governo na hora de expropriar as terras para a obra.

Os que são pró-expansão dizem que ela é fundamental para a geração de empregos e investimentos e para a competitividade da economia britânica no longo prazo.

Quem é contra alega que a ampliação vai destruir uma vila inteira e aumentar os níveis de barulho na região, além de gerar mais gases do efeito estufa.

A decisão sobre Heathrow deve sair na semana que vem. Mas se o governo der sinal verde para as obras, os manifestantes prometem deixar as xícaras de chá de lado e montar protestos, digamos, tradicionais.

Ateus saem do armário em Londres

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Iracema Sodre | 17:29, terça-feira, 6 janeiro 2009

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"Deus provavelmente não existe. Agora, pare de se preocupar e aproveite a vida". Este é o slogan de uma grande campanha, com anúncios em ônibus e metrôs da capital britânica, que pretende estimular os ateus a saírem do armário.

A idéia começou com um certo tom de brincadeira, quando a comediante Ariane Sherine (foto) sugeriu que um "ônibus ateu" circulasse pela cidade como contrapartida às propagandas religiosas que condenavam os não-cristãos ao inferno.

Ela começou a coletar doações para a campanha com a meta de arrecadar 6 mil libras, o equivalente a R$ 20 mil. Nem ela acreditou quando, em menos de dois dias, a conta do banco já registrava 87 mil libras.

A modesta campanha planejada para os ônibus londrinos se transformou em um mega esforço publicitário de mais de 135 mil libras, com anúncios extras no metrô - citando ateus famosos como a atriz Katharine Hepburn e a poetisa Emily Dickinson - e mensagens em telas eletrônicas no centro da cidade.

Alguns teólogos elogiaram a iniciativa dizendo que o slogan encoraja as pessoas a pensarem sobre a existência de Deus e pode dar início a discussões interessantes em torno das religiões, mas há quem diga que a coisa boa dos ateus era justamente que eles não tentavam convencer ninguém de sua não-crença.

Agora, eles teriam se igualado aos pregadores religiosos...

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