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Arquivo para fevereiro 2010

Minhas duas eleições

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Maria Luisa Cavalcanti | 16:29, sexta-feira, 26 fevereiro 2010

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Como cidadã com dupla nacionalidade, estou me vendo neste ano em uma situação peculiar: votar em duas grandes eleições para escolher os líderes dos meus países.

Coincidentemente, esses dois países vão às urnas para decidir se dão continuidade aos muitos anos de mandatos da esquerda ou se preferem ver mudanças no poder.

Também nos dois, a corrida eleitoral já começou há tempos, com os pré-candidatos fazendo suas campanhas, os institutos de pesquisa oferecendo simulações dos resultados, os analistas políticos traçando este ou aquele cenário.

Mas as semelhanças param por aqui.

No Brasil, por mais desanimada que seja uma campanha, não há como fugir dela: temos propaganda eleitoral gratuita, cartazes e pixações, conversas na padaria e na fila do ônibus, gente fazendo boca-de-urna, carreatas. De alguma maneira ou de outra, você vai acabar falando de política.

Aqui na Grã-Bretanha não tem nada disso. Uma pessoa não muito interessada em política pode passar à margem do assunto e ir tocando a vida.

Para o eleitor britânico, o sinal da proximidade de uma votação é uma carta que o registro eleitoral manda para confirmar que naquele endereço há x pessoas habilitadas a votar. Eles aproveitam e perguntam também se você quer votar por correio.

Agora, com as eleições parlamentares previstas para maio, tenho recebido folhetos e mais folhetos dos candidatos da minha "constituency" (ou distrito eleitoral, que no meu caso engloba dois bairros do norte de Londres). Eles dizem o que conseguiram fazer pela comunidade local nos últimos anos e o que querem fazer se forem eleitos. O candidato conservador do meu bairro aproveitou também para dizer que ele é o único capaz de derrotar a atual MP trabalhista.

Os possíveis novos primeiros-ministros, o atual Gordon Brown e o rival David Cameron, dão entrevistas a vários órgãos de imprensa, rodam o país para fazer o "corpo a corpo" com o eleitorado, dão opinião sobre tudo. Pela primeira vez na história, farão um debate frente a frente. Mas o clima de "já ganhou" dos conservadores esvazia a eleição britânica de emoções.

O voto aqui não é obrigatório e eu, que saí do Brasil há tantos anos, poderia fazer como várias pessoas que conheço e simplesmente justificar minha ausência.

Mas como filha de pais que só votaram pela primeira vez aos 45 anos, estou contente de poder votar em dose dupla.

O chato daqui vai ser mandar minha escolha pelo correio, sem aquela emoção de ir até a seção eleitoral e digitar o voto na urna, dar uma olhada no movimento, ouvir o que as pessoas estão dizendo.

Ainda bem que no fim do ano, tenho meu dia de ir à embaixada brasileira. A fila em 2006 foi bem maior que em 2002, e este ano acho que vai estar ainda maior. Mas tudo bem, compenso nas barracas de pastel montadas por ali.

Próxima estação: pronto-socorro?

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Maria Luisa Cavalcanti | 15:27, segunda-feira, 8 fevereiro 2010

Comentários (24)

Desde que virei mãe, passei a fazer parte de um pequeno exército que luta por um espaço de 1 x 2 metros no canto dos ônibus.

De um lado, nós, andarilhas munidas de nossos carrinhos e nossos bebês, geralmente sobrecarregadas de sacolas de supermercado, brinquedos, bolsa de fraldas e nossos próprios pertences. Do outro, senhoras com seus carrinhos de feira, estudantes com malas, outras mães com dois ou três filhos grandes.

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Recentemente, comecei a perceber a presença de outros combatentes. Estes, armados pesadamente, desequilibrando a guerra: os donos de cachorro.

Pelas regras, eles deveriam ocupar esse tal canto, sem deixar seus bichos sentarem nos bancos nem obstruírem as portas. Mas diante da competição ferrenha, muitos desistem da disputa e levam os animais para o andar de cima ou para o "fundão". Ali se esparramam e deixam, sim, os cães colocarem as quatro patas nas cadeiras.

E não é só nos ônibus que eles andam. Já vi cachorro no metrô e nos trens, em uma situação que para mim é ainda mais intimidadora: e se, entre uma estação e outra, naquele vagão hermeticamente fechado, o bicho resolve ter um chilique?

Pedi ao Transport for London, que administra toda a rede de transporte público da cidade, mais informações sobre a permissão para cachorros como passageiros.

Segundo a empresa, os bichos têm que estar presos pela coleira e não podem se sentar nos bancos. Além disso, qualquer funcionário, motorista ou condutor tem autoridade para recusar um cachorro a bordo.

A Transport for London diz ainda que em bilhões de viagens realizadas a cada ano no metrô, os incidentes são raros, com "apenas quatro pessoas mordidas desde 2007".

Na prática, no entanto, parece que não é bem assim. Não é preciso ser mordido para que a experiência seja traumática. Uma rápida conversa com os colegas aqui da ´óÏó´«Ã½ Brasil mostrou que, como eu, ninguém se sente à vontade com os cachorros no transporte público. E você?


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