Música que ignora fronteiras
Há uma semana houve um belo encontro musical aqui em Londres. Desses que acontecem o tempo todo, porque músico é um bicho assim, itinerante. Mas essas coisas não saem na TV… Então eu conto aqui no blog.
Música é uma linguagem global, como disse o Lenine em uma entrevista para mim, "é uma espécie de esperanto". Acho isso lindo.
Por acaso fiquei sabendo que o Teco Cardoso, o saxofonista e flautista paulista, estava tocando em Londres com o Ben Davis (violoncelista inglês cujo grupo, Basquiat Strings, foi tema do meu último post). E fui conferir.
A formação toda era a seguinte:
Além do Teco - que veio especialmente do Brasil para um total de cinco shows com essa turma na Inglaterra - e o Ben, estavam no palco:
O violonista inglês Johnny Phillips, o baterista inglês Seb Rochord.
O pianista dinamarquês Thomas Clausen, o percussionista e baterista brasileiro radicado na Dinamarca Afonso Correia.
E o contra-baixista brasileiro radicado na Inglaterra Fernando Di Marco.
Esse time, com jogadores de três paÃses diferentes, tocou música composta pelo Thomas, que segundo o Ben, "embora seja dinamarquês, compõe exatamente como um brasileiro", e também composições do Johnny.
O resultado desse encontro é música que não cabe em fronteira nenhuma, na verdade.
Os improvisos, especialmente do Thomas e do Teco, iam levando você até a estratosfera. Maravilhosos. E a platéia adorou.
Acho gostosa essa cultura musical que existe aqui na Inglaterra. Não é um mercado de massa, mas existe uma facção do público que gosta de música instrumental e tem abertura para passar uma noite ouvindo e sendo testemunha de encontros como esse, de pessoas que têm bagagens sonoras, culturais e de vida tão diferentes, e que se juntam para fazer mágica em algum canto do planeta.
Sempre penso nisso quando ouço discussões sobre racismo, imigração, multiculturalismo… Existem tantas formas de conviver e de criar coletivamente. Acho que a música, especialmente o jazz, oferecem bons modelos.