Vazamentos
Jornalistas e documentos são uma combinação explosiva. Coloque um em contato com o outro, e dessa união certamente nascerá uma manchete de impacto. Especialmente quando essa relação tiver nascido do que chamamos de "vazamento", ou "leak" na língua inglesa.
Informações supostamente contidas na caixa-preta do Airbus A320 que se acidentou ao final da pista de Congonhas apareceram na e, em seguida, foram assumidas pela voz oficial de parlamentares, dentro do próprio Congresso. A onda gerou críticas no exterior. O órgão do governo francês responsável por investigar acidentes aéreos chegou a divulgar uma nota criticando o que considerou conclusões precipitadas baseadas em dados preliminares.
Geralmente passadas por fontes com interesses particulares em algum assunto, informações "vazadas" para a imprensa precisam ser tratadas com cuidado e ceticismo. Limitar-se a "obter" a informação e passá-la para frente seria reduzir o papel da imprensa ao de um mensageiro sem visão crítica, que inclusive pode, diante da necessidade de contar a história de maneira simplificada e de fácil compreensão, apresentar uma versão imprecisa do que recebeu. A não ser que tais dados sejam fatos concretos e incontestáveis, o leitor deve sempre ser claramente alertado de que eles são preliminares, especulativos, inconclusivos etc.
Os vazamentos sobre o acidente da TAM me lembraram o caso do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto pela polícia londrina em julho de 2005 no metrô da capital britânica. Logo depois do incidente, uma chuva de informações contraditórias e precipitadas passou a idéia de que o homem morto pela polícia tinha ligações com os atentados frustrados do dia anterior. Apenas 24 horas depois a polícia divulgou que seus comandados haviam na verdade matado um inocente, de nacionalidade brasileira. O fato de que a polícia colaborou para a desinformação inicial foi criticado em um relatório recente da comissão que investiga as ações da Scotland Yard. Para ela, o chefe da divisão antiterror enganou o público com suas declarações iniciais. É bom dizer que a imprensa também contribuiu para propagar uma visão parcial e enganosa do que havia ocorrido. Logo depois da morte de Jean Charles, supostas testemunhas da ação da polícia foram ouvidas ao vivo por canais de TV, entre eles a ý, e no dia seguinte apareceram nos jornais. Entre os equívocos divulgados por eles, estava o fato de que o brasileiro estaria vestindo um casaco pesado, de frio (ele vestia na verdade apenas uma camisa jeans) e que ele havia pulado as catracas do metrô (provavelmente alguém do público viu um agente policial pulando as catracas, enquando Jean Charles havia passado por elas tranqüilamente, usando um bilhete).
Veio, então, um importante vazamento. Em agosto de 2005, o canal ITV trouxe o que dizia ser documentos da própria investigação, incluindo uma foto do corpo de Jean Charles no chão do vagão de metrô. Os dados, que não foram contestados pelas autoridades, foram vitais para que mudasse a percepção do público sobre o comportamento do brasileiro nos instantes antes da sua morte. Ele, segundo o material vazado para a ITV, não havia feito nada que levasse a polícia a considerá-lo um suspeito. Foi morto sem saber por quê.
Não há dúvida de que o vazamento dos documentos esclareceu dúvidas iniciais sobre o caso e permitiu que erros da polícia londrina fossem rapidamente expostos. Mas ele também levantou novas questões, até hoje sem respostas. Se Jean Charles não agiu de forma suspeita, por que e como foi dada a ordem para matá-lo? Da mesma maneira, o vazamento sobre a tragédia em São Paulo parece ter esclarecido alguns pontos, mas confundido outros ainda mais. Foi mesmo o manuseio do manete que evitou que o avião parasse? O que, afinal, causou o acidente? A verdade é que ainda ninguém sabe. Assim como ninguém do grande público sabe o que exatamente levou à morte de Jean Charles, já que o processo contra a polícia segue em curso.
Casos como esses são úteis para nos lembrar que, se a imprensa livre existe para esclarecer fatos e trabalhar em busca da verdade, não é sempre que a pura divulgação de informações resolverá o problema. Muitas vezes é o contrário. Em 2001, aqui na Grã-Bretanha, uma entrevista do com um personagem de um caso em que dois jogadores de futebol eram acusados de espancar um jovem acabou levando ao cancelamento do julgamento. O juiz avaliou que as informações divulgadas pelo jornal prejudicavam o caso. Um novo julgamento foi realizado meses depois, mas meses de trabalho da Justiça foram jogados fora, e o jornal pediu desculpas formalmente.
Nós jornalistas temos de lidar com a informação de maneira responsável. Se informações ou documentos sigilosos chegam à nossas mãos, e nós concluímos que sua divulgação é de interesse público, temos que: alertar o leitor/ouvinte/espectador sobre a natureza do material e, especialmente, se os dados forem inconclusivos, incompletos ou imprecisos; e ter consciência das possíveis conseqüências de tal notícia, seja na Justiça ou na esfera particular dos envolvidos. Se cumprirmos essas regras básicas, manteremos a certeza do dever cumprido e a confiança do público.
dzԳáDzDeixe seu comentário
E que isso importa aqui (Brasil)?
Só quem vive no mundo de sonhos acha que a (grande) mídia aqui é isenta.
Pelo jeito você não leu o artigo do Ali Kamel no Estadão, por exemplo, onde ele diz que é natural "testar hipóteses".
“A grande imprensa se portou como devia. Como não é pitonisa, como não é adivinha, desde o primeiro instante foi, honestamente, testando hipóteses, montando um quebra-cabeça que está longe do fim”.
Nassif comenta:
"O “testando hipóteses” do Kamel consistia em bancar aposta total na Hipótese A. Dias depois, esquecer a Hipótese A e bancar toda a aposta na Hipótese B. Depois, na Hipótese C, até acertar. Mas não houve acerto. A resposta final – a degravação dos diálogos na cabine – eliminou todas as hipóteses anteriores."
Li de modo dinâmico, mas pareceu-me que o jornalista aprova o vazamento. Neste caso, concordo integralmente. Fatos que envolvam a Nação devem ser conhecidos por todos, e não ser escondidos, hermèticamente, em caixas-pretas, cujo conteúdo é enfiado embaixo do tapete blanc,rouge e bleu. Deste modo agiam os vizinhos camisas pretas, não os democratas.
Sr. Rogerio Simoes, pelo seu post o senhor mais me lembra um professor de jornalismo, um teórico vibrante com a profissão, porém totalmente desconectado com a realidade. Ou o senhor é um purista inocente e iludido ou, como a maioria dos jornalistas, tem a pretensão de nos empurrar goela abaixo o engodo de que o jornalismo livre, esse conceito abstrato, é um dos únicos bastiões de integridade restantes num mundo sujo e pervertido. A imprensa livre a que o senhor se refere não poupou pernas e fôlego a criticar o governo pelo acidente com o avião da TAM. Não que eu defenda o governo, mas gosto e quero ser bem informada, com isenção. Mas qual! A cada novo fato revelado, os comentaristas de jornais, rádio e TV desse nosso querido Brasil alardeavam do alto de suas pretenciosas tribunas suas conclusões idiotas, oportunistas e tendenciosas. Com sua verve profissionalmente afiada, empulhavam os incautos com "verdades" precipitadas e oportunistas. Pelo que sei aí também não é diferente. Não foi o The Sun peça fundamental na derrota trabalhista da eleição do John Major? Não foi esse mesmo The Sun que impulsionou Tony Blair ao seu primeiro mandato para que o Murdoch pudesse expandir a TV a cabo por todo o reino? Não foi dessa imprensa livre que se utilizou o oligarca Berezovski e seu canal de TV a eleger Yeltsin para depois cobrar caro o favorzinho passando a perna no povo russo? Não foi o todo livre e poderoso New York Times a publicar reportagens falsas? Não está a sua imaculada ý a ser severamente criticada por mentir e iludir o publico em diversos programas? Nisso admiro as leis portuguesas que impedem a imprensa a publicar vazamentos durante uma investigação. Assim se evita tanta especulação maldosa, oportunista e tendenciosa a ser feita pela imprensa livre que o senhor tanto defende e elogia. Por essas e por outras (e o digo com todo respeito) acho que se o senhor sabe mesmo fazer esse jornalismo isento e livre, devia, ao invés de tentar nos passar esse sermão, ir atrás de uma história reveladora que desmascare seus amigos da imprensa agindo errado, em violação dos princípios fundamentais a que o senhor se referiu, e nos brinde com um banho de informação útil de forma pragmática. Aí sim, acho que o senhor estaria realmente prestando um grande favor ao jornalismo que tanto defende.
Como a imprensa deve agir e como ela efetivamente age no Brasil são praticamente dois extremos totalmente opostos.
O que se vê é uma enxurrada de notícias veiculadas a esmo, precipitadamente e de forma irresponsável.
Fica claro que a corrida dos jornalistas por darem a notícia em primeira mão vale mais do que a que a qualidade e a credibilidade do que é noticiado. Infelizmente há pouca gente séria e comprometida com a verdade na mídia nacional.
Verdade? Que verdade? Existem verdades no mundo jornalístico?
Ora, "verdades" vêm e saem, tal como o mundo elas são mutantes e ao sab or de interesses momentâneos.Portanto, as chamadas "verdades jornalisticas" de um determinado m omento podem não o ser em outro.O que importa é que existe a informação, sem ela não haveria liberdade, afinal, até o Papa que se diz "infalível"vive impondo a seus fiéis "verdades" que amanham podem ser mentiras
Também concordo: "Caixas Pretas" para que? Para ficar escondida num armário qualquer enquanto ficamos na expectativa de que ocorreu?Além disso, algum dia ficarão "Caixas Brancas", afinal, tudo que se esconde um dia aparece. A maior mentira é aquela que fica escondidaAte o sujeito que delatou o Nixon confessou sua "traira" antes de morrer. Aliás, depois de velho todos ficam bonzinhos e confessam o que negavam na juventude.
Finalmente: Porque a imprensa tem sempre diz dizer a verdade? Até poderia se alguém pudesse definir o que seja verdade.
O que é "verdade" para a imprensa?
Além do mais, não existe ""segredo" que resista quando dois jornalistas se encontram numa mesa de bar, num encontro regado à "cervejinhas".Ou será que é diferente?Se há classe unida é a jornalista, principalmente no fim do dia no bar da esquina...Afinal, jornalista vive de noticia e qual é o melhor local para recebê-las do que num ambiente descontraído e onde a censura é bloqueada por infusões alcoólicas?
O contra ponto disto é um ambiente de noviças em colégio de freiras!
Pelo que eu saiba, jornalista não participa do mesmo
Cara Mariana Telles, obrigado por seu comentário. Não se trata de purismo, inocência, empurrar engodo ou dar sermão. Falo sobre os objetivos que os jornalistas deveriam bucar para realizar um trabalho correto. Não defendi nem estou aqui para defender a imprensa brasileira. Sobre os erros recentes da ý, eles não foram em programas jornalísticos, mas de entretenimento. Mesmo assim, por causa deles todos os jornalistas da empresa passarão em breve por um curso de reciclagem sobre as regras editoriais internas. O New York Times errou (mais de uma vez) e teve de se desculpar, pagando com um significativo abalo da sua imagem. O importante é isso: que, no caso de erros da imprensa, o público critique, condene e force o veículo a melhorar a qualidade do seu jornalismo. Abraço.
Querer um jornalismo “puro”, sem defeitos e que prime pela honestidade e “busca permanente da verdade”, é o mesmo que dizer que existe água em Saturno!
Na verdade, quem afirma que existam “jornalistas modelos” se esquece que o “ homem modelo”, o “homem social”, aquele determinado por paradigmas de sociabilidade e civilização é um ser incompleto, como afirma Lacan (1995)Este homem, dentro de uma perspectiva psicanalítica, esconde seus defeitos, suas falhas, é incompleto Um ambiente profissional é altamente influenciado por este “homem incompleto” quando mal direcionado.Neste aspecto, jornalista também é incompleto, pois se ele informa , também terá de ser informado, e à vezes, o “ser informado ” é mais importante do que o “ informador”.Ora, um jornalista é um individuo como qualquer outro, daí querer que ele se vista de vestal é o mesmo de querer que um vampiro cuide de um banco de sangue.
Jornalistas e indivíduos em geral são comandados pelos abismos inconscientes de seus desejos, e quem pode afirmar que estes sempre se direcionam ao “bem agir”?
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Infelizezmente a concorrrencia por noticias é muito grande, o que leva a divulgação de inforemações imprecisas e falsas... o leitor se torna um boneco manipulado e se não tiver senso crítico pra se perguntar o que acha do que foi informado, ele simplesmente irá cair nas armadilhas de editores maldosos.
Jornalismo é coisa séria! Por isso, todos os assuntos tratados por profissionais de comunicação devem pautar pelo princípio da verdade. Em primeiro lugar, agir como um Juiz, ouvindo as partes envolvidas. Só depois é que deve opinar. Porém, colocando os fatos no condicional, a não ser que tenha comprovação do que foi apurado no decorrer das investigações. E assim mesmo, identificando as fontes de informações... No caso da tragédia com o avião Air-Bus da TAM em Congonhas, poucas informações puderam contribuir até agora para esclarecer as responsabilidades.
De quem foi a culpa? Dos pilotos,
da aeronave, da empresa, da pista, dos controladores de vôo, do Governo ou do próprio sistema de navegação aérea? Por que o Aeroporto de Congonhas não tem uma pista mais extensa? É estranho, mas é verdade: O Aeroporto Internacional "Adhemar de Barros" de Presidente Prudente/SP com poucas operações diárias, tem 2.500 metros de pista recebendo aviões de pequeno, médio e grande porte. Com mais de 50 anos de existência, nenhum acidente de maior gravidade se registrou até os dias atuais nesse Aeroporto..
Qual é o maior trófeu para um jornalista que não um furo? Ainda mais de um assunto como esse que toda a população estava anciosa para saber o conteúdo da caixa-preta do avião da TAM. Porém furo não é sinônimo de boa notícia. O jornal podia muito bem revelar o conteúdo do material coletado pela investigação e não culpar quem já está morto. Fica claro que quem deu a informação para jornal queria seu nome distante de alguma suspeita, com isso se entende o teor da notícia publicada. Dependendo de quem passou a informação seria impossível segurar a notícia. Nada mais cabível neste caso de que a fonte forçar o repórter a publicar a matéria. Será que CPI divulgaria o conteúdo da caixa-preta se a matéria não tivesse sido publicada? Que serviu para pelo discutir atitudes jornalísticas e interesses; como valeu essa matéria!
Exemplo disto também é o Terra, aqui no Brasil.
As informações são jogadas online de maneira que lembra tijolos sendo atirados para o pedreiro no segundo piso da casa.
Sem tempo (ou talvez vontade) de analisar antes o conteúdo, as notícias são publicadas sem pé nem cabeça. Após isto, é escrito um artigo inteiro sobre o assunto. E então, horas depois, o que vemos é uma avalanche de mensagens com o título CORREÇÃO, como se valesse mais a pena corrigir o que está errado do que analisar antes de publicar. Como outro colega ainda citou acima, é a corrida para divulgar primeiro.
Vazamentos sempre houveram e fazem parte do jogo. Sem fontes, nao existiria jornalismo, discutivel e o uso que se faz dessas informacoes. A questao da veracidade, a possibilidade de checagem lateral, que devem ser checadas. O que e condenavel, e infelizmente comum, e jogar no ar uma noticia vazada por uma fonte antes de ser conferida, muita vezes abalando reputacoes, pra ver como o caso desenrola-se depois. Quando as informacoes sao falsas o danos sao irreparaveis.
No caso, das caixas pretas do aviao da Tam, nao houve vazamento. Aconteceu ai, uma acao leviana de um deputado que foi ate os Estados Unidos pretensamente para acompanhar as transcricoes das caixas. Ele nao tinha e nao precisava estar ali, porque a questa era tecnica. Foi la, so pra tentar faturar algum espaco na midia gracas a tragedia ocorrida, e conseguiu poduzir um caso vexaminoso para o Congresso Brasileiro. E obvio que quebrou o decoro parlamentar. Porem, a nocao de decoro parece que esta cada vez mais elastica no Brasil.
Sr. José Eduardo Curti.
Permita-me fazer algumas observações sobre seu oportuno comentário
Na verdade, houve "vazamento", sim, pois tal deputado (não sei quem é ) deve ter recebido de alguém as informações,portanto, alguém “vazou” tal segredo
Como o sr mesmo diz, “vazamentos sempre existiram no jornalismo”, e me parece que ninguém conseguiu até hoje proibir tal prática. Até a poderosa Gestapo não conseguiu bloquear uma informação que Hitler teve relações sexuais com uma judia em sua infância, ou que ele era portador de uma anomalia genética em seu aparelho sexual, tendo somente um dos dois. “ovs” ...(o sr sabe o que quero dizer...) Imagine-se, portanto, o que deve ocorrer no jornalismo brasileiro, onde o que vale é a noticia , mesmo, à vezes, sendo mentirosa? Deve ser o caos, acredito! Uma espécie de susto na aparêncição do “Deus Melek Taus”, da minoria Vezidi, que, segundo a ý desta data, é um “anjo pavão” (Nossa dos Céus!!!)
“ Os yezidi seguem uma religião pré-islâmica com tradições pouco conhecidas. A religião prega cultos a Melek Taus, "o anjo-pavão", tido como Lúcifer por cristãos e muçulmanos.” (ý, l5.08.2007)
Sr. José Eduardo, ao sr não parece cabível importamos esse “Deus Pavão”,pois quem sabe se ele não espante os demônios que se instalaram no Com gresso Nacional?
Obrigado pela sua atenção
A grande imprensa brasileira perdeu uma das premissas básicas do bom jornalismo, que é a isenção e no caso específico do acidente com o avião da TAM não foi diferente; como estão todos contra o Governo Lula, praticamente criminalizaram o Governo, isso sim foi uma conspiração, mas o vazamento das informações sobre dados da caixa preta que praticamente isentava o Governo de culpabilidade foi um lance para vender jornal.
Sobre "verdade".....
Claro que a verdade, no seu sentido mais amplo, é algo que foge da abrangência da cobertura jornalística; realmente considero um termo ineficaz na definição do objeto da imprensa. Mas o que importa é que a imprensa brasileira há muito deixou de lado a ética, o respeito à pessoas sobre quem se divulgam fatos, aos seus personagens, sejam vítimas ou agentes e, sobretudo, aos receptores da notíca, o cidadão, que ao invés de ser bem informado, é manipulado pelos interesses de uns poucos que têm influência sobre os meios de comunicação e a cada dia é mais marginalizado e privado de desenvolver seu espírito crítico, ficando, num plano mais abrangente, impossibilitado de ter acesso à formação básica necessária ao exercício mínimo da cidadania.
Obviamente, a questão da mídia é apenas um dentre inúmeros fatores que influenciam no sistema vigente de manutenção da ignorância das massas, que continua sendo fantoche nas mãos dos poderosos.
A propósito, acabo de me lembrar de um tal de artigo 5º, de uma tal de Constituição Federal, de um certo país chamado Brasil que se auto-proclama DEMOCRÁTICO.
Aliás, a imprensa parece que "sempre vai contra o Governo", seja qual for (Evidentemente quando descontamos alguns jornais "comprometidos com algum tipo de ideologia", seja de direita ou esquerda ).
Dentro de minha modesta opinião, “ir contra o Governo” é atitude fundamental e básica para a sobrevivência da imprensa, afinal, é só um Governo assumir e começa a velha ladainha do descontentamento. Lacan (l995) a respeito da eterna insatisfação do ser humano, dizia que existe uma distonia entre o homem ideal e o mundo real : O primeiro, busca um tipo de satisfação de viver ideal e de forma permanente, a partir de sonhos utopicos; o mundo real, insiste em dizer que isso é impossível.Sobra o meio termo “O ideal do momento” que logo é ultrapassado pelo “ideal buscado” que fica no futuro. Esta dialética é necessária por que é construtiva, aliás, como afirmava Marx e outros pensadores ligados à questões sociais.O que torna diferente a atividade criadora do homem da atividade animal, é que a atividade vital do homem é consciente e livre, e para ser livre e consciente, ele nunca está satisfeito.Portanto, “estar insatisfeito” é uma das assertivas do movimento dialético e que referenda a necessidade de ação a quem é criticado.A satisfação permanente é uma alienação do homem com sua realidade mutante e referenda a “conformidade autoritária”, onde a vontade de um prevalece sobre à demais, aliás, como recentemente o mundo presenciou com a tragédia Nazista.
Considero, portanto, que o papel da imprensa deve ser, sim , “ir contra o Governo” (Não de forma escancaradamente demolidora ou sectária) pois isto o obriga a agir e trabalhar para o bem comum. Imprensa passíva está acoplada em siglas conhecidas e que não merecem maiores comentários
Dentro desse raciocínio, se Lacan estivesse vivo, provavelmente consideraria o Governo Lula como “Nem bom e nem ruim, muito pelo contrário..”Ou seja, se encaixando perfeitamente num governo que faz coisas boas mas também ruins e, neste aspecto, não foge da média nacional.
Não me recordo foi Nelson Rodrigues que disse que “Toda unanimidade é burra !”Se não o foi, deveria ter dito, afinal, Nelson Rodrigues foi um de nossos maiores Lacaianos, ( sem o saber.).
O problema surge quando a imprensa começa a criticar excessivamente um Governo , ou então, elogiá-lo em demasia, aí algo “de podre no Reino da Dinamarca “ocorre.Por enquanto, Lula se enquadra nos postulados de Lacan; o brabo vai ser quando ele se encaixar nos postulados de Shakespeare!
Em primeiro lugar, nunca existiu um país comunista, e nem mesmo outro onde se usasse a expressão "democracia". Os países comunistas eram meros sorvedouros do povo, de seu sangue e de seu suor. Além das propriedades, claro. A democracia é uma utopia, pois as pessoas não têm liberdade total, conforme a teoria, mas sim estão sujeitas à leis que precisam existir para dar ordem no sistema. Jornalistas sempre clamam por uma imprensa "livre". O que é "livre"? É não ter responsabilidade pelo que falam e escrevem? Inventar fatos? Discorrer de assuntos que não conhecem, mas para parecer sábios? Muitas matérias em jornais não são assinadas, não se sabe quem escreveu. Quando há um erro, a quem responsabilizar? A pessoa jurídica da Folha de Tal? Desejo a imprensa o mais livre possível, mas RESPONSÁVEL, para passar credibilidade aos leitores. No caso de Jean Charles o vazamento serviu para mostrar à tona uma pequena parte das verdades e mentiras desse fato. Mas no acidente da TAM o vazamento se transformou num pré-condenamento dos pilotos, de que eles teriam errado. O computador não pode ter errado? Um bug, erro de projeto? A AIRBUS é tão perfeita e intocável? E o que dizer da TAM, ao permitir uma aeronave voando com defeitos tão graves? A pista é segura ? Não, segundo a imprensa foi tudo culpa daqueles que não mais existem. Aposto, por minha conta e risco, que o mistério do vôo 3054 está em duas palavras do co-piloto:"Olhe isto !". A única coisa válida que vazou para a imprensa divulgar. O resto é besteira. O jornal e a revista que divulgaram esses fatos ainda em investigação deveriam ser processados por obstrução da justiça.