Crise econômica, governos e oposições
Desde o pedido de concordata do banco de investimentos Lehman Brothers, o democrata Barack Obama vem liderando a corrida à Casa Branca. O impacto da governadora Sarah Palin em favor do republicano John McCain parece coisa da década passada. Os olhos americanos concentram-se agora na busca por uma saÃda para o atoleiro econômico. Nesse quesito, o candidato governista parece ter mais dificuldades, inclusive porque até recentemente McCain dizia estar tudo muito bem, obrigado, com os "fundamentos" da economia dos Estados Unidos. Num cenário de crise e incertezas em relação ao futuro, o eleitorado americano parece inclinado a punir o governo de George W. Bush. Como de costume, crise econômica faz bem à oposição.
Mas deste lado do mundo anglo-saxão as coisas são diferentes. Se o famoso ditado diz "Em time que está ganhando não se mexe", aqui na Grã-Bretanha poderÃamos criar um dito novo. Algo como "Time que está perdendo merece o nosso apoio, porque pelo menos já conhece bem as regras e os desafios do jogo". Muito longo para ser um ditado, mas é como o britânico vê a polÃtica.
As eleições aqui ainda não têm data para acontecer, mas pesquisas de opinião seguem sendo feitas. E, até a semana passada, o primeiro-ministro Gordon Brown (foto acima) seguia despencando nas consultas, acuado por um jovem e energético lÃder oposicionaista e desgastado por sinais de insatisfação dentro de seu próprio partido. Os últimos meses de desaceleração econômica pareciam decretar o inevitável fim de mais de uma década dos trabalhistas no poder. Mas aà vieram exatamente a quebra do Lehman Brothers, a fusão entre Lloyd's e HBOS patrocinada pelo governo britânico e a ajuda americana à AIG, entre outros fatos que deixaram os súditos de Elizabeth 2ª em pânico. A crise agora é para valer. E, como eu indiquei acima, em momentos de crise os britânicos temem mudanças de comando. Gordon Brown então afirmou em um discurso que a situação atual, por ser muito grave, . Perfeito: Brown recuperou-se nas pesquisas de opinião, ainda não o suficiente para ultrapassar os conservadores, mas o bastante para colocar seu arquiinimigo David Cameron na defensiva. O conservador Cameron foi levado , em nome da estabilidade da economia.
Os trabalhistas já sentiram na pele o que é tentar tomar o poder em época de recessão. Em 1992, após 13 anos de governo conservador, os trabalhistas estavam com a vitória certa. John Major era um premiê desacreditado, e o oposicionista Neil Kinnock já se imaginava no topo. Mas o paÃs estava em recessão, eram tempos de crise. E os eleitores britânicos, com medo de piorar ainda mais a situação, preferiram não mexer no time. Major venceu, e Kinnock renunciou à liderança do seu partido. Cinco anos depois, com a recuperação econômica iniciada, a população teve coragem de mudar. Colocou o jovem Tony Blair no comando de uma nação cheia de otimismo. As coisas andavam muito bem, mas o poder mudou de mãos. Aqui na Grã-Bretanha, crise econômica faz bem ao governo.
°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário
É uma visão interessante, demonstra uma maturidade polÃtica.Só que temos que analisar o seguinte:Qual a parcela de culpa da atual administração nessa crise?
Tal análise deve ser feita de forma isenta, apartidária para que o benefÃcio seja da nação.
Vemos ai também a maturidade de uma nação que não precisa de heróis para resolver seus problemas, ao contrário precisa de administradores sérios que buscam o bem de todos e não fazer nome independente das consequências de seus atos.
Como comprovam as teorias ninguém gosta de mudança e quebra de paradigmas, mas até quando? Acho que o premiê britânico está certo e teve de ter coragem para chamar um opositor, que por sua vez teve a educação de aceitar o cargo por uma questão de espirito solidário talvez ou até mesmo queira algo em troca num futuro próximo. O fato é que somente a união salvará as economias mundiais. Criticas serão benvindas desde que seja feitas com dados factiveis para análise.
Duvido que os americanos vai votar como os britânicos já têm feito. Nos EUA o que geralmente acontece é o inverso de que Rogério descreveu. Quando eles enfrentarem problemas econômicos ou politicos, a primeira reacção deles serão mudança.
Em 1976, mudaram pra os democratas, elegendo o Jimmy Carter depois a então crise de energia. E quarto anos depois, com medo de crise de reféns no Irã, votaram em o republicano Reagan. Embora esses exemplos aconteceu há muito tempo, acho que a mesma coisa possa acontecer no dia 4 de Novembro, quando os republicanos forem derrotados. Vamos aguardar pra ver!