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Instável mundo novo

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Rogério Simões | 2008-11-27, 12:04

tajmahal.gifDias atrás falei aqui sobre o mundo emergente, cuja influência econômica e política deverá aumentar ainda mais nos próximos anos. Pouco depois, o Conselho Nacional de Inteligência (NIC), que coordena o trabalho das agências de inteligência americanas, admitiu o que vários analistas já dizem há anos: o poder dos Estados Unidos diminuirá progressivamente,, dando lugar a novos atores políticos.

O que o relatório também diz é que esse mundo novo traz muito mais riscos e incertezas, à medida que regiões instáveis adquirem mais influência. Quanto a riscos, muitos diriam que demasiado poder nas mãos de apenas uma potência, como os Estados Unidos, também é algo arriscado (guerra do Iraque, por exemplo). Mas poucos discordam a respeito das novas incertezas, sendo que os ataques na cidade indiana de Mumbai são seu mais recente exemplo.

A Índia, ao lado da China, tem sido um dos maiores motores de crescimento na economia mundial. Mesmo em tempos de crise global, a economia indiana avança a uma taxa de 7,5% por ano (queda significativa em relação aos 9% que vinha registrando, mas ainda impressionante). Mumbai é hoje um dos maiores centros financeiros do mundo, atraindo empresários e investidores de todos os cantos do planeta. Ao lado de Brasil, Rússia e China, os outros três integrantes do Bric, a Índia representa o futuro, uma das novas faces do poder econômico e político internacional. Mas o que uma ação terrorista como a desta semana, em nove pontos da sua capital financeira, com duração de dias e pelo menos 140 mortos, representa para um mundo em transformação?

Dos quatro países do Bric, apenas Brasil e Índia são democracias relativamente consolidadas. Desde a década de 90 os russos escolhem seus líderes pelo voto direto, mas anos de Vladimir Putin no comando garantiram o que ele mesmo chama de democracia no estilo russo, em que o poder tem dono, é centralizado e não deverá ser compartilhado tão cedo. Na China, não é preciso nem dizer: o Partido Comunista não pretende abrir o regime num futuro próximo. Essas duas novas potências mundiais não têm os princípios ocidentais de democracia como parte de seu DNA. Isso não deve ser visto necessariamente como um problema grave, mas torna o novo cenário global mais difícil de ser previsto.

Entre as democracias do Bric, o Brasil tem grandes problemas internos (criminalidade, pobreza, corrupção, infra-estrutura deficiente...), mas suas instituições têm demonstrado significativa maturidade. Nenhum grupo armado pretende derrubar o governo brasileiro, não há conflito gerado por diferenças religiosas, e eleições diretas tornaram-se uma rotina bem organizada. Já na Índia, atentados sangrentos têm sido uma constante (um mês antes dos ataques em Mumbai, dezenas de pessoas foram mortas no nordeste do país), e há graves conflitos religiosos. A Índia tem um arsenal de armas atômicas e uma relação delicada com um vizinho, o Paquistão, também uma potência nuclear.

Nos últimos anos, a Índia vem se integrando à economia global, abrindo suas portas para investimentos. Um acordo nuclear com os Estados Unidos parecia aproximar ainda mais Nova Délhi da política do Ocidente. Mas, como os atentados em Mumbai sugerem, o crescimento do poder da Índia vem com inúmeros riscos. O caderno G2 do jornal britânico The Guardian nesta sexta-feira traz o título "O fim do sonho de Mumbai". Dentro, fala sobre os problemas sociais da cidade, em que pobreza e riqueza extremas convivem lado a lado, numa combinação explosiva. Comunidades muçulmanas na Índia sentem-se discriminadas, a aproximação do governo com os Estados Unidos gera ódio em alguns grupos locais e regionais, e o vasto país, com 1 bilhão de habitantes, é um alvo fácil para radicais que queiram cruzar suas fronteiras e desestabilizar o status quo político ou econômico. E nunca é demais repetir: o país tem um arsenal de armas atômicas. Um quadro no mínimo preocupante para uma das novas grandes forças deste nosso instável mundo novo.

dzԳáDzDeixe seu comentário

  • 1. à 02:44 PM em 28 nov 2008, Antonio Carlos escreveu:

    A ascensão dos estados unidos, já era. Agora é a vez de cair, e, está caindo cada vez mais, como as torres gêmeas caíram. O Sr. Bush não ficou satisfeito com as torres, derrubou o sistema finaceiro tambem, com guerras desnecessárias contra o terrorismo, (alias, ele é um). Agora só falta os emergentes fazer o seu trabalho com cautela, e, sem influência americana. Os EU por ter cometidos grandes erros, não mais poderá ter a sua influência sobre à outras nações, para ter algum poder tera que consultar as nações emergentes, coisa que, com certeza não mais poderá fazer sozinho. Somente resta para os EU, o seu poder atômico, porque o finaceiro já era, e vai levar tempo para se normalizar. Outros dados que poderá ser visto é: como fica o sistemas finaceiro global, com o período de queda da economia americana! O que eles tem como garantia dos trilhões de dólares que está espalhados pelo o mundo afora, se seu sistema está falindo?

  • 2. à 09:10 PM em 28 nov 2008, paula escreveu:

    Fácil para os ingleses falarem dos Indianos depois de explorá-los despudoradamente até a metade do século passado. Esta semana coincidentemente antes dos atentados comprei e assisti um documentário produzido pela ý sobre a India (02 belíssimos dvds, recomendo, embora esteja faltando muita explicação sobre o Hinduísmo). O que acontece ali ainda é o reflexo da dominação inglesa, só se passaram 61 anos desde a libertação. Os ingleses instigaram o ódio entre islâmicos e hinduístas. O mesmo foi feito na África com toda aquela divisão arbitrária das fronteiras entre as tribos, transformando-as em nações fadadas ao caos e fracasso. Dividir o povo para governar. Criar cizânia. Reinar sobre o caos. Pelo visto era o que os europeus sabiam fazer na época, espero que tenham aprendido as lições deste passado recente sangrento e ditador. Pelo título do post, parece que se está a espera de um país que salve e governe o mundo como fez os Estados Unidos pós II Guerra. E parece que nenhuma nação está a altura desta posição. Prá mim estamos entrando em outra era. A era do respeito entre as nações. Onde brevemente todos poderão se sentar à mesa juntos e negociar um melhor futuro para todos. Toda mudança gera instabilidade. Como já dizia Sidarta Gautama " A única permanência é a mudança".

  • 3. à 09:12 PM em 28 nov 2008, Delvam Brito escreveu:

    A própria história já nos mostrou que o domínio de um país no mundo nunca é eterno. Vários são os países que comandaram o mundo, lembrando: Portugual, Inglaterra, França, Itália e outros que já foram varridos do mapa. Esta é a marcha do mundo. Agora, a transferencia do poder para países emergente é realmente preocupante. São países sem estruturas firmes onde, normalmente, impera a lei dos mais forte, ou seja "o mais rico". A Índia tem milhões passando fome; o Brasil idem; a China também e na Rússia imperia a lei do poder. Como todos buscam o PODER, pois o dinheiro é o Deus deles todos, o nosso futuro não é nada animador. Devemos ler o Apocalipse com mais atenção.

  • 4. à 12:26 AM em 29 nov 2008, Paulo escreveu:

    Já dizia Morgenthau, quando dois Estados opostos possuem a capacidade de destruir uma ao outro, a possibilidade do uso dessa força (no caso aqui, entre India e Paquistão: as armas atômicas) se anula. Ameaçar é racional, usar é irracional.

  • 5. à 01:09 PM em 29 nov 2008, Eduardo escreveu:

    Todas aqueles atritos que antes estavam sob "controle" americano surgirão em formas de conflitos armados. Como a disponibilidade de armamento nuclear parece ter aumentado, as disputas tornarão-se mais violentas. Vale lembrar que esses conflitos também têm origem na política unilateral dos EUA. Esses conflitos surgem como reação à política do big stick estadunidense.

  • 6. à 02:18 PM em 29 nov 2008, Rocha P Brito escreveu:

    É preciso planejar, dar um passo em direção ao futuro. Esse passo a ser dado é em direção ao ser-humano. Cada ser-humano que nascer no planeta deve ser planejado seu futuro. Os bens materiais, a educação e seu trabalho. O mundo esta desorganizado por isso, os sistemas exploraram a caótica população de humanos, sua luta pela sobrevivência e ascensão social. Sua religiosidade. Independente da nacionalidade, o nascimento de todo ser-humano deve ser planejado. Infelizmente essa decisão deve ser tirada das pessoas e passadas ao Estado. Quem deve nascer. E uma vez nascido toda sua vida será planejada e garantida. Será assim no futuro, por mera necessidade, por bem ou mal, a natureza vai impor as regras.

  • 7. à 05:21 PM em 29 nov 2008, Atha Kaldeira escreveu:

    O comentário que acabo de ler aqui, não mensiona o embate entre Capital X Políticos de esquerda e comunistas.

    Esses comunistas e esquerdistas esquerdizados se opõem ao Poder do Capital e isto não é difícil de entender. Como se sabe, USA tem o Planeta em seu controle, não tanto por poder de guerra, mas por outros fatores que os analistas não querem considerar.

    Esses fatores são, Capital com o Dólar comandando e a tecnologia, até aqui imbatíveis. E o mais importante fator que serve de condutor do Poder americano a todo o Planeta, a língua inglêsa que, quem não fala inglês não tem acesso à tecnologia e não há outra que possa substitui-la.

    Quanto à aversão que os esquerdas e comunistas têm ao Poder do Capital, é facil de entender, deve-se ao fato de estarem dependentes desse poder que chamam de "capitalista". Se os políticos não possuirem Dólares ou convertido em moeda de cada nação, correm o risco de cairem junto com seus governados ao estado de mízeros.

    O que está servindo de "pano de fundo" nessa rejeição ao Poder do Capital, é que os políticos dependentes de outro Poder seu próprio poder não existe, é apenas fantasia e motivo para disputas entre grupos chamados de "Partidos" que tem o mesmo conceito de "quebrado" e dividido em pedaços, mesmo se dizendo unidos, mas é apenas para enganar a si mesmos.

  • 8. à 07:00 PM em 29 nov 2008, Miguel Bonifacio escreveu:

    Primeiro, a que democracia está se referindo, pois a americana é um questionamento a ser feito. Segundo, a Índia sofre com o efeito colonizador inglês, que embrulhou no mesmo saco etnias, reinos, línguas e religiões contrastantes, as lutas internas sempre foram uma constante naquele país, desde sua "independência". Terceiro, acreditar num mundinho esterilizado e asséptico é acreditar no Papai Noel. Vamos acordar e sair deste discurso ideológico limpinho e falso.

  • 9. à 09:50 PM em 29 nov 2008, danter escreveu:

    lendo a obra de um jornalista do NEW YORK TIMES "LEGADO DE CINZAS" GANADOR DO PULITZER,NÃO ACREDITE O QUE VAI ACONTECER,A POLITICA EXTERNA E GUIADA POR HOMENS DESPREPARADOS E FRIOS ,TANTO ASSIM ,QUE TENHO A CERTEZA QUE OS EE.UU. ,AFUNDARAN NUMA CRISE E ARRASTRARAM CONSIGUO A TODAS AS NAÇÕES QUE PODAM LEVAR ,PROPOSITALMENTE,A LOGICA E A SIGUENTE,NESTE MUNDO SO PODE EXISTIR UMA SUPERPOTENCIA (ELES,CLARO),NÃO PERMITIRÃO POR NEHUM MOTIVO ,QUE OUTRA NAÇÃO OU GRUPO DE NAÇOES,COMANDEN SEUS INTERESES ECONOMICOS,OU MELHOR ,MUDEM SEUS INTERESES.,PORQUE? CONSIDERAN A ISSo: UMA AMEAÇA A SEGURANÇA ,E POR TANTO ,INIMIGOS POTENCIAIS E REAIS;POR TANTO NÃO EXISTEM NAÇÕES NEUTRAS,OU SIGUEM A ELES OU ESTÃO CONTRA ELES.
    .

  • 10. à 01:49 AM em 01 dez 2008, fabio escreveu:

    FICO FELIZ COM TUDO ISTO, EH SINAL DE QUE A BIBLIA NUNCA MENTIL NEM MENTIRAR JAMAIS!!!

  • 11. à 09:46 PM em 02 dez 2008, edison escreveu:

    Fim do comunismo (tese), fim do capitalismo (antitese) e algo de novo deverá surgir que será a sintese.
    A pessoa humana se fundirá com o material e com o virtual fazendo surgir algo de muito novo que ainda não conseguimos ver.
    Veremos as relgiões de outra forma.
    Veremos o "poder" com outros olhos e
    finalmente, acredito que veremos novos mundos que irão surgir ou em forma de outras vidas ou em forma de pensamentos.
    Só no dia que conseguirmos ler o pensamento de todos o mundo se conhecerá melhor e nos enteremos melhor também.
    abraço, Edison

  • 12. à 11:03 PM em 12 fev 2009, batista escreveu:

    Nova Ordem Mundial-Pessoas e imperios ignoram que poder e riquezas são efêmeros.Tratados não podem afrontar a soberania, segurança e interesses de uma Nação.Se todos os paises,sem exceções, não abrem mão de seus arsenais, outros tem o direito de também os desenvolver.Num mundo globalizado não há lugar para um ou outro pais se auto nomear guardião seja do que for.Existem interesses entre Nações sendo que governantes competentes devem pelos mesmos nortear seus atos, para o bem de todos. E.U., Russia, China, India, Paquistão, Irã dentre outros , possuem armas de grande poder de destruição, e alguns até se intrometem e espionam das mais diversas maneiras e não sofrem tantas interferências em seus planos de desenvolvimento e armamentistas. Dentre esses paises, o Brasil, em população, território e riquezas é o que menos tem poder militar. São escandalosas as intromissões externas nos assuntos que somente dizem respeito a nossa soberania.

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