Os 12 trabalhos de Obama
Diante da histórica eleição de Barack Obama para a Presidência americana, dois clichês rapidamente se formaram. O primeiro, dizer que tudo vai mudar, tanto nos Estados Unidos como no mundo. O segundo, dizer que nada vai mudar. Ambos estão, logicamente, errados. O senador por Illinois não poderia ser mais diferente do que George W. Bush, e seu governo pouco lembrará o do antecessor. Mas os Estados Unidos continuam sendo o mesmo país, como bem disse nosso repórter Bruno Garcez. Podemos, sim, esperar mudanças, mas provavelmente não tão profundas ou tão rápidas como gostariam os admiradores de Obama mundo afora.
O candidato democrata não foi eleito apesar das coisas que disse em campanha, mas exatamente por causa do que defendeu. Diferentemente de Luiz Inácio Lula da Silva, Barack Obama não precisou divulgar uma "carta ao povo americano" para convencê-los de que, uma vez na Casa Branca, ele agiria de forma diferente do que vinha fazendo até então. Obama certamente não retirará as tropas americanas do Iraque da noite para o dia, mas os eleitores lhe deram a vitória sabendo do seu compromisso em fazê-lo. Obama fez campanha defendendo aumento de impostos para uma minoria de alto poder aquisitivo e redução da carga para a maioria, numa espécie de programa de distribuição de renda, e é isso que o eleitorado espera. Na sua primeira entrevista coletiva, reafirmou essa disposição, que segue na contramão da política econômica de Bush.
Mas as tarefas de Obama, como muitos já disseram, não serão fáceis. Serão árduas, exigirão o melhor do julgamento, resistência e inteligência do presidente e sua equipe. Serão, podemos dizer, verdadeiros trabalhos de Hércules. Mas quais seriam eles exatamente? Sob inspiração mitológica, é possível imaginar, para os próximos quatro anos, os 12 trabalhos de Barack Obama.
1) Vencer a crise econômica. Só isso já seria comparável ao que Hércules teve de fazer, mas a lista continua. 2) Sair do atoleiro do Iraque. Retirar tropas em 16 meses ou não? Qualquer que seja a solução, ele sabe que terá de encontrá-la. 3) Afastar o risco de uma corrida nuclear na Ásia/Oriente Médio por meio de uma relação construtiva com o Irã que reduza as chances de o país ter a bomba. 4) Reduzir a influência do Talebã no Afeganistão e fortalecer o governo do país, o que exigirá não apenas esforço militar, mas assistência humanitária e uma ação política muito mais efetiva do que demonstrou o governo Bush. 5) Conter o avanço do extremismo sobre o Paquistão e ajudar a pacificar o país, onde o conflito afegão segue ameaçando se instalar de vez. 6) Estabelecer uma nova e mais positiva relação com a Rússia, neste período de pós-pós-Guerra Fria. Não depende só de Obama, logicamente, mas o futuro presidente terá de aprender logo como se faz para domar um urso.
7) Abraçar a luta contra o aquecimento global. Cuidar do meio ambiente enquanto enfrenta uma crise econômica é algo para o qual Hércules provavelmente jogaria a toalha, mas o mundo exige ações. Além disso, o presidente eleito sabe que sua biografia será medida de acordo com seus esforços para combater a maior ameaça ao planeta que já existiu. 8) Fechar a prisão na baía de Guantánamo. Trata-se da maior mancha na imagem internacional dos Estados Unidos, e manter o presídio dará combustível aos que dizem não haver muita diferença entre Obama e Bush. 9) Oferecer aos americanos um serviço de saúde público ou subsidiado de (relativa, pelo menos) qualidade. 10) Adotar uma política de imigração mais amena, para satisfazer o eleitorado latino, mas sem parecer "fraco" num tema sensível aos americanos. 11) Fortalecer e reformar organismos políticos e econômicos internacionais, como o FMI, o Banco Mundial e a ONU. 12) Garantir sua reeleição.
É muito? Sim. É possível? Dependendo das condições políticas e econômicas, dentro e fora dos Estados Unidos, sim. Será feito? Se 30% do listado acima for conseguido, o primeiro presidente negro da história americana já será um herói.
dzԳáDzDeixe seu comentário
O maior de todos os trabalhos de Obama, vai ser se manter inassassinável!
Esperamos que aconteça. Não importa o tempo que leve, mas a mudança da qual tanto falou deverá ser feita. Pois se a "change" não vier, ele entrará no Hall da família Bush. Estamos na torcida pela MUDANÇA paulatina.
Barack Obama é um lider pacifista e a noticia hoje na ý BRASIL que o presidente eleito planeja "fim de Guantánamo" que presos serão libertados, julgados pela Justiça comum ou por Tribunal especial.
Guantánamo é prioridade no trabalho de Obama, esta ação política o credenciará para resolver os outros trabalhos. Ele sequer assumiu e já atua para solucionar questões que pela gravidade não serão resolvidas rapidamente, as pela prioridade noticiada, há mudança virá. Ele é capacitado intelectualmente e recebeu a consagração nas urnas para efetivar mudanças.
Eu só espero que a figura pura e simples do ´Lula americano´ não narcotize o país na mesma medida que o nosso já decrépito Obama do ABC tem feito conosco. Messias como esses não precisam fazer nada: quando o povão escolhe um osso para se entreter, o sistema já sabe o que fazer: deixa que a inércia se encarrega de tudo. Feliz do país que tem de reserva um Obama, seja lá, seja cá.
Tinham que alfinetar o Lula!
Asssim, obama é um presidente igual a todos os americanas, sempre preucupados com os EUA e mais nada, porém com um pequeno diferencial, este foi eleitopara distrair um pouco a visão negativa que temos sobre a america... mas issopor pouco tempo. Outra coisa, o Lula gostei do governo dele, e vou votar em Dilma, pra continuar... votem vocês também, é melhor pra o Brasil ter esse moral que vem tendo.
Tomara que Obama tenha esteio no seio da sociedade de seu País,porque em sua primeira falha,farão com ele, o que queriam fazer com LULA: Arrancar da Presidencia.
Rogerio, mais uma vez tenho que dizer que gostei do seu texto e que realmente concordo com vc qndo vc diz que esta errado dizer que agora tudo mudara ou que nada mudara (desculpa pela falta de acento, o meu teclado esta no english).
Alias esse foi o tema do meu trabalho de fim de termo da materia "The press in Britain" do curso de high education que estou fazendo aqui em Londres :)
parabens mais uma vez