AF 447: Nossa cobertura e nosso erro
A tragédia envolvendo o voo 447 da Air France, cuja viagem entre Rio de Janeiro e Paris terminou no fundo do oceano, atingiu e sensibilizou pessoas ao redor do mundo. Cidadãos de 32 países perderam a vida no acidente, cujas características ainda intrigam especialistas e chocam qualquer um que já tenha cruzado o Atlântico a bordo de uma aeronave.
Diante do desastre, leitores e jornalistas, ainda desprovidos de explicações técnicas para o raríssimo fato de que um Airbus havia simplesmente despencado do céu, buscaram o lado humano dessa triste história. A imprensa foi atrás de perfis das vítimas, informações que foram avidamente consumidas por um público sensibilizado pela perda repentina de mais de 200 vidas. Num momento como esse, o interesse pelas circunstâncias que colocaram cada passageiro dentro do voo da Air France, como o motivo de sua viagem, quem ficou para trás à espera de um telefonema na chegada ou quem se preparava para recebê-los na capital francesa, era imenso. Como uma forma de homenagem à vítimas, ou por simples curiosidade, o lado humano de uma tragédia é sempre um importante material jornalístico.
Além dos nossos repórteres no Rio de Janeiro e em Brasília, que registravam as últimas informações sobre as buscas e teorias para o destino do avião, inicialmente dado como desaparecido, a ý Brasil dedicou parte de seus esforços de reportagem no exterior à obtenção de informações sobre passageiros, particularmente estrangeiros. O menino britânico de 11 anos
que voltava sozinho do Rio após visitar os pais, o grupo de franceses que havia ganhado a viagem ao Brasil de uma empresa, a espanhola que voltava de lua-de-mel em voo diferente do marido, todas essas histórias mostravam o caráter verdadeiramente internacional do desastre.
Entre elas estava a da família Schnabl. A sueca Christine Badre Schnabl e seu filho Philipe morreram na queda do Airbus A330, enquanto seu marido, o brasileiro Fernando Bastos Schnabl, e a filha Celine fizeram o mesmo trajeto a bordo de um voo da TAM, pousando com segurança em Paris. Mas ao noticiar tal história, nós da ý Brasil erramos. Erramos por reproduzirmos, sem confirmação, a informação de que a separação do casal em dois voos diferentes se devia ao medo da família de acidentes aéreos. A informação havia sido publicada apenas por um jornal sueco, o , e ainda não havia sido confirmada pela nossa reportagem em Estocolmo. Mas mesmo assim o nosso texto foi ao ar, não apenas trazendo uma informação vinda de apenas uma fonte, mas também sem explicar no título e no primeiro parágrafo, como deveríamos ter feito, que se tratava de um fato apurado apenas por um outro veículo.
O suposto costume do casal de viajar em voos diferentes dava uma conotação ainda mais dramática e inusitada ao caso, e por isso nosso texto teve grande repercussão, recebendo grande destaque em nossos sites parceiros. No entanto, a separação da família na viagem à França tinha na verdade outro motivo. Quando conseguimos falar com Fernando Schnabl, ele desmentiu a versão do jornal sueco, reporoduzida no dia anterior pela ý Brasil. A família não tinha medo de voar, apenas estava em aeronaves diferentes devido à necessidade de aproveitar os benefícios de milhas aéreas acumuladas.
A reportagem com o brasileiro, esclarecendo o que realmente havia motivado a separação da família, foi publicada um dia depois do texto anterior. Recebeu no nosso site o mesmo destaque que havia tido a informação errada. Mas nada apaga o fato de que divulgamos, equivocadamente, uma notícia de outro veículo sem a verificação devida, prevista nos princípios editoriais da ý. Um erro, fruto de um esforço de levar aos leitores as histórias humanas por trás de uma terrível tragédia. Mas, mesmo assim, um erro. Do qual (o nosso leitor pode ter certeza) já tiramos muitas lições.
dzԳáDzDeixe seu comentário
vale ressaltar o comprometimento e seriedade do site com a verdade, e parabéns pela sensibilidade para com os parentes e conhecidos das vítimas. Carecemos de um mídia menos sensacionalista e mais realista, porém ainda assim humana.
Perfeitamente compreensível o erro e creio que o mesmo não se repetirá.
A ý não é o primeiro site de notícias que eu visito quando entro no computador, mas sempre que encontro alguma informação muito forte sem fontes claras, venho verificar por aqui o que realmente está confirmado. Eu fiquei sabendo por esse texto sobre o desmentido da história, e confesso que não gostei. De qualquer forma, acredito que tenha sido apenas um deslize.
"(o nosso leitor pode ter certeza)"
Esses parentesis significam que alguém foi demitido?
O Funcionário foi demitido? Pois deveria.... esse tipo de erro e inaceitável em uma empresa com a responsabilidade da ý.
Mesmo que fosse verdade e as famílias viajassem separadas por medo de algum desastre isso eh um fato comum nos dias de hj. Eu e minha irma, alem do vinculo parental, somos socias no trabalho. Por este e por outros motivos pessoais viajamos, de um tempo para ca, sempre em avioes separados. Conheco varias pessoas que fazem a mesma coisa. Hoje, infelizmente, estar no local errado e na hora errada, pode trazer consequencias terriveis!
Parabéns aos editores. Reconhecer publicamente um erro e corrigi-lo imediatamente deveria ser um dos princípios fundamentais do bom jornalismo. Independente se o conteúdo possa ou não ser polêmico, de maior ou menor peso. Isso alimenta a nossa confiança. Recordemos pois, do caso Paula de Oliveira, brasileira na Suíça. Barrigada sem correção, que inspira apenas prepotência de quem a propagou.
Very nice you all apologizing for the wrong information on the family that traveled in different planes. That's the real Journalism !! If you made a mistake , you retract it !! A lot of other news venues don't have the same courage. My prayers are with the families, friends and staff from the Brazilian, French, American Air Force and Navy and the folks from Air France.
Parabéns a ý pela errata.
Neste momento em quem muitos veículos de comunicação e entrevistados, agem de forma irresponsável levantando mil argumentos e hipóteses sem o devido conhecimento do fato, sob o pretexto do direito constitucional a informação, a ý soube diante de um erro grave, porém detectado pré-maturamente, reconhecer o erro e expô-lo aos seus leitores.
Perfeita vossa colocação e elucidação, especialmente não assumindo simplesmente um erro, mas demonstrando o que e como foram levados a tal, ou por engano, ou por falha técnica editorial etc. Esse é o tipo de atitude, sempre e em todos os sentidos e assuntos que a opinião pública, da qual faço parte espera, ou seja, compromisso com a vida real, com os acertos, erros e assim sempre, com a verdade. Parabéns e por isso sustento a ý como minha principal fonte de informações, na TV e na Internet. Forte abraço a todos e parabéns pelo trabalho de alto nível.
Não acho que tenha sido um erro, apenas mal gosto e falta de bom senso. Devido ao momento delicado da tragédia. Durante a invasão do Iraque, no período em que morávamos na Arábia Saudita, eu e meu marido, sempre combinamos que viajaríamos separados. Ora, nunca comentamos o real motivo para não chocar as pessoas. Mas, a verdade era essa mesma, viajávamos separados por questão de bom senso, se acontecesse alguma coisa, morreria somente um e não os dois juntos. E continuamos fazendo a mesma coisa, mesma destinação mas sempre em aviões separados. Para nós é super natural é bom senso mesmo!!!
PESSOAL
Veja se é impressão minha:
assistam esse vídeo que está no UOL
Por favor, vejam se o parente da vítima fala em "teatro"
05/06/2009 - 17h46
Parente de passageiro do Airbus diz que ida a Recife "foi um teatro"
André Naddeo - Do UOL Notícias - No Rio de Janeiro
"(o nosso leitor pode ter certeza)"
Esses parentesis significam que alguém foi demitido?
kkkkkkkkkkk
I dont think so
Diz-se que antes de pedirmos desculpas deveríamos evitá-las. Mas também acredito que qualquer um de nós,achará por bem - caso o erro aconteça mesmo - que se deva reconhecê-lo. Revela dignidade e respeito pelos outros.
E errar é humano.
Fiquei esclarecida. Obrigada.
E, depois: "No melhor pano cai a nódoa"!!!
Gosto muito do vosso trabalho. Continuem assim. Parabéns.
EU TENHO O HÁBITO DE VIAJAR EM AERONAVES SEPARADO DAS PESSOAS QUE PREZO... É UMA MEDIDA DE SEGURANÇA QUE LEVA EM CONTA A REMOTA POSSIBILIDADE DE UMA TRAGÉDIA....
SOBRE A ATITUDE DA ý, COMO SEMPRE, RESPEITÁVEL E ADMIRÁVEL, A ALTURA DO QUE ELA REPRESENTA A TODOS NÓS.....
OBRIGADO ý.
Erros são cometidos quando não são programados, a ý, sempre esteve a frente da verdade de sua informações.
A boa notícia é aquela que é precisa e, acima de tudo, verdadeira. que sirva de lição que o fato deve ser confirmado em mais de uma fonte (isto é básico em jornalismo) antes de ser levado ao conhecimento do público. Lamentável, pois ocoasiona aperda de credibilidade da ý.
ERROS ACONTECEM SEMPRE, MAS ADMITIR ISTO É UMA ATITUDE DIGNA.
Nâo vou "puxar o saco da ý". Um erro é um erro e sempre será um erro, mesmo com toda boa intenção de mostrar "um lado humano" nesta terrivel tragédia. Não adianta querer justificar o injustificável, erros são cometidos é verdade, mas dependendo do erro as consequências podem ser graves, o que não foi o caso da ý. Apesar disso confio em vosso trabalho. Espero apenas que tenham mais cautela e não confiem em outros medios para divulgar uma noticias, apesar de todo o lado humano, se não vão fazer como o ministro da defesa que tentou explicar o porque passou a informação de que peças da aeronave haviam sido encontradas, quando não haviam, dizendo a mesma coisa; "sobre o lado humano..."
Forte abraço.
Não se preocupem. Já estamos acostumados.
Affff, Ainda existe humanidade, seriedade e sinceridade no jornalismo.
Para essas viagens de longa distância o Boeing 777 é o avião de maior confiança; e vocês podem estar certo disso: se as pessoas daquele trágico voo estivessem a bordo de um 777 para longa distância, todos estariam agora felízes com as suas famílias.