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Um ano de tempestade

Rogério Simões | 2009-09-09, 12:02

lehman.jpgA tragédia do dia 15 mostrou-se tão grave quanto a do dia 11. Sete anos depois do monumental atentado que derrubou o World Trade Center, na mesma Nova York e no mesmo mês de setembro, um centenário banco desabou como as famosas torres gêmeas. A falência do Lehman Brothers deu início a um processo de congelamento de crédito pelo mundo afora que paralisou boa parte da economia global e quebrou outras tradicionais instituições financeiras. Foi o marco zero da maior crise financeira que o mundo viveu desde o crash de 1929.

Mas o Lehman Brothers não provocou a crise. Sua quebra foi consequência de uma era de extrema liberalização do mercado financeiro internacional, em que bancos, seguradoras e afins usavam o truque do milagre dos peixes para multiplicar dinheiro, imaginando que a conta não tivesse de ser paga um dia. O fim do Lehman Brothers, que completa um ano nesta próxima terça-feira, dia 15, indicou que a economia global teria de ser salva por medidas de ajuda sem precedentes e que o sistema financeiro internacional teria de ser revisto por completo.

O primeiro aniversário da crise global chega exatamente quando FMI, governos e analistas mundo afora começam a falar em recuperação. Economias desenvolvidas como as da Alemanha, França e do Japão voltaram a crescer, depois de experimentarem um agudo, mas relativamente curto, período de recessão. A Grã-Bretanha corre atrás, mas os mais otimistas analistas britânicos dizem que os sinais de crescimento se acumulam. Mas tanto aqui, em solo britânico, como nos Estados Unidos os números que sugerem uma recuperação ainda não se refletem no cotidiano da população. Especialmente para os milhões de recém desempregados criados pela recessão, o sofrimento está longe de chegar ao fim.

Desde a segunda-feira, dia 7, a ý Brasil conta a história desta crise, analisando os fatos e políticas que a antecederam/causaram e suas consequências. Entre as principais observações feitas sobre a crise, está a aparente resistência dos chamados mercados emergentes e mesmo de países mais pobres. A China conseguiu, por meio de investimento estatal, escapar to furacão rapidamente, ajudando com isso os que vendem matérias-primas para seus investimentos em infra-estrutura, como o Brasil. Mas, como disse o ministro Guido Mantega em entrevista à ý Brasil, a força brasileira nesta crise não está nas exporações, mas no mercado interno. O que ajudou o Brasil a sobreviver à tempestade foram, segundo o ministro, suas próprias características, e não uma mãozinha chinesa.

O Brasil, que ia para a UTI a cada crise econômica, fosse ela na Rússia ou no Extremo Oriente, não parece ter apenas sobrevivido à maior delas. O país, de acordo com o governo e muitos analistas políticos e econômicos do exterior, sai fortalecido, visto como uma nova potência econômica a ser respeitada e que aos poucos acumula dividendos políticos importantes. O G20, pelo menos momentaneamente, superou o G7 ou o G8 em importância, e o Brasil é sinônimo de G20. Os BRICs são uma espécie de novo motor da economia mundial, e o Brasil virou uma das grandes forças do grupo, ao lado da China. Este ano de tempestade global iniciou um processo de reorganização do poder econômico no mundo, que pode não ser tão amplo ou definitivo como muitos apostam. Mas é certo que o Brasil faz parte dele. Um ano depois, a crise pode estar perdendo força, mas muitos dos seus efeitos ainda estão por vir.

dzԳáDzDeixe seu comentário

  • 1. à 04:58 PM em 23 set 2009, Roberto Küll Júnior escreveu:

    Perguntas e reflexões para os economistas de plantão


    É possível que a extrema liberalização do mercado financeiro internacional e o plano de Obama em “mexer na saúde dos EUA” sejam os estopins para provocar uma assustadora alta nos preços dos medicamentos?

    Alguns dos maiores laboratórios farmacêuticos se encontram sediados nos EUA.

    Cada grande segmento da economia pode ser uma geradora de crises em potencial?

    É certo dizer que as crises são cíclicas? Por exemplo: em indústrias que maquiam seus balanços contábeis para não terem suas ações em queda. Isso não é um determinismo. Porque nem todas as indústrias fazem isso. Então, nem todas as crises são cíclicas, correto?

    É histórico a briga entre o Estado e o mercado, intervir ou não intervir, eis a questão? Mas, o mercado "ditou as regras" e a sua alta regulação, assim, gerou a extrema volatilização do mercado de ações globais. O menor rumor e as ações despencam. Quais são os mecanismos de frear as crises?

    Na visão da economia é certo se antecipar as crises? No caso dos medicamentos e das vacinas, os governos que podem produzir, devem investir mais na sua infra-estrutura e na sua própria auto-suficiência?

    Por último e não menos complicado, como fazer o sentido inverso das crises? Gerar empregos, aumentar as exportações, baratear o preço das mercadorias e ver a deflação.

    Obrigado.

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