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O Brasil contra a fome

Rogério Simões | 2009-11-16, 13:25

alimentos.jpgOs elogios à nova condição do Brasil de potência emergente continuam mundo afora. Aqui na Grã-Bretanha, as duas mais importantes publicações econômicas, e , publicaram nos últimos dias reportagens especiais sobre um novo Brasil, que tanto entusiasmo tem gerado no exterior. Politicamente democrático, culturalmente diversificado e tolerante, exportador de matérias-primas e manufaturados, guardião da maior floresta tropical do planeta, pioneiro em energia renovável etc, são vários os aspectos da realidade nacional recebidos com elogios por especialistas estrangeiros. Entre líderes políticos, praticamente todos, das mais diferentes ideologias, de Barack Obama a Hu Jintao, passando por Silvio Berlusconi, Gordon Brown, Shimon Peres e Mahmoud Ahmadinejad, oferecem palavras calorosas e amigáveis ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que simboliza a transformação do Brasil na mais nova força política internacional.

Entre as áreas que mais destaque dão ao novo Brasil, está a do combate à fome, no qual o papel brasileiro foi inclusive recentemente elogiado em um relatório da organização não-governamental Action Aid. Com seu incomparável potencial agrícola, o Brasil é visto como uma peça-chave para a garantia da chamada "segurança alimentar" no mundo. Por isso, a presença de Lula na reunião da FAO (órgão da ONU para alimentação) em Roma ajuda a reforçar a já positiva imagem brasileira. Em discurso diante da esvaziada reunião, Lula afirmou que metade da ajuda dada a instituições financeiras durante a crise econômica global poderia "erradicar a fome no mundo". A ausência de líderes das nações mais ricas no encontro mostrou que o tema perdeu em importância diante de outras questões, como problemas financeiros e o aquecimento global, mas o chefe de Estado brasileiro estava lá, reafirmando as credencias do país num tema em que já é referência.

Entretanto, há dúvidas sobre a verdadeira capacidade de o Brasil fazer a diferença. A elogiosa imprensa estrangeira tem lembrado que o país, por suas próprias falhas, corre o risco de decepcionar no campo da exportação de alimentos. Nesta segunda-feira, o FT diz em reportagem que a falta de investimentos na área de infraestrura pode paralisar os avanços no setor agrícola. não mede palavras ao afirmar: "Assim que as cargas são colocadas nos caminhões, tudo anda devagar". Os investimentos em infraestrutura para a Copa do Mundo e a Olimpíada, diz a revista britânica, não deverão ser "exatamente o que os exportadores do Brasil precisam". A reportagem é ilustrada com uma foto de uma rodovia brasileira esburacada, realidade enfrentada regularmente por motoristas que trafegam pelo território nacional.

Tal lembrança no exterior dos grandes desafios do Brasil no setor de transportes indica que a modernização de portos, ampliação de ferrovias, reformas de estradas e redução da burocracia, necessidades muito bem conhecidas dos brasileiros, passaram a ser aspirações internacionais. O mundo que discute soluções no combate à fome, visando a garantia da segurança alimentar nas próximas décadas, olha para o campo brasileiro com grande expectativa. Em Roma, Lula mostrou-se comprometido em ajudar a manter o tema na agenda política internacional. Aqueles que ouviram seu discurso torcem para que, com urgência, o Brasil derrube os entraves que possam impedir o país de dar sua plena contribuição à oferta de alimentos no planeta.

°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário

  • 1. à²õ 10:44 PM em 16 nov 2009, Tanit Figueiredo Mario escreveu:

    Senhor editor, em algumas regiões do Brasil, as cargas nem são colocadas nos caminhões, pois os caminhões não chegam à²õ propriedades agrícolas, devido ao descaso do Poder Executivo, em nível federal, estadual e municipal, para com as estradas que levam aos produtores. Isso é apenas um dado, pois, além de a produção não chegar ao consumidor, crianças de muitas áreas rurais têm de andar quilômetros para ir à escola, e doentes ficam sem acesso ao atendimento do SUS.

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