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Contágio na Europa

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Rogério Simões | 2010-04-28, 18:15

grecia.jpgA palavra do momento aqui na Europa é "contágio". O termo, se utilizado na área da economia, foi nas últimas décadas associado à regiões menos estáveis do mundo, Ásia, África e América Latina. A crise do petróleo contagiou os latino-americanos nos anos 70 e causou a crise da dívida brasileira dos 80. A crise asiática de 1997 contagiou todo o mundo em desenvolvimento. A crise russa do ano seguinte agravou a situação, contagiando os países emergentes, num processo que anos depois acabou praticamente quebrando a Argentina. Era crise que não parava mais, com um contágio atrás do outro. Mas agora temos uma novidade: o contágio europeu.

O estado da economia europeia, que depois da crise financeira de 2008/09 continou na UTI, agravou-se com os crescentes sinais de que os problemas da Grécia eram mais graves do que se pensava. Agora sabe-se que o país precisa de uma ajuda realmente de peso dos seus parceiros da zona do euro (leia-se Alemanha e França). Claro, fazia tempo que a crise na Grécia era séria, mas na terça-feira entrou em campo um dos mais temidos personagens de qualquer crise econômica: a agência de avaliação de risco. A Standard & Poor's, dos Estados Unidos, divulgou que passava a considerar a dívida grega como de alto risco (caiu de BB+ para BBB-). Ou seja, quem é credor dos gregos pode se acostumar, segundo a agência, com a possibilidade de não receber seu dinheiro de volta. Quando isso acontece, é normal que todos comecem a olhar em volta para ver se o problema grego não se espalhou para outros países.

Antes mesmo da especulação sobre outras nações em apuros, a Standard rebaixou a dívida também de Portugal, que está num nível significamente melhor do que a grega, para A-. A mesma agência foi além nesta quarta-feira, reduzindo o status da dívida da Espanha, de AA+ para AA. As bolsas europeias tiveram um dia terrível na terça e voltaram a operar no vermelho nesta quarta. O contágio europeu continua e pode ser maior. O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, .

Aqui na Grã-Bretanha, apesar de a moeda ser diferente, o medo do contágio é real. A libra segue desvalorizada, diante dos problemas econômicos do país, que tem hoje um déficit recorde no período pós-Segunda Guerra. A resposta poderá vir em breve, já que na próxima semana o país escolhe um novo governo. Os economistas já avisam: qualquer que seja o vencedor terá de reduzir drasticamente o déficit para fugir desse contágio europeu, o que significa corte de gastos públicos e aumento de impostos. Exatamente o mesmo que manifestantes nas ruas de Atenas vêm, há meses, tentando evitar. Se o remédio amargo tiver de ser dado, protestos semelhantes podem até aparecer nas ruas de Londres. E, mesmo assim, como em toda epidemia, a proteção do contágio não estará garantida.

dzԳáDzDeixe seu comentário

  • 1. à 09:04 PM em 29 abr 2010, Mrs Z escreveu:

    É irônico ver esses países europeus nessa situação caótica com a dívida pública depois de tanto eles pressionarem e criticarem os países mais pobres pelas mesmas razões. Pelo menos está claro que se um país pobre entrar em crise, as críticas baseadas em argumentos morais já não valem mais.

  • 2. à 01:04 PM em 30 abr 2010, Renata Lins escreveu:

    Caro Rogério, o problema é que nesse caso "o tratamento foi muito bem-sucedido, infelizmente o paciente não resistiu"... o samba de uma nota só dos ex-monetaristas e atuais "todos os economistas que encontram emprego em cargos de poder", que consiste em ajuste fiscal e elevação dos juros, mata. Mesmo. Não é retórica. Veja, ajuste fiscal = menos gastos públicos = menos saude e menos agua e esgoto e menos recolhimento de lixo (funções que exigem gastos do governo) = mais desemprego e mais doenças não tratadas. Mata. Porque a solução é outra, mas a banca no poder não se interessa. E eles, ora, não morrem, né...

  • 3. à 01:52 AM em 18 mai 2010, Decio Fabio de Oliveira Júnior escreveu:

    Até onde me recordo existe uma lição simples: ninguém pode gastar mais do que ganha! Não sem ter que mais tarde pagar a conta... O Brazil atingiu a atual fase de prosperidade devido ao simples fato de ter ajustado suas contas (mérito em grande parte da lei de responsabilidade fiscal e da manutenção do superavit nas contas do governo). A Europa e os EUA se acostumaram à boa vida de gastar o $$$$ dos outros. Agora a conta chega! Essa crise ainda não acabou. Quem vai pagar o déficit em conta-corrente de bilhoes e bilhoes dos EUA?

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