Eu e os Grand Cru des Clos, quem diria...
Na semana passada fui, pela primeira vez, a uma degustação de vinhos.
Confesso que prefiro uma boa cerveja ou um destilado de qualidade, mas fui atraÃdo por um artigo publicado no fim do ano no Financial Times que colocava o vinho como o investimento mais rentável dos últimos 10 anos, superando o ouro, petróleoÌýe as bolsas de valores (essa garrafa da foto ao lado é de um Romainee Conti de 1945 e foi vendida por US$40 mil).
ÌýQuis saber um pouco mais sobre esse mercado, para mim totalmente desconhecido.
Talvez por mero preconceito, esperava encontrar um ambiente pretensioso, cercado da sofisticação que normalmente é associada ao vinho. Que nada!
Nunca adquiri tanto conhecimento especÃfico em duas horas de bebedeira.
Fui levado, guiado e instruÃdo por meu colega da ´óÏó´«Ã½ Brasil, Pablo Uchoa, um verdadeiro conhecedor.
Sabedor da minha ignorância vinÃcola, ele logo sugeriu que fôssemos a umÌýevento que exibia vinhos de uma única região produtora, no caso, a Borgonha, com seus famosos Burgundys. Segundo ele, assim seria mais fácil distinguir as caracterÃsticas especÃficas de cada vinho, todos produzidos a partir de apenas dois tipos de uva, Chardonnay (brancos) e Pinot Noir (tintos).
De cara já fiquei sabendo que estávamos indo a uma degustação En Primeur, o que vale dizer que estarÃamos provando vinhos (da safra de 2008) que ainda não tinham chegado ao mercado.
Ou seja, terÃamos a primazia de poder comprar, antes da galera, o vinho que achássemos que fosse o melhor para nossos bolsos e para nosso paladar.
Pablo sugeriu que começássemos pelos produtores (domaines) de vinhos brancos.
Fiquei impressionado quando comecei a perceber a diferença entre um vinho de uma certa área (terroir) e outro feito com uvas colhidas a alguns metros de distância.
Eu ia provando e o Pablo me explicando as diferenças. A gradação de qualidade varia tanto que uma garrafa de vinho produzido com uvas de videiras da planÃcie chegava a ser 10 vezes mais barata do que a de outro feito com uvas colhidasÌýno sopé da montanha, que pegam mais sol e portanto produzem vinhos de sabor, cor e textura mais consistentes.
Como guia básico aprendi que a qualidade começa com os chamados ²¹±èé±ô±ô²¹³Ù¾±´Ç²Ô, depois vêm os village, em seguida os Premier Cru e no topo os Grand Cru, que por sua vez podem ainda receber a nominação Clos, que indica que o vinho foi feito com o que há realmente de melhor em termos de qualidade superior, normalmente em uma produção muito limitada, com uvas colhidas em um lugar muito especÃfico. Provamos um Clos que a produção em 2008 se limitou a um barril de 225 litros.Ìý
No espaço destinado aos domaines de tintos o aprendizado foi mais difÃcil. Apesar de também serem todos feitos com uma única uva, a Pinot Noir, a gradação variava muito, ficando bem mais complexa o que confundiu ainda mais meu paladar ignorante. Não conseguia sentir os sabores secundários de madeira, mineral, framboesa, groselha, etc. e tal que o Pablo elogiava, e passei a beber por puro prazer.
Ainda por cima, como o perÃodo de maturação dos tintos é bem maior, podendo passar dos 15 anos, o segredo ali era identificar hoje o vinho que vai ficar excelente daqui a uns 5 anos. Realmente não é coisa para um iniciante como eu.
A esta altura o Pablo já tinha perdido a atenção do seu mais novo aluno. Eu já bebia por hábito e virava uma prova atrás da outra, sem me importar se a garrafa custava R$3, R$30 ou R$300.
Afinal, depois de provar mais de 40 tipos de vinho, estava meio alto e não conseguia mais perceber a diferença entre um refinado Grand Cru e um valoroso Sangue de Boi.
Agora tenho que tentar lembrar as observações anotadas e partir para a compra. Prometo que daqui a 5 anosÌývolto a escrever contando a rentabilidade do investimento.
°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário
Realmente, Pinot Noir, é a uva usada para fazer o vinho tinto na Borgonha. Porém, a maioria dos Champagnes é feita da combinaçao de Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier.
Ou seja, já ouvi várias pessoas dizerem q a Pinot Noir se refere apenas aos vinhos tintos, mas ñ. O vinho branco é feito de uvas brancas, apesar de uvas pretas também poderem ser usadas.
Muito interessante o post/dica o vinho como um investimento rentável.
Muito interessante! É reconfortante saber que não sou só eu que não sei diferenciar uma coisa da outra e nem distinguir as notas disso ou daquilo... rsrs
Parabéns pela reportagem!
Valeu a tentativa. Vc começa bem a sua carreira de sommelier, que geralmente são chatos e dizem coisas que só eles sentem ao degustar um vinho. Valeu pela sua simplicidade e sinceridade quanto ao assunto.
Mas como vc mesmo confessa em seu post sobre sua preferencia por destilados, sugiro uma ida sua as highlandes da Escocia e faça comentários sobre bons Single Malt que vc achar por lá.
Fico na espera....