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Arquivo para maio 2010

Direto do Arizona

Alessandra Correa | 01:57, segunda-feira, 31 maio 2010

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Cheguei a Phoenix na última sexta-feira, com a missão de acompanhar as manifestações contra e a favor da nova lei de imigração do Arizona e tentar entender como essa medida, que ainda nem entrou em vigor, está afetando a vida no Estado.

No voo de cinco horas que me levou de Washington até a capital do Arizona estava também o senador republicano John McCain, candidato à Presidência derrotado por Barack Obama.

Ele vinha sentado a poucas poltronas de distância, na classe econômica, e desde antes do embarque foi bastante assediado pelos outros passageiros, posou para várias fotos e distribuiu apertos de mão a possíveis eleitores.

No sábado, McCain passou o dia na cidade de Tucson, longe dos protestos na capital, mas o republicano não vai conseguir fugir da polêmica em torno do tema da imigração em seu Estado, especialmente no momento em que tenta manter sua vaga no Senado, disputando as primárias do partido com John David Hayworth, que se apresenta como um "verdadeiro conservador".

O tema da imigração tem dominado o Arizona desde o final de abril, quando a governadora Jan Brewer assinou a lei que torna crime estadual a presença de imigrantes ilegais e permite que a polícia pare, interrogue e exija documentos de pessoas consideradas "suspeitas".

A lei só entra em vigor em 29 de julho, mas já provocou diversos protestos e boicotes contra o Arizona e costuma despertar reações apaixonadas tanto de críticos quanto de defensores.

O impacto também parece se fazer sentir bem além da comunidade hispânica que, segundo os críticos que consideram a lei discriminatória, seria a mais afetada.

O taxista que me levou do aeroporto ao hotel nasceu na Etiópia e vive legalmente nos Estados Unidos há mais de 20 anos.

Pensei que ele não teria motivos para se preocupar com a lei, mas ele me disse que sua vida mudou no último mês por causa da medida.

Como trabalha com o transporte de hóspedes dos hotéis da cidade, viu seu salário cair drasticamente com a redução do número de turistas e empresários em Phoenix, por conta dos boicotes que pelo menos dez cidades americanas já lançaram contra o Arizona desde o anúncio da nova lei.

Ele calcula que pelo menos 45 eventos nos quais trabalharia como motorista foram cancelados desde o fim de abril.

À noite, fui a um jantar que reuniu um grupo de brasileiros. Todos vivem no Arizona há décadas, legalmente, e não se enquadram no grupo de imigrantes que poderiam temer a nova lei.

O assunto, porém, girou em torno da medida.

"É um tema delicado", me disse uma brasileira que mora há mais de 25 anos no Arizona. "Estou aqui legalmente, mas também sou imigrante, por isso me identifico e me solidarizo com eles (os ilegais)."

Seu marido, americano, discordou. "Não temos nada contra os imigrantes, desde que cumpram a lei. Somos contra os que estão violando a lei para ficar aqui", disse, ecoando um argumento que ouvi de muitos defensores da nova legislação.

Esta e outras várias conversas que tive com imigrantes legais e ilegais, com americanos e hispânicos, com defensores e críticos da lei, me deixaram a certeza de que este é um tema complexo demais para ser esgotado em uma visita de alguns dias ao Estado e que a polêmica em torno do assunto só tende a aumentar.

Novo currículo para os alunos do Texas

Alessandra Correa | 23:42, sexta-feira, 21 maio 2010

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Uma decisão anunciada nesta sexta-feira reforçou a imagem que muitos americanos têm do Texas como um dos Estados mais conservadores do país.

Depois de meses de polêmica e protestos, o Conselho de Educação do Estado aprovou uma revisão dos currículos de Estudos Sociais e História nas escolas públicas.

Muita gente não gostou da mudança e diz que é resultado da influência de uma ala republicana religiosa no conselho e que vai politizar o ensino e impor visões conservadoras.

Uma das modificações prevê que os professores do Texas deem maior ênfase ao ensino dos benefícios do sistema de livre mercado americano.

Outra proposta é a de que as aulas ressaltem como os ideais americanos beneficiam o mundo, enquanto organizações como a ONU podem representar uma ameaça às liberdades individuais.

A revisão no currículo das escolas texanas ocorre a cada dez anos. Isso significa que as mudanças aprovadas nesta semana só poderão ser modificadas daqui a uma década.

A preocupação dos críticos dessa reforma é também de que as mudanças possam respingar em outros Estados, já que, com quase 5 milhões de alunos, o Texas tem grande influência na indústria de livros didáticos do país.

Os Estados Unidos em transformação

Alessandra Correa | 01:07, quarta-feira, 12 maio 2010

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Um estudo divulgado nesta terça-feira pelo Instituto Brookings, em Washington, oferece uma prévia do Censo de 2010 e revela as profundas mudanças sofridas pela população americana na última década.

Segundo o documento, um terço da população dos Estados Unidos atualmente não é "branca" (o Brookings usa o termo "não branco" para designar hispânicos, negros, asiáticos e representantes de outras raças).

A participação desses grupos vem crescendo e, em 2042, eles serão a maioria no país.

De acordo com o estudo, minorias étnicas e raciais foram responsáveis por 83% do crescimento da população americana na última década.

A população dos Estados Unidos passou dos 300 milhões de habitantes em 2006 e, segundo o Brookings, deve chegar a 350 milhões de pessoas por volta de 2025.

Os imigrantes, que em 1970 representavam 5% da população, hoje respondem por 12%.

Segundo o relatório, patrocinado pela Fundação Rockefeller, um quarto das crianças americanas são filhas de pai ou mãe imigrante.

Nas grandes regiões metropolitanas, foco principal do estudo, um em cada seis habitantes nasceu fora dos Estados Unidos.

Os dados revelam também que a desigualdade é grande. De acordo com o relatório, 85% dos adultos hispânicos e afro-americanos não têm diploma universitário, percentual bem abaixo do registrado entre "brancos" e asiáticos.

Segundo os autores do estudo, os líderes americanos, tanto em nível federal quanto nos Estados e municípios, precisam cada vez mais levar em conta esse novo perfil demográfico do país na hora de planejar suas políticas.

Entre as sugestões, está a realização de uma reforma ampla nas leis de imigração, para "proteger as fronteiras" e oferecer um caminho para a legalização e apoio para práticas que facilitem a incorporação dos imigrantes.

Nova York e os imigrantes

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Alessandra Correa | 17:32, quinta-feira, 6 maio 2010

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protesto226.jpgEm meio ao debate sobre imigração nos Estados Unidos, acirrado depois da aprovação de uma polêmica lei no Arizona, o Estado de Nova York ganhou o centro das atenções nesta semana.

Em uma medida considerada "corajosa" e "surpreendente" pelo jornal The New York Times, o governador David Paterson anunciou que seu Estado vai criar uma comissão para analisar a concessão de perdão a imigrantes legais que correm risco de deportação por terem cometido pequenas infrações.

Com sua decisão, o governador desafia a rígida legislação federal, pela qual imigrantes legais podem ser deportados por crimes como furto ou porte de pequenas quantidades de drogas, mesmo que o delito tenha sido cometido anos atrás.

Ao anunciar a medida, Paterson disse que algumas leis de imigração americanas eram "embaraçosamente e injustamente inflexíveis".

O anúncio ganhou destaque ainda maior por ocorrer poucos dias depois de a governadora do Arizona, Jan Brewer, ter assinado uma lei que torna crime a presença de imigrantes ilegais no Estado e permite à polícia parar e revistar qualquer pessoa sobre a qual paire "suspeita razoável".

Uma semana depois, o Departamento de Educação do Arizona determinou que professores com sotaque não tenham permissão para ensinar alunos que estão aprendendo inglês.

As negativas do governo do Arizona de que a nova lei de imigração seja discriminatória não foram suficientes para impedir protestos em diversas cidades americanas, boicote a empresas e ao governo do Estado e ações na Justiça.

A lei provocou também reações de diversos países e organizações. O Itamaraty disse, em nota, que o Brasil "se une às manifestações contrárias à lei" e "espera que seja revista".

O México foi além e recomendou a seus cidadãos que evitem viagens ao Arizona, em uma medida que pode comprometer a indústria do turismo no Estado.

A polêmica, porém, está longe de ser encerrada. Pesquisas de opinião divulgadas nesta semana revelam que os americanos ainda permanecem divididos a respeito da questão da imigração e do que fazer com os cerca de 12 milhões de ilegais que atualmente vivem no país.

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