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A reconstrução do Haiti

Rogério Simões | 2010-01-18, 17:02

haitiblog2.jpgA prioridade do momento no Haiti ainda é salvar vidas. Enquanto as chances de se encontrar algum sobrevivente nos escombros de Porto Príncipe diminuem, uma semana após o devastador terremoto, o trabalho de agências humanitárias e tropas internacionais visa distribuir água, comida e medicamentos para evitar um número ainda maior de vítimas fatais. Mas já está claro, tanto para a Organização das Nações Unidas como para os governos diretamente envolvidos no futuro do Haiti, que o país terá de ser reconstruído. Não há governo operante, não há infraestrutura, e a economia está como os prédios da capital, em ruínas. O Haiti terá de renascer praticamente do zero, e a atual operação de ajuda precisará ser mantida por vários anos.

Trata-se de uma oportunidade única para a comunidade internacional mostrar que aprendeu com os erros e acertos do passado na difícil missão de reconstruir um Estado. Deu certo no Japão do pós-Guerra e, apenas parcialmente, na Alemanha (um país dividido por mais de 40 anos não pode ter sido um exemplo perfeito de reconstrução). Mas outros Estados falidos ou decapitados são símbolos de fracasso de ações recentes da comunidade internacional. Na Somália, por exemplo, a ONU tentou implementar uma megaoperação de socorro no início dos anos 90, em meio à guerra civil. A ação, que chegou a contar com quase 30 mil soldados, inclusive marines americanos, foi muito tímida ou muito ambiciosa, dependendo do ponto de vista. A verdade é que não deu certo, entre outras razões por não ter o apoio de lideranças locais. A Somália conitnua hoje uma terra de ninguém, sem Estado operante, um país fragmentado, fértil para a ação de piratas e milícias seguidoras da Al-Qaeda.

No Afeganistão, os ataques do Taleban nesta segunda-feira, em Cabul, mostram como o país continua engatinhando no caminho da estabilidade interna. Os Estados Unidos, seus colegas na Otan e a ONU parecem tentar de tudo, mas a tão sonhada reconstrução do Afeganistão não se realiza. No Iraque, por sua vez, a situação melhorou, mas os primeiros anos da ocupação americana foram uma receita de como não tentar reconstruir um Estado. O projeto americano, de impor um modelo econômico e político, de dar as cartas sem considerar a realidade local (política, religiosa e cultural) e de pensar em lucros e oportunidades antes de o país se reerguer, foi um desastre, como mostrou sobre a Zona Verde de Bagá.

O Haiti tem muitos dos elementos vistos na Somália ou no Iraque: ausência de um governo em funcionamento, milhões de pessoas afetadas pela morte violenta de familiares (em uma guerra ou em um desastre natural), uma economia destruída, população descrente do mundo exterior e um passado recente de violência política. A comunidade internacional terá de trabalhar com as necessidades dos haitianos em mente, evitar conflitos de interesse das nações envolvidas na reconstrução (Brasil e Estados Unidos terão de operar juntos, em sintonia) e criar bases sólidas para um futuro de estabilidade política e econômica para o país. Nada disso foi feito nos fracassos recentes. No Haiti, o mundo precisará provar que agora sabe como reconstruir uma nação.

°ä´Ç³¾±ð²Ô³Ùá°ù¾±´Ç²õDeixe seu comentário

  • 1. à²õ 10:27 AM em 18 fev 2010, John escreveu:

    Os missionarios americanos foram libertados. Apenas a lider do grupo vai ainda ser questionada pelas autoridades do Haiti sobre as alegacoes que os grupo estava traficando criancas. Porem, espera-se que ela tambem seja libertada sem maiores complicacoes. Os missionarios alegaram estar querendo ajudar as criancas acelerando o processo de adocao e leva-las para um canto melhor na Republica Dominicana. Nao tinham os documentos necessarios para faze-lo. Documentos os quais sao necessarios para garantir que criancas pobres nao sejam levadas e utilizadas para outros fins, como trabalho escravo, abuso sexual e prosituicao.
    Entendemos a nobre causa, claro. Queremos que as criancas estejam em lugares com estrutura para que nao sofram e onde tenham os recursos necessarios para seu crescimento. Mas sera que podemos confiar nos missionarios apenas pela nobre causa que dizem estar colocando em pratica? Sera que se os missionarios fossem brasileiros, eles teriam esse reconhecimento/apoio mundial? Sera que apenas por que os missionarios veem de um pais desenvolvido eles querem fazer o bem? Estamos nesse exato momento acompanhando um grande problema que ocorre na Irlanda – criancas sofrendo abusos sexuais cometidos por padres e religiosos que teoricamente fazem o bem.
    Coincidencia ou nao, outro fator que nao favorece a causa dos missionarios e que os mesmos utilizavam, mesmo que por pouco tempo, um consultor legal procurado pelos EUA e El Salvador pelos mesmos motivos que os missionarios estavam detidos. Curioso nao?
    A liberacao dos acusados foi acelerada ja que os pais das criancas disseram que os mesmos haviam entregado as criancas para os missionarios esperando que seus filhos e filhas fossem levados a um canto melhor. O que nao sabemos eh se os missionarios enganaram os pobres e desesperados haitianos. Muito menos sabemos se realmente eles tinham o reconhecimento dos pais, ja que puderiam muito facilmente oferecer dinheiro aos pais para alegar isso – afinal, as criancas ja estavam devolta pra casa e um dinheiro a mais eh sempre bem vindo para quem tem dificuldades financeiras.
    Concordamos sim, com as nobras causas, mas temos que tomar cuidado quando protegemos alguns e encorajamos os mal-intencionados a fazer o mal sabendo que podem alegar estar praticanco uma nobre causa.

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