E agora, o que será de Tony Blair?
Depois de passar dez anos no comando da Grã-Bretanha, Tony Blair se despediu nesta quarta-feira do cargo de primeiro-ministro, assumindo em seu lugar o até então ministro da Economia, Gordon Brown.
Se encostasse o ouvido no peito de grande parte do eleitorado - como diz a expressão consagrada pelo Pasquim - Tony Blair ouviria um sonoro "Já vai tarde!!!!" Pelo menos essa é uma das muitas leituras que podem ser feitas das pesquisas de opinião.
Cruel ironia da polÃtica! Ele, que chegou ao poder em 1997 comandando uma vitória esmagadora do Partido Trabalhista nas urnas. Ele, que foi a personificação da esperança representada pelo Novo Trabalhismo, sai agora praticamente eliminado da liderança pelo seu próprio partido como um peso morto. Um peso pesado que fez afundar a popularidade dos trabalhistas.
Com a impopular decisão de invadir o Iraque e de ter se aliado quase que incondicionalmente ao presidente americano George W. Bush, Blair viu seus Ãndices de aceitação despencarem gradativamente. Nem a jura de que tudo foi feito com a melhor das intenções tem sido suficiente para convencer os eleitores mais céticos.
Mas ninguém discute a capacidade de Tony Blair como lÃder polÃtico. Inteligente, firme e comunicativo, ele deixa o poder como o primeiro-ministro trabalhista que mais tempo se manteve no cargo. Sob a liderança de Blair os trabalhistas conseguiram vencer três eleições, as duas últimas principalmente graças à estabilidade que a economia do paÃs desfrutou nestes 10 anos.
Mas, o desgate causado pela guerra e pela ocupação desordenada do Iraque, acabou ofuscando as conquistas do primeiro-ministro. Muitos britânicos já esqueceram o sucesso de Blair na condução do processo de paz na Irlanda do Norte. Na opinião da maioria da população, nem o enorme investimento feito pelo governo Blair em saúde e educação foi suficiente para sustentá-lo no comando da nação.
Em seu lugar assume o ministro da Economia, Gordon Brown, com enormes desafios à frente. O maior deles, recuperar a liderança perdida nas pesquisas para os conservadores e garantir mais um mandato ao partido trabalhista nas próximas eleições.
Para Tony Blair, o futuro reserva algumas opções de trabalho. Imediatamente ele volta a ocupar seu assento de simples deputado no parlamento britânico. Mas não é certo que ele permaneça no legislativo britânico, pois logo após sua renúncia veio a notÃcia de que ele foi apontado por Rússia, Estados Unidos, União Européia e ONU para mediar a paz no Oriente Médio.
Resta saber como anda a popularidade do ex-primeiro-ministro entre os lÃderes daquela região.