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Arquivo para dezembro 2007

A arte de prever o futuro

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Rogério Simões | 16:05, sexta-feira, 28 dezembro 2007

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Semanas atrás, como acontece há vários anos, nós aqui na ý participamos de uma reunião especial para debater os prováveis destaques no cenário internacional no próximo ano. O evento, do qual participaram jornalistas da ý de várias nacionalidades, teve como base a edição especial da revista , chamada . O editor da publicação, Daniel Franklin, apresentou seus dez destaques, o que gerou uma interessante troca de opiniões/previsões/dúvidas dos outros jornalistas presentes. Como todos sabemos, é muito difícil prever o futuro, mas trata-se de um exercício estimulante e divertido.

Franklin abriu sua lista falando da China, que segundo a Economist deverá se tornar a terceira maior economia do mundo (atrás de Estados Unidos e Japão) e o maior exportador (superando a Alemanha). Ele ainda arriscou dizer que os chineses conseguirão mais medalhas de ouro do que os americanos nos Jogos Olímpicos de Pequim. Outros dois temas no topo da lista de Franklin eram também fáceis de identificar: as eleições presidenciais americanas, em novembro, e o meio ambiente, já que as disputas envolvendo cientistas e políticos em torno do aquecimento global continuarão intensas.

Duas outras previsões de Daniel Franklin chamaram minha atenção, por representarem uma volta a um passado não muito distante: o avanço do "modo de pensar" russo, liderado pelo presidente Vladimir Putin, como uma alternativa à fórmula ocidental "democracia + livre mercado"; e o retorno do risco político para a economia mundial, algo que muitos imaginavam estar superado, depois da disseminação da democracia liberal na década de 90. O fato é que há, certamente, sinais de que estamos voltando a viver em um mundo onde as saídas políticas são menos previsíveis e mais capazes de influenciar o cenário econômico global. É só observar o peso que têm hoje as decisões dos governos de Rússia, Venezuela, Irã e China no cenário internacional.

Outra revista que arriscou seus palpites para 2008 foi a recém-criada , que convidou especialistas para discutir o novo ano. Em seu artigo, Michael Shifter previu um distanciamento ainda maior entre América Latina e Estados Unidos, enquanto Michael Axworthy acredita em poucos avanços nas relações entre o governo americano e o Irã. A Monocle também apontou cinco regiões do mundo que devem estar em evidência, entre elas a Bahia, por causa do cultivo de cana-de-açúcar para álcool combustível.

A Economist não fugiu de uma auto-avaliação sobre suas previsões para 2007, feitas no final de 2006. Em um dos textos de sua edição especial, Daniel Franklin lembrou os acertos da revista, que apostou na eleição de Nicolas Sarkozy na França e previu um confronto entre islamistas e secularistas na Turquia. Mas ele admitiu erros, como acreditar que o então primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, se fortaleceria ao longo do ano (Abe acabou deixando o cargo).

Erros como esse não impedem que previsões sejam feitas pelo mundo afora, por analistas, consultores, videntes, jogadores de búzios e, logicamente, jornalistas. Franklin inclusive inclui na sua lista de destaques para 2008 o avanço do "futurismo", exercício que substituiria a "futurologia" e daria mais atenção a mudanças que afetem um pequeno grupo social, as "microtendências", ou relativas a um curto espaço de tempo. Em um mundo onde tudo muda com uma rapidez nunca vista, a arte das previsões estaria agora em identificar mudanças nos próximos meses, não nos próximos anos ou décadas. Mesmo assim, futuristas evitam ser categóricos sobre o que vai acontecer, sempre deixando margem para apostas alternativas. Afinal, eles sabem que, mesmo em suas microprevisões, serão certamente supreendidos pelo que nos aguarda em 2008. Feliz ano novo a todos.

Parabéns à ý, duas vezes

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Rogério Simões | 10:54, quarta-feira, 19 dezembro 2007

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Neste 19 de dezembro, o Serviço Mundial da ý celebra 75 anos de existência. Como já temos contado, em nosso especial sobre o aniversário, grande parte da história do século 20 e do jovem século 21 foi registrada pelo serviço, em coberturas que fortaleceram a imagem da ý de objetividade, correção e imparcialidade. Inicialmente apenas em inglês, esse noticiário internacional, transmitido na época por meio do rádio, em ondas curtas, expandiu-se para outras línguas, que somam hoje 33, atingindo os cinco continentes.

O Serviço Mundial é mantido com fundos do Tesouro britânico, e por isso alguns podem questionar seu distanciamento do poder político em Londres. Mas análises históricas do comportamento do noticiário internacional da ý, especialmente durante da Guerra de Suez, nos anos 50, mostram que a ý conseguiu manter sua independência nas mais difíceis circunstâncias. Tal feito levou o Serviço Mundial a ser uma das mais respeitadas instituições do jornalismo mundial. Em coberturas recentes, como as do genocídio em Ruanda e do 11 de Setembro, o trabalho dos jornalistas da ý mostrou que o século mudou, mas a qualidade do Serviço Mundial continua reconhecida no mundo todo. Assim como o compromisso da ý com a liberdade de expressão, tema da série especial sobre o aniversário.

Portanto parabéns à ý, mas não apenas uma, e sim duas vezes: o aniversário do Serviço Mundial apenas dá início a um período de três meses que culminará em março, quando a ý Brasil completará 70 anos. Muitos demonstram surpresa ao saber que o serviço brasileiro da ý já existe há sete décadas. Mas o fato é que o português, assim como o espanhol, árabe, alemão e francês, foi uma das primeiras línguas estrangeiras contempladas com um serviço de rádio da ý, em 1938. Nestes 70 anos, a ý Brasil nunca deixou de existir (outros serviços chegaram a ser encerrados e depois recriados) e transformou-se completamente, das emissões em ondas curtas até os tempos de multimídia. Internet, vídeo e rádio convivem hoje no site da ý Brasil e em seus parceiros, levando aos brasileiros uma ampla cobertura sobre o que de mais importante ocorre no mundo e um crescente material sobre as questões centrais que afetam o Brasil.

Desde meados de 2006, a ý Brasil tem uma redação em São Paulo, além de sua sede em Londres. Considerando que os brasileiros são inundados por informações a todo minuto, enviadas das mais variadas formas, o desafio das duas equipes, de satisfazer as necessidades do leitor/ouvinte/espectador brasileiro, não é fácil. Mas o compromisso da ý para o Brasil ainda é único: um serviço público de notícias para informar, esclarecer e fomentar discussões, conectando o país com o resto do mundo.

Até março, teremos várias coberturas importantes, enquanto celebramos nosso aniversário. Entre elas, as primárias para candidatos presidenciais nos Estados Unidos, as eleições na Rússia e uma série especial que aproximará brasileiros e latino-americanos. Aproveitem.

Spam Party

Daniel Gallas | 16:06, quinta-feira, 13 dezembro 2007

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Tudo começou com um e-mail inofensivo da área de tecnologia da ý informando que um serviço anti-spam da empresa entrara em manutenção para investigação de uma pane e que um servidor alternativo seria colocado em ação.

Não entendeu? Nem eu. Apaguei e continuei trabalhando.

Alguns minutos depois, recebo outro mail de um dos mais de 26 mil funcionários da ý: "Porque estou recebendo isso?" E na seqüência, mais um punhado de mails com alguma variação da mesma pergunta.

No décimo mail, a explicação: estávamos todos em uma lista de avisos para funcionários da ý com sobrenomes que começam com as letras G, H, I e J.

Ironicamente, o serviço anti-spam deu início a uma série de e-mails indesejados (ou seja, spam) de funcionários reclamando sobre... o recebimento de e-mails indesejados (pasmem, spam!).

Eu acho que a coisa começou a sair do controle lá pelo décimo sexto e-mail, quando um funcionário do escritório em Belgrado, na Sérvia, mandou a seguinte mensagem: "Eu apenas acho que todos gostariam de saber que está frio aqui e que tem uma banda cigana tocando".

Foi o divisor de águas. A partir de então, nos dividimos em dois grupos: os funcionários de G-J que estavam irritados com a proliferação de bobagens e os G-J que estavam(os) gostando da brincadeira.

O segundo grupo inclusive começou a planejar a Primeira Festa de Natal dos Funcionários Espameados da ý com Iniciais de G, H, I e J.

Aqui estão alguns dos mais de 100 e-mails que recebi de funcionários da ý - desde um correspondente de automobilismo na China à uma diretora de um seriado de televisão de ficção científica, aqui em Londres:

- "Alguém quer tomar uma cerveja hoje?"
- "Parece uma boa, especialmente com uma banda cigana tocando no fundo"
- "Estou me sentindo um pouco frágil hoje de manhã depois da festa de Natal de ontem, então talvez tenha que tomar uma cerveja outro dia."
- "Posso trazer tortas de frutas?"
- "Desculpa perturbar todos, mas eu gostaria de uma torta de frutas, porque hoje é meu aniversário."

Qualidade que dá resultado

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Edson Porto | 20:07, terça-feira, 11 dezembro 2007

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Em meio a uma crise de vendas e, principalmente, confiança geral no futuro da mídia impressa, duas instituições britânicas estão mostrando como é possível enfrentar o pessimismo predominante.

O caso de maior sucesso é o da revista . Em dezembro o grupo que controla a revista anunciou um crescimento de 25% nos seus lucros semestrais e afirmou que as assinaturas continuam crescendo de maneira estável, sendo que a tiragem da revista já passa dos 1,3 milhões de exemplares globalmente.

Quando divulgou os números neste mês, o grupo que publica a revista disse que sua edição impressa tem um “futuro muito forte”. Isso mesmo com a revista oferecendo seu conteúdo semanal de graça na rede.

A outra instituição britânica que anda dando sinais de fôlego é o jornal . É verdade que a história recente do jornalão de economia tem se mostrado menos tranquila do que a da revista. Há dois anos, o diário estava enfrentando uma crise que misturava queda de vendas, de receita com publicidade e de confiança. Mas no último ano e meio o jornal conseguiu sair da má fase e melhorou em todos os pontos, especialmente no faturamento e no lucro, em parte baseado em um aumento de vendas em papel e de audiência no site do jornal.

Fui na semana passada a uma palestra do presidente do jornal, John Ridding, que assumiu o jornal há apenas um ano e meio quando ainda tinha 40 anos. Jovial e energético, ele diz que a principal razão do sucesso é a aposta na qualidade que a empresa tem feito. “Temos 500 jornalistas de alta qualidade espalhados pelo mundo e isso tem muito valor”, afimou ele, que disse que apesar dos cortes feitos em várias áreas do jornal nos últimos anos, o investimento no fortalecimento editorial dos principais setores do Financial Times continua intocado.

É natural que Ridding faça essa defesa. E é natural que um jornalista, como eu, goste de ouvi-la. Mas para além da minha inclinação em acreditar no discurso que defende que “qualidade dá resultado”, tanto o caso da Economist quanto do Financial Times parecem indicar a mesma coisa. As duas empresas apostam em um nicho de mercado (economia e política internacional), mantém um foco forte e um alto padrão de qualidade jornalística e de investimento nessa qualidade.

A despeito da minha opinião, é com essas armas que elas estão se diferenciando do mar de conteúdo que nos afoga por todos os lados e ganhando dinheiro.

De olho na Amazônia

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Rogério Simões | 12:44, quarta-feira, 5 dezembro 2007

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Neste ano de grandes debates e relatórios sobre aquecimento global, a preocupação com o futuro da Amazônia aumentou ainda mais. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que visitou o Brasil e sua maior floresta, disse, ao final de mais um encontro do IPCC (Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas), na Espanha, que a Amazônia está "sendo sufocada". Meses atrás, quando esteve em Londres, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve de rebater acusações de que o avanço da agropecuária brasileira estava ameaçando o ecossistema da região. Lula defendeu ainda que os habitantes da Amazônia têm direito ao desenvovimento, a uma vida melhor.

A imprensa brasileira decidiu mergulhar no assunto. O jornal produziu, no final de novembro, uma ampla sobre a Amazônia. Nesta semana, a , em seu Bom Dia Brasil, tem apresentado uma sobre os brasileiros esquecidos que vivem espalhados pela região. Nós, aqui na ý Brasil, escolhemos um tema específico: a polêmica em torno da construção de duas usinas hidrelétricas no Rio Madeira, um dos mais importantes da Amazônia. Nossa série especial, da repórter Carolina Glycerio, tem como objetivo mostrar quais os riscos de uma obra de grande porte para a comunidade e o ecossistema locais e qual a sua importância, diante das necessidades do país e da própria região.

Como mostra a nossa reportagem, as futuras hidrelétricas no Rio Madeira já dividem a comunidade local. Uns temem pelos impactos do alagamento provocado pelas barragens, enquanto outros vêem com bons olhos a chegada do "progresso". Mas qualquer intervenção do ser humano no coração da floresta pode ter conseqüências que vão além da região e seus moradores, seus peixes e suas plantas. A Amazônia, sempre chamada de "pulmão do planeta", é considerada vital para o combate ao aquecimento global, por causa do trabalho de retenção de gás carbônico (CO2) feito por sua vegetação. Mas, se ela for destruída, o impacto negativo, segundo cientistas, será dobrado: a morte de grande parte da floresta não apenas deixará o planeta sem um importante alívio às emissões de carbono, mas agravará ainda mais o problema.

Segundo especialistas que estudam a relação entre grandes florestas e o efeito estufa, o desaparecimento gradual da Amazônia pode fazer da floresta o maior emissor de gás carbônico do mundo. Como lembra , o carbono hoje guardado na vegetação passaria para a atmosfera, num processo que faria da Amazônia o maior vilão do aquecimento global em todo o mundo. E por que a Amazônia desapareceria? Devido à ação direta do homem, como em queimadas ou corte de árvores, mas também, e cada vez mais, pelos próprios efeitos do aquecimento global, que tem tornado o clima na região amazônica mais seco. Portanto um planeta mais quente contribui para a destruição da Amazônia, o que por sua vez vai aquecer ainda mais a Terra. De vítima, a Amazônia passaria a ser uma ameaça.

As usinas previstas para o Rio Madeira não têm, elas mesmas, responsabilidade direta sobre esse processo. Nem os moradores dos rincões do Brasil devem ser vistos como cidadãos de segunda classe, sem direito a saneamento básico, eletricidade ou estradas. Mas o aproveitamento do potencial econômico da Amazônia, seja em seus rios, seu solo ou seus minérios, revive a famosa questão: se a região deve ser vista como um santuário, do qual depende todo o planeta, ou uma área a ser explorada economicamente, mesmo de forma criteriosa e dentro da lei. Quando tivermos finalmente a resposta, talvez seja tarde demais.

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