´óÏó´«Ã½

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Caso de saúde pública... O debate continua

Monica Vasconcelos | 12:06, terça-feira, 31 julho 2007

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Quando escrevi esse blog, tinha lá no íntimo uma esperança de que os leitores fossem responder contando histórias positivas, de pessoas que dependem da saúde pública no Brasil e que tiveram boas experiências.

Ao invés disso, recebi várias críticas, algumas pessoais, por ter ousado compartilhar minha experiência.

Se tiverem o cuidado de ler meu texto direito, vão ver que não critiquei a medicina brasileira, muito pelo contrário. Só critico o fato de que a medicina cinco estrelas que existe no país não esteja disponível para todos, como eu gostaria.

Porque meu pai, um médico que sempre fez medicina por amor e vocação, me ensinou desde criança que medicina não deve jamais ser um comércio.

Na Grã-Bretanha, ela é pública, o que em princípio é uma coisa maravilhosa. Mas os resultados são bastante irregulares.

Estou à procura de alternativas possíveis para uma saúde melhor para todos.

Que tal fazermos uma discussão construtiva?

Celebridades por todos os lados

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Rogério Simões | 13:58, quinta-feira, 26 julho 2007

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Até dois meses atrás, eu não tinha idéia de quem era Lindsay Lohan. Após ver seu nome espalhado em seguidas manchetes de jornais populares, nas mãos de outros passageiros do meu ônibus diário, fiz uma rápida pesquisa no Google. Descobri que Lohan é uma atriz americana cujo currículo inclui filmes como "Mean Girls" e "Freaky Friday", cuja existência eu também desconhecia. Mas acabei reconhecendo um momento familiar de sua carreira: sua competente atuação no filme "Bobby", sobre o assassinato do senador Robert Kennedy, em 1968, que eu havia visto recentemente. Trata-se de uma produção apenas regular, mas bem intencionada, e Lohan demonstra talento como atriz.

Entretanto, nada no currículo dessa bela jovem de 21 anos, às vezes loira, às vezes morena, justifica sua constante presença na mídia. Pouco se fala sobre seus planos profissionais, seja no cinema ou no mundo da música (a moça tem dois discos lançados). O assunto é sempre seus excessos, que nos últimos dias incluíram uma prisão por dirigir sob os efeitos do álcool. Nesta semana, na CNN International, uma apresentadora e uma repórter discutiam ao vivo, dentro do noticiário, a vida pessoal da atriz, como se fosse tão importante como o aquecimento global ou a guerra no Iraque. No programa de Larry King, também na CNN, o pai de Lohan, Michael, foi entrevistado para falar dos problemas enfrentados pela jovem. , as sucessivas e até o dos seus pais foram notícia no site em inglês da ´óÏó´«Ã½. Aqui na ´óÏó´«Ã½ Brasil, onde não há uma cobertura regular da indústria do cinema, a vida particular de celebridades ganha espaço apenas quando sua relevância claramente extrapola o mundo dos famosos. Foram, por exemplo, os casos da separação de Jennifer Aniston e Brad Pitt e da prisão de Paris Hilton. Mesmo assim, a notícia de um acidente de carro com Lindsey Lohan acabou sendo registrada em nosso site, em 2005.

Que o público da Europa, dos Estados Unidos, do Brasil ou de qualquer parte do mundo se interessa por celebridades não é novidade. Mas a indústria que se desenvolveu em torno de pessoas famosas apenas por serem famosas é algo sem precedentes. A mídia, dos jornais ao YouTube, passando pelos canais de notícias 24 horas, está no centro desse fenômeno. A combinação é (quase) sempre a mesma: uma pessoa jovem, bonita e rica, com uma vida social agitada, transforma-se em objeto de consumo e obsessão de empresários, jornalistas e, o que é mais determinante, do público.

Em tempos de "Big Brother", não é preciso mais ganhar um Oscar, ter seu disco na parada de sucessos ou ser o melhor esportista da sua modalidade. David Beckham não seria incluído em nenhuma lista dos 50 melhores jogadores de futebol da atualidade, mas sua apresentação ao LA Galaxy foi transmitida ao vivo, por pelo menos cerca de meia hora, pelos canais ´óÏó´«Ã½ News 24, CNN International e Sky News. Sites no Brasil chegam a publicar notícias do tipo "Famosos vão ao teatro", o que parece ser suficiente para atrair o leitor. Estamos cercados, por todos os lados, de "celebridades" de currículo duvidoso, que por sua vez vivem sob o cerco da mídia e do público. Se tal cerco é claramente apresentado como puro entretenimento, menos mal. Pior é quando o jornalismo se rende a notícias irrelevantes, sobre personalidades de fama inexplicável.

A tragédia vista de fora

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Rogério Simões | 17:23, quarta-feira, 18 julho 2007

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Acidentes com aviões sempre ganham manchetes em todo o mundo. Trata-se de um acontecimento com que qualquer um que já entrou em uma aeronave ou pensa em fazê-lo algum dia se identifica. Mas a cobertura estrangeira do acidente com o Airbus da TAM foi além. Em jornais, sites na internet ou discussões com especialistas na televisão, vários aspectos que diferenciam essa tragédia de outras foram explorados em detalhes nesta quarta-feira. As autoridades liberaram uma pista que não estava preparada para operações em dias de chuva? O acidente é conseqüência direta da crise que vem enfrentando o setor aéreo brasileiro? Como pode o mais movimentado aeroporto do Brasil ser localizado dentro de uma grande cidade, cercado de avenidas e prédios?

Aliados ao sofrimento causado pela perda de duas centenas de vidas humanas, esses detalhes da tragédia deram à notícia elementos novos, curiosos e chocantes. É difícil descrever para qualquer estrangeiro o que é o aeroporto de Congonhas. Mais complicado ainda é (tentar) explicar por que melhorias foram feitas na parte interna do aeroporto antes que os problemas das pistas fossem resolvidos. Missão quase impossível é traduzir para o mundo aqui de fora, em poucas palavras, a saga dos últimos meses de crise na aviação. Esse tom de ineditismo do acidente da TAM aumentou o interesse pela notícia e fez com que TVs, jornais e sites exibissem um Brasil muito mais caótico do que seus agentes de turismo gostariam.

Os assuntos que vinham ocupando as manchetes brasileiras até então despertavam pouco ou quase nenhum interesse aqui no exterior. Suspeitas de corrupção envolvendo membros do Congresso, do governo federal ou da Justiça são áridas demais para o leitor estrangeiro. Além disso, a corrupção é um problema que não desperta muita pena ou simpatia de outros povos, especialmente quando, como no caso do Brasil, ela parece contaminar todas as esferas do poder público. O leitor/espectador na Europa, nos Estados Unidos ou na Ãsia se solidariza com vítimas de terremotos, guerras ou regimes ditatoriais. Mas, se em uma democracia favores pessoais falam mais alto do que o interesse público, o leitor estrangeiro reage com indiferença. Afinal, uma sociedade democrática afetada pela corrupção sofre de um mal que ela mesma alimenta.

A queda do Airbus, com sua "bola de fogo" exibida a todo momento nas TVs aqui da Grã-Bretanha e de outras partes do mundo, parece ter unido o noticiário das deficiências administrativas no Brasil (voluntárias ou não) com a solidariedade que tragédias de grande proporção costumam despertar. O leitor daqui de fora não se interessa pela corrupção ou incompetência brasileiras. No entanto, se supostos erros graves de autoridades vêm acompanhados do terror de um acidente aéreo, o público estrangeiro passa a se importar. Ainda não entende, mas se importa.

Caso de saúde pública

Monica Vasconcelos | 12:43, terça-feira, 17 julho 2007

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Como filha de médico, sempre tive acesso a uma medicina cinco estrelas no Brasil.

Depois de 15 anos vivendo na Grã-Bretanha, ainda me choco com o nível baixo da medicina oferecida nos postos de saúde - seu primeiro ponto de parada quando você tem qualquer problema médico que não seja uma emergência - daqui.

Nessas clínicas, você é visto por um clínico geral, ou GP, sigla inglesa para General Practitioner. A escolha das clínicas é determinada pelo bairro onde você mora. Quem tem sorte de morar perto de um posto de saúde onde há bons médicos, recebe um atendimento melhor.

Claro que existe um componente social aí: a probabilidade de você ser visto por um GP melhor aumenta se você mora em bairros mais afluentes. (Isso é teoria minha, podem me contradizer se acharem que estou enganada).

Na minha experiência, o GP, em um país onde a medicina é pública (não sei por quanto tempo isso ainda vai durar), funciona como um filtro que impede que você vá ao especialista. A idéia é que ele atenda a quem realmente precise. Além disso, quando você vai ao especialista, o governo gasta mais. Então, na prática, o que eu tenho vivenciado é que o GP evita que eu veja um médico especializado mas por outro lado não resolve meu problema. Ele vai receitando um remédio aqui, outro ali, e só me indica ao especialista se a coisa está mesmo muito brava.

Claro que nesse processo quem sofre é o paciente. Digamos que eu tenha um probleminha de pele. Aquilo não oferece risco sério para a minha saúde, mas pode causar extremo desconforto. Provavelmente vou ficar meses sofrendo com aquilo, porque o GP não vai me mandar para o dermatologista até a coisa ficar intolerável.

Talvez existam aí outros fatores.

O nível da formação oferecida aos médicos caiu muito (aliás, não só na Grã-Bretanha). É possível que o clínico geral à antiga fosse capaz de diagnosticar e tratar coisas que os GPs de hoje, menos preparados, não conseguem. Além disso, o Sistema Nacional de Saúde britânico, o NHS, na sigla inglesa, está passando por uma crise terrível e os médicos estão desmotivados.

Enfim, contei toda essa história para chegar a um caso feliz.

Uma grande amiga passou por uma gravidez dificílima. Ela tem 42 anos e estava esperando gêmeos. Por causa da idade, ela acabou conseguindo passar na malha fina e foi vista por um especialista fera, que identificou um problema sério com os bebês.

Resultado, sem pagar nada mais do que as contribuições mensais que todo cidadão britânico faz para o sistema de saúde, minha amiga foi operada no quinto mês de gravidez. Os médicos operaram os gêmeos dentro da barriga dela. A técnica é bastante moderna, só existe há cinco anos.

Depois da cirurgia, ela foi acompanhada com ultrassons semanais.

No sétimo mês, foi feita uma cesariana. Havia 13 pessoas na equipe que fez a cirurgia. Agora, os gêmeos estão em uma encubadora. Vão ficar lá por pelo menos seis semanas.

Imagine o custo de um tratamento como esse. E quem está bancando tudo é o NHS. No Brasil, talvez só sendo rico, filho de médico (e olhe lá…) ou tendo um bom plano de saúde.

O super ah-sai-ee

Maria Luisa Cavalcanti | 11:16, sexta-feira, 13 julho 2007

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A paranóia londrina pela alimentação saudável agora ganhou reforço brasileiro: o açaí (ou ah-sai-ee, segundo ensinam os rótulos).
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A frutinha chegou com tudo às lojas de produtos orgânicos e às redes de supermercado chiques da cidade, sendo festejada como "the Amazon Rainforest Superberry".

Ela vem como ingrediente de sucos e smoothies relativamente caros, com preços de até 4 libras (cerca de R$ 15). Mas em compensação, dizem os fabricantes das bebidas, o ah-sai-ee é "a fruta mais antioxidante encontrada na natureza", "uma usina nutricional natural", "a única que contém ômegas 6 e 9".

Por tudo isso, nosso açaí é o último adendo à moda das superfoods - alimentos teoricamente repletos dos nutrientes essenciais a uma vida saudável. Fazem parte desta lista o abacate, a soja, a romã, o espinafre, as sementes de linhaça e várias outras.

Só que até agora não houve comprovação científica para isso, e muita gente já deixa de variar a dieta só para se alimentar de superfoods. Por isso, desde o começo do mês a União Européia proibiu que produtos contendo esses ingredientes sejam "marketeados" como sendo superfoods.

Se isso vai afetar as vendas do ah-sai-ee? Ainda é cedo para dizer. Mas um consumidor mais atento vai perceber que a frutinha amazônica compõe apenas 20% dos preparados - o resto é, em geral, suco de uva.

Por dentro do Serviço Mundial

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Rogério Simões | 12:43, quinta-feira, 12 julho 2007

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Nesta quinta-feira, o canal de TV digital ´óÏó´«Ã½ 4 traz aqui na Grã-Bretanha a terceira e última parte de um documentário sobre o Serviço Mundial, o mais famoso braço internacional da ´óÏó´«Ã½ e do qual faz parte a ´óÏó´«Ã½ Brasil. Chamado de "London Calling: Inside the ´óÏó´«Ã½ World Service", o documentário registrou, pela primeira vez, os bastidores da produção jornalística da ´óÏó´«Ã½, em um dos momentos mais desafiadores da história do Serviço Mundial.

Filmado entre dezembro de 2005 e maio de 2007, pela produtora independente , o programa registrou o fechamento de dez dos então 43 serviços de línguas da ´óÏó´«Ã½, a maioria deles do Leste Europeu, e a decisão do Serviço Mundial de investir em um canal de TV de notícias em árabe, a ser lançado ainda em 2007. Foi o período de maior transformação em toda a história do Serviço Mundial, que em dezembro completa 75 anos. Esse momento de decisões difíceis e diferentes realidades internas levou a primeira parte da série a ser chamada de "Vencedores e Perdedores". Entre os vencedores, estariam os serviços de línguas em expansão, como o árabe e o afegão. Os perdedores seriam aqueles que foram fechados ou têm dificuldades em seus mercados, como o serviço russo. A ´óÏó´«Ã½ Brasil perdeu vagas nas mudanças de 2005/2006, mas aumentou os investimentos no Brasil, com a abertura de uma redação em São Paulo (a primeira da ´óÏó´«Ã½ na América Latina), e seu número de leitores/ouvintes/espectadores cresce a cada ano. Portanto podemos nos considerar parte do grupo dos vencedores.

O documentário se destaca pela honestidade com que retrata o trabalho do Serviço Mundial, cuja direção não teve nenhuma influência sobre o conteúdo a ser exibido. As ordens eram as mesmas para qualquer "produto ´óÏó´«Ã½": correção, transparência, equilíbrio etc. A segunda parte do programa, exibida na semana passada, tratou da cobertura da guerra entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah, cujo início completa um ano neste 12 de julho. O documentário mostrou o trabalho do correspondente do serviço árabe da ´óÏó´«Ã½ em Haifa (Israel), registrando o sofrimento causado no lado israelense pelos mísseis lançados pelos xiitas libaneses em áreas civis. Do outro lado da fronteira, repórteres do Serviço Mundial mostravam a destruição no Líbano e o pavor causado pela guerra em um país onde a maioria dos mortos era de civis, grande parte crianças. O desafio aqui era, mais uma vez, ser equilibrado, neutro, imparcial.

O programa exibiu trechos de uma reunião interna do comando editorial do Serviço Mundial para avaliar a cobertura da guerra. Eu participei da discussão, realizada logo depois do conflito, no ano passado, representando a ´óÏó´«Ã½ Brasil, cuja cobertura também estava sendo avaliada. Sentado ao lado do diretor do Serviço Mundial, Nigel Chapman, o que me rendeu alguns segundos de involuntária exposição na TV britânica, eu tive a oportunidade de presenciar uma sincera avaliação de uma das mais importantes coberturas já feitas pela ´óÏó´«Ã½ nos últimos anos.

Nós da ´óÏó´«Ã½ Brasil fomos elogiados, especialmente pelo excelente trabalho do enviado especial Paulo Cabral, que de forma pioneira na empresa enviava diariamente material para rádio, internet e vídeo, para o qual ele mesmo registrava as imagens, sem auxílio de um cinegrafista. Não tínhamos um repórter de vídeo em Israel, mas Paulo estava onde ocorria, claramente, a destruição mais significativa durante o conflito (o número de libaneses mortos foi quase dez vezes maior que o de israelenses), e suas reportagens traziam sempre também a visão israelense.

Em Israel, as ótimas participações da repórter Guila Flint, em Tel Aviv, permitiu que os ouvintes de rádio e leitores do site da ´óÏó´«Ã½ Brasil conhecessem em detalhes e em primeira mão a realidade israelense durante a guerra. O material central da ´óÏó´«Ã½, com depoimentos em ambos os lados da fronteira, e a participação direta de leitores (entre eles moradores do Líbano e de Israel) ajudaram a trazer um retrato amplo de todos os pontos de vista relativos ao conflito. O documentário sobre o Serviço Mundial expôs os desafios dessa e de outras coberturas de forma honesta e equilibrada. Bom para o contribuinte britânico, que financia o Serviço Mundial e pôde conhecer mais de perto como se faz jornalismo dentro desta histórica instituição da ´óÏó´«Ã½.

Troca-troca

Ilana Rehavia | 15:28, quarta-feira, 11 julho 2007

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Uma nova e bem-vinda moda vai surgindo entre as britânicas: trocar roupa.

Sim, aquela velha prática de assaltar o guarda-roupa da irmã ou da melhor amiga agora se espalhou e virou até negócio.

A coisa começou com festas de troca de roupa, inicialmente reuniões espontâneas e caóticas entre amigas, agora festas organizadas por empresas especializadas.

Na cola vieram os sites de troca, como o e o .

A última empreitada foi uma loja de trocas, criada em Londres em caráter temporário pelo cartão de crédito Visa, com a proposta de "encorajar a moda sustentável". A atriz e estilosa de plantão Misha Barton (na foto) atuou de porta-voz e doou peças do próprio armário para apoiar a iniciativa.

Eu sou eternamente a favor de trocar roupas e estou planejando a minha primeira festa do tipo. Você não gasta nada, faz espaço no armário, ganha peças novas e ainda ajuda a não entulhar os lixões com toneladas de tecidos indesejados! Como eles dizem aqui, é uma "win-win situation".

Enfim, um atacante

Rodrigo Durão Coelho | 22:50, terça-feira, 10 julho 2007

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E parece que a mandinga ensinada pelo leitor Wanderley, no post anterior, funcionou. O sol vem brilhando na ilha da Família Adams desde o final de semana. Grande Wanderley.

De longe, pode parecer que o habitante daqui, que gosta de esporte, não teria do que reclamar do final de semana. Teve uma das finais de Wimbledon mais emocionantes dos últimos anos, GP de F1 em Silverstone com o moleque sensação e até a corrida de bicicletas mais famosa do mundo, a Volta da França, passou pela cidade. Mas estaria errado. Falta futebol.

Bem disse o amigo aí embaixo que o verão é o auge da vida, aqui em Londres. Como se os outros meses fossem só coadjuvantes. Tanto que, quando dá chabu, a vontade é pedir o dinheiro de volta. Mas, mesmo quando ele brilha glorioso, existe a sensação de que falta alguma coisa. Falta futebol.

Mesmo assistir à Copa América às vezes beira a aventura. Em 2005, vi o torneio de um bar latino em Finsbury Park que fechava suas portas e, clandestinamente, passava os jogos pela madrugada. A volta para casa, com os dias quase amanhecendo, me parece uma coleção de memórias oníricas e imprecisas. É preciso ter raça para fazer um negócio desses.

Tudo bem que de vez em quando acontece uma Copa do Mundo ou Eurocopa para tornar a vida mais completa. Mas como não é o caso nesses anos ímpares, só resta especular sobre o futuro.

O campeonato inglês desse ano promete ser acima da média. Além dos quatro principais times (Manchester United, Arsenal, Chelsea e Liverpool) estarem gastando com gosto para trazer bons jogadores, vai ser divertido acompanhar o Manchester City. O time foi comprado por um milionário tailandês (que, por sinal, era primeiro-ministro do país e está sendo procurado lá por corrupção) e contratou o técnico Sven Goran Eriksson. O sueco se tornou uma das pessoas mais desprezadas pelos ingleses depois da performance na última Copa do Mundo. Existe algo sugerindo que os jogos do time vão ser divertidos de se assistir.

Mas uma das maiores novidades é que, enfim, vamos ter um goleador brasileiro jogando em um time de ponta. Não como a infeliz passagem de um Jardel já fora de forma pelo Bolton. Ou mais um volante ou defensor.

O atacante Eduardo da Silva tem só 24 anos e marcou 31 gols na temporada passada, jogando pelo Dínamo Zagreb, da Croácia. Ao que tudo indica, agora ele vai substituir o grande Henry no comando de ataque do Arsenal.
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Os ingleses adoram gostar do futebol brasileiro mítico. Do drible, das cores, da Copa de 82. Apesar de ser um dos lugares que melhor paga os craques, os campos ingleses vêem pouco dos nossos compatriotas. Culpa, talvez, de leis do país, que dificultam a permissão de trabalho para quem não é europeu. Quem sabe agora eles vão poder ver um pouco do talento brasileiro marcando gols e decidindo campeonatos?

A bem da verdade, o novo atacante do Arsenal não é exatamente brasileiro. Eduardo desistiu disso há algum tempo e defende agora a camisa quadriculada da Croácia. Mesmo assim, está valendo. Como bem sabe quem conhece o verão daqui, não se pode querer tudo. Vem com fé, Eduardo!

Que droga de verão!

Ricardo Acampora | 20:26, sexta-feira, 6 julho 2007

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Olha que não sou de reclamar do tempo. Convivo sem bronca com os chamados elementos naturais.

Apesar da tristeza pela destruição que muitas vezes causam, consigo até ver beleza em temporal, raio, trovão, furacão, granizo, neve, arco-íris e outras peripécias meteorológicas.

Mas esse verão aqui na Grã-Bretanha está decepcionante. Só dá chuva, vento e frio. Enchentes atormentam o interior do país. Em Londres, a chuva não parou de atrapalhar o tradicional torneio de tênis de Wimbledon.
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Nem sombra de calor. A temperatura máxima não tem passado dos vinte e poucos graus Celsius. Frustrante!

Outro dia estava frio. FRIO EM JULHO???? Pois é!

O pior é que por aqui o verão é aguardado com muita expectativa.

Depois de aturar os rigores do inverno (quando escurece às 4 da tarde), todo mundo fica torcendo pela chegada do calor.

Normalmente, nessa época do ano tem luz do dia até às dez da noite. A cidade entra em ritmo de festa. O humor do povo se transforma. Os mais sizudos abrem o sorriso. Todo mundo desfila com menos roupa, fica mais relaxado. Os bares e os parques ficam lotados. Tem gente de todas as idades por todos os cantos, curtindo o calor.

Mas não esse ano. O verão está rídiculo!

E o que é pior, faz calor em vários lugares da Europa. Grécia e Itália fervem. Portugal e Espanha não vêem uma nuvem há um bom tempo. Até o inverno brasileiro está mais quente do que o verão daqui.

E todos sabemos que o inverno por aqui não falha. Já deve estar até ali na esquina, espreitando, aguardando setembro para entrar em cena.

Não, não agüento mais. Alguém conhece uma mandinga, uma simpatia para parar a chuva?

Estou a ponto de desistir. Mais uma semana de chuva e compro uma passagem para ir correndo curtir o inverno do Rio de Janeiro.

Medo em toda parte

Maria Luisa Cavalcanti | 20:07, quarta-feira, 4 julho 2007

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Não consigo ser tão relaxada quanto a minha colega Mônica, mas um pouco de racionalidade com certeza ajuda a ir tocando o dia-a-dia nesta cidade.

Quando coisas como o 7 de Julho, a ameaça dos explosivos líquidos ou os carros-bombas da última sexta-feira acontecem, a reação dos familiares e amigos no Brasil é imediata: "Você não está com medo?". Sim, estou apavorada! Odiei saber que, novamente, o perigo está tão perto. Que coisas corriqueiras como pegar um ônibus, ir a um bar ou entrar em uma loja podem custar a minha vida ou a das pessoas que gosto.

Mas aí entra a racionalidade da Mônica: qual a possibilidade que isso aconteça?

Meu pai, no espaço de dois anos, foi vítima de dois assaltos com tiros em São Paulo. Em uma, minha prima foi baleada na perna. Na outra, foi meu pai quem levou o tiro.

Era domingo e ele cometeu o erro de ir ao caixa eletrônico. Mesmo trajando bermuda e camiseta, e dirigindo um velho Passat vermelho, algum idiota resolveu achar que se tratava de um milionário.

Me lembro até hoje do desespero de ver meu pai com um buraco nas costas, jorrando sangue. Por sorte - outros diriam milagre - a bala passou a 1 centímetro da coluna vertebral e ficou ali, inofensiva, nessa "carninha" fininha que temos nas costas.

São lembranças como essa que me fazem contar pontos a favor de Londres e continuar tocando a vida por aqui.
Mas, claro, nada com a despreocupação absoluta de antes.

Alan Johnston livre

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Rogério Simões | 19:19, quarta-feira, 4 julho 2007

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Esta quarta-feira foi um dia particularmente feliz aqui na ´óÏó´«Ã½. O repórter e colega Alan Johnston (foto), seqüestrado por um grupo palestino, está livre. Sua libertação foi festejada de maneira especial aqui no prédio do Serviço Mundial, onde Alan começou sua carreira na empresa. Seus pais, Graham e Margaret, fizeram questão de vir até o nosso prédio para agradecer o apoio dos colegas de Alan durante os 114 dias de cativeiro. Foram recebidos de forma calorosa por dezenas de funcionários que, durante mais de três meses, revezaram-se em manifestações semanais pedindo a libertação do correspondente.

No jornalismo, são raros os dias em que conseguimos dar o que claramente pode ser chamado de boa notícia. Felizmente, esta quarta-feira foi um deles.

Hitler e o Oriente Médio

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Rogério Simões | 15:27, quarta-feira, 4 julho 2007

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Vários leitores enviaram mensagens à ´óÏó´«Ã½ Brasil para protestar contra uma reportagem publicada no nosso site. Sob o título "Hitler pode ter lançado holocausto 'por ter pegado sífilis de prostituta judia'", o texto noticiava que um estudo apresentado pelo psiquiatra Bassem Habeeb, em um congresso na Escócia, levantava a hipótese de que o anti-semitismo do ditador alemão devia-se à sua suposta experiência com a doença.

Daniel Benjamin Barenbein chamou o texto de "atrocidade". Mario Fuchs manifestou sua "repulsa" pelo que considerou uma "im´óÏó´«Ã½ilidade jornalística". Para Waldir Palacio a reportagem era um "material racista", e Roberto Mansur Szerman disse que "a matéria publicada é podre" e "carece de verdade". Algumas mensagens usaram termos agressivos, alguns impublicáveis.

Tecnicamente falando, a reportagem estava correta, apesar de problemas de forma que deveriam ter sido evitados, como um título que aparentemente "comprava" a tese do pesquisador (em nosso arquivo, a notícia tem agora o título "Estudo liga anti-semitismo de Hitler a doença"). Mas o texto em si apenas noticiava que uma pesquisa havia sido apresentada em uma conferência de profissionais da área da psiquiatria e deixava claro, logo no início, que se tratava de uma "teoria". Em nenhum momento a ´óÏó´«Ã½ apoiou as conclusões do estudo ou indicou que elas seriam definitivas.

O leitor espera encontrar na ´óÏó´«Ã½ reportagens que já sejam, por si só, uma seleção criteriosa do que mais de interessante e relevante esteja ocorrendo no mundo. No caso em questão, poderíamos ter abandonado a pauta, já que se tratava de apenas uma teoria, não apoiada por fatos concretos ou outros estudos. No dia da publicação, entretanto, avaliou-se que o estudo explorava um aspecto importante, o psicológico, de um personagem marcante da história (Hitler) e, por isso, merecia ser registrado. Posteriormente à publicação, diferentes pontos de vista surgiram entre membros da equipe da ´óÏó´«Ã½ Brasil, a favor e contra a validade da reportagem.

Algumas das mensagens enviadas à nossa redação ampliaram a crítica e sugeriram que a ´óÏó´«Ã½ seja tendenciosa contra judeus ou o Estado de Israel. Daniel Barenbein disse que "não é a primeira, nem a centésima vez que a ´óÏó´«Ã½ publica material tendencioso contra Israel e/ou judeus". Nesse ponto, é preciso rebater a crítica de forma veemente. A ´óÏó´«Ã½ noticia e analisa o que ocorre no mundo com isenção, distanciamento e imparcialidade. A ´óÏó´«Ã½ não tem nenhum posicionamento contrário a ou a favor de nenhum grupo religioso ou étnico, como muçulmanos, judeus, cristãos, curdos etc. Também não tem nenhuma posição a favor ou contra nenhum país ou entidade.

No caso específico do Oriente Médio, a ´óÏó´«Ã½ já foi criticada tanto por aqueles que a consideram pró-Israel como pelos que acreditam haver uma tendência favorável aos palestinos. Para tirar isso a limpo, no ano passado o órgão que controla a ´óÏó´«Ã½, na época chamado de Board of Governors, encomendou um estudo independente sobre a cobertura que a corporação faz do assunto para a Grã-Bretanha. O relatório concluiu que a ´óÏó´«Ã½ demonstrava em suas reportagens um compromisso de ser "justa, precisa e imparcial", apesar de algumas vezes apresentar um quadro "incompleto" do problema na região.

A ´óÏó´«Ã½ Brasil tem, sim, um compromisso diário com a imparcialidade, a correção e o pluralismo. Podemos vir a cometer erros e agradecemos aos leitores que os apontarem. Mas tais erros, caso aconteçam, nunca serão motivados por alguma tendência contra ou a favor de alguém.

Se a tensão é grande, relaxe e seja racional

Monica Vasconcelos | 13:57, quarta-feira, 4 julho 2007

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Me lembro bem daquela manhã no dia 7 de julho de 2005.

Acordei e, como de hábito, liguei o rádio para ouvir as notícias enquanto me arrumava para ir para a ´óÏó´«Ã½. No início, parecia só que estávamos tendo um daqueles dias em que o metrô resolve não funcionar. Estações fechando, uma confusão.
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Aí a coisa ficou mais sinistra. Ao invés de queda no sistema elétrico - como se suspeitava no início - o que tinha provocado os fechamentos era uma série de atentados a bomba simultâneos.

Minha primeira reação foi ligar para meu irmão, que também mora em Londres, e dizer pra ele não sair de casa.
Depois, telefonei para meu editor, que me disse para ficar onde eu estava - ou seja, nada de ir para Bush House, no centro da cidade, num dia como aquele. Ligar para casa, só mais tarde, já que no verão daqui a diferença de fuso fica muito grande. Eram pouco mais de cinco da manhã em São Paulo.

Foi um dia estranho. Choveram telefonemas e torpedos da família e dos amigos, tanto em Londres como no Brasil.
Ãs vezes a mensagem era curta e direta: "Are you ok?" Essa frase ganha um tom tão dramático e desesperado em momentos como esse.

Na sexta-feira passada, dia 29 de junho, quase exatos dois anos depois, cheguei em casa tarde da noite e encontrei um recado na secretária eletrônica. "Mô, só liguei pra saber se está tudo bem".

Os dois carros com bombas encontrados no centro de Londres não chegaram a explodir, mas mesmo assim os amigos se preocupam. Meus pais preferem não tocar no assunto, mas sei que ficam numa ansiedade incrível com notícias como essas.

Retornei o telefonema da minha amiga. "Está tudo bem, não se preocupe. A chance de você ser pego em uma explosão é mínima, sabia?" Ela riu. "Como você é racional!" Respondi que essa era a única saída, ser racional.

E ninguém entende mais isso do que os londrinos. Depois de anos de atentados do IRA, ficaram vacinados.
Só mudou o nome da organização...

Os "quase" atentados em Londres e em Glasgow no fim de semana me remetem a um trecho da letra de uma música que o John Lennon escreveu para o filho, Sean. "Life is what happens when you are busy making plans".

Então, pensando bem, a saída é não apenas ser racional. Mas também lembrar, todo dia, que estou viva agora. E é só.

Conselho?

Ilana Rehavia | 13:44, segunda-feira, 2 julho 2007

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Não é fácil ser mulher de primeiro-ministro aqui na Grã-Bretanha. Além de perder o marido para a política e ter que apertar inconváveis mãos, a aparência das "first ladys" britânicas é analisada nos mínimos detalhes, do corte de cabelo até o estado das unhas dos pés.

Cherie Blair começou mal, com o famoso episódio em que, poucos dias após a vitória do marido, abriu a porta de sua casa para receber flores. Vestida de camisola e com o cabelo em pé. Na frente de dezenas de fotógrafos.

Sarah Brown (na foto, ao lado do marido, Gordon) que se cuide. Já no dia de sua estréia como esposa do poder, recebeu uma chamada em forma de conselho de uma das poderosas jornalistas de moda daqui, Sarah Mower, colunista da Vogue e do jornal Daily Telegraph.

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"Eu sei que você vai odiar isso, Sarah. Eu vejo que você é uma mulher forte que, em princípio, preferiria evitar a moda e todos seus detalhes (...) Mesmo assim, aqui estão algumas dicas para você. Mantenha as coisas simples. Escolha uma grife britânica (...) e fique com ela. Nunca, nunca use linho ou meias-calças claras. E, acima de tudo, e sei que isso não vai te animar: cuide da aparência. Em ocasiões públicas, cabelo feito e maquiagem são requerimentos básicos para sair bem nas fotos. Ache a pessoa certa rapidamente. P.S. Talvez seja melhor não pegar indicações com Pauline Prescott (mulher do ex-vice-premiê John Prescott)"

Sarah Mower, no site do Daily Telegraph.

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