´óÏó´«Ã½

Arquivo para junho 2007

E agora, o que será de Tony Blair?

Ricardo Acampora | 13:02, quarta-feira, 27 junho 2007

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Depois de passar dez anos no comando da Grã-Bretanha, Tony Blair se despediu nesta quarta-feira do cargo de primeiro-ministro, assumindo em seu lugar o até então ministro da Economia, Gordon Brown.
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Se encostasse o ouvido no peito de grande parte do eleitorado - como diz a expressão consagrada pelo Pasquim - Tony Blair ouviria um sonoro "Já vai tarde!!!!" Pelo menos essa é uma das muitas leituras que podem ser feitas das pesquisas de opinião.

Cruel ironia da política! Ele, que chegou ao poder em 1997 comandando uma vitória esmagadora do Partido Trabalhista nas urnas. Ele, que foi a personificação da esperança representada pelo Novo Trabalhismo, sai agora praticamente eliminado da liderança pelo seu próprio partido como um peso morto. Um peso pesado que fez afundar a popularidade dos trabalhistas.

Com a impopular decisão de invadir o Iraque e de ter se aliado quase que incondicionalmente ao presidente americano George W. Bush, Blair viu seus índices de aceitação despencarem gradativamente. Nem a jura de que tudo foi feito com a melhor das intenções tem sido suficiente para convencer os eleitores mais céticos.

Mas ninguém discute a capacidade de Tony Blair como líder político. Inteligente, firme e comunicativo, ele deixa o poder como o primeiro-ministro trabalhista que mais tempo se manteve no cargo. Sob a liderança de Blair os trabalhistas conseguiram vencer três eleições, as duas últimas principalmente graças à estabilidade que a economia do país desfrutou nestes 10 anos.

Mas, o desgate causado pela guerra e pela ocupação desordenada do Iraque, acabou ofuscando as conquistas do primeiro-ministro. Muitos britânicos já esqueceram o sucesso de Blair na condução do processo de paz na Irlanda do Norte. Na opinião da maioria da população, nem o enorme investimento feito pelo governo Blair em saúde e educação foi suficiente para sustentá-lo no comando da nação.

Em seu lugar assume o ministro da Economia, Gordon Brown, com enormes desafios à frente. O maior deles, recuperar a liderança perdida nas pesquisas para os conservadores e garantir mais um mandato ao partido trabalhista nas próximas eleições.

Para Tony Blair, o futuro reserva algumas opções de trabalho. Imediatamente ele volta a ocupar seu assento de simples deputado no parlamento britânico. Mas não é certo que ele permaneça no legislativo britânico, pois logo após sua renúncia veio a notícia de que ele foi apontado por Rússia, Estados Unidos, União Européia e ONU para mediar a paz no Oriente Médio.

Resta saber como anda a popularidade do ex-primeiro-ministro entre os líderes daquela região.

Muito barulho por nada

Rodrigo Durão Coelho | 15:08, terça-feira, 26 junho 2007

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Além do aroma de frango frito, outra característica dos ônibus do sul de Londres é, cada vez mais, o som de pequenos aparelhos tocadores de MP3. Na verdade, isso vem acontecendo na cidade toda.

O hábito havia começado com a popularização dos celulares com tocadores de MP3, a ponto do prefeito, Ken Livingstone, , em novembro, a proibição de todo e qualquer objeto sonoro nos ônibus. Não aconteceu muita coisa, dizem, por falta de gente para fazer valer a lei.

Mas a moda passou a bombar de verdade desde que o mesmo Livingstone liberou a passagem para menores de 16 anos, a partir de junho. Estatísticas dizem que os crimes e infrações cometidos por jovens mais que dobraram nesse período.
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Geralmente, só dá para se ter uma boa definição da música que sai desses pequenos tocadores se o ouvinte está situado a menos de meio metro de distância deles. Mais do que isso, o som se torna confuso e estridente. Muito agudo.

Muita gente pode achar que nestas condições, voltando cansado do trabalho em um ônibus lotado, pode não ser a melhor situação para se ouvir hip hop.

E tem reclamado... online. Após um ano coletando assinaturas na internet, um casal conseguiu fazer com que a empresa de ônibus da cidade trocasse os cartazes dentro dos veículos.

Antes eles sugeriam para os passageiros manterem seus aparelhos com um som baixo. Agora, vão pedir para que as pessoas não ouçam música em volume alto.

O casal se diz com o resultado. Talvez os mais de 3 mil que assinaram a petição não estejam muito.

Ficou mais difícil ser imparcial?

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Rogério Simões | 12:05, terça-feira, 26 junho 2007

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A pulverização das fontes de informação, proporcionada pelas novas tecnologias, faz com que, cada vez mais, os acontecimentos sejam divulgados com doses de interpretação, pontos de vista, opinião, participação etc. Em canais de notícias 24 horas, programas de rádio, jornais ou blogs, a informação vem hoje regularmente carregada de cores diferenciadas, muitas vezes berrantes. Será que está mais difícil ser verdadeiramente imparcial?

Hoje inúmeros jornais e canais de TV continuam se dizendo imparciais, mesmo quando claramente não são, indicando que, ao menos como instrumento publicitário, o conceito continua com forte valor de mercado. Aqui na ´óÏó´«Ã½ imparcialidade é um objetivo diário. Não que a ´óÏó´«Ã½ reúna os melhores jornalistas do mundo ou possua valores inexistentes em outros veículos, mas simplesmente se trata de uma obrigação. Sendo um serviço público, financiado pelo contribuinte, a ´óÏó´«Ã½ não pode ter opinião e precisa, em toda e qualquer cobertura jornalística, apresentar os fatos de maneira correta e equilibrada, dando espaço para os mais diferentes pontos de vista.

Há pouco mais de uma semana, o ´óÏó´«Ã½ Trust, órgão regulador das atividades da ´óÏó´«Ã½, divulgou um relatório sobre a aplicação do conceito de imparcialidade na empresa. A avaliação foi em geral bastante positiva, mas a conclusão é de que ainda há muito a fazer. Não necessariamente no jornalismo, mas especialmente em programas especiais cobertos pela ´óÏó´«Ã½ e que, mesmo com as melhores das intenções, representam pontos de vista específicos. Como exemplo, o relatório citou a campanha "Make Poverty History" (Faça da Pobreza História), cujo show Live 8, em 2005 em Londres, foi transmitido pela ´óÏó´«Ã½. Sem exatamente criticar a cobertura da ´óÏó´«Ã½ na época, o Trust alerta que, mesmo em campanhas vistas como justas ou que sejam apoiadas por todos os lados do campo político, a ´óÏó´«Ã½ precisa manter um claro distanciamento, questionando seus preceitos, intenções, financiamento e estratégias.

No jornalismo, essa preocupação é vista mais facilmente em coberturas claramente polêmicas, como em conflitos no Oriente Médio, em que os lados israelense e palestino, por exemplo, precisam estar sempre contemplados. Mas ela atinge também uma das mais importantes e novas coberturas atuais, a do aquecimento global. Mesmo com uma esmagadora maioria da comunidade científica em acordo sobre as prováveis causas do fenômeno (a atividade humana, ou seja, as emissões de gás carbônico), a ´óÏó´«Ã½ precisa continuar registrando outras opiniões e as mais diferentes sugestões sobre como lidar com o problema. Essa foi uma das maiores preocupações do comando editorial da ´óÏó´«Ã½ durante as coberturas dos relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), afinal ONU, Greenpeace, WWF, cientistas, EUA, China, Brasil, entre tantos outros atores, têm todos seus próprios argumentos e propostas sobre o assunto.

O desafio da ´óÏó´«Ã½, assim como de qualquer outro veículo de comunicação que trate o tema com verdadeira imparcialidade, é trazer ao leitor/ouvinte/espectador todos os lados do debate, todos os argumentos, a favor, contra ou muito pelo contrário. Em um mundo cada vez mais opinativo e em que a informação circula de todas as formas, com governos, empresários, ONGs, partidos políticos e celebridades tentando usar a mídia em seu benefício, a imparcialidade na cobertura jornalística continua sendo um valor insubstituível.

Cuidado com a falsa Onda Verde!

Ricardo Acampora | 16:11, sexta-feira, 22 junho 2007

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Está ficando cada vez mais complicado consumir com consciência ambiental. Como e o que comprar, sem se sentir culpado pela destruição do planeta?

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Depois que a ONU declarou que se não fizermos algo rapidamente as conseqüências do aquecimento global podem ser catastróficas, passamos a ser bombardeados diariamente por publicidade "ecologicamente correta", que no mínimo dá muita margem à confusão . Algumas mensagens são visivelmente sinceras e mostram o esforço de empresas em poluir menos ou em reduzir o desperdício. Mas outras são nitidamente oportunistas.

Para não correrem o risco de serem vistas como as grandes vilãs na luta pela salvação do meio ambiente, várias empresas se apressaram a anunciar aos consumidores que seus produtos são fabricados com responsabilidade ambiental. "Não deixem de comprar nossos produtos: Somos Verdes, Biodegradáveis, Economizamos Energia!!!"

Mas, apesar das mensagens verdes, alguns desses produtos continuam a ser vendidos em vistosas, exageradas e desnecessárias embalagens feitas de plástico, que em muitos casos nem podem ao menos ser recicladas. Difícil saber quais são de fato ecologicamente corretos.

Ficou quase impossível separar gato de lebre.

Várias empresas petrolíferas, que estão entre as maiores poluidoras do mundo, passaram a associar sua imagem ao mundo verde, a um meio ambiente preservado. "Comprem nossa gasolina verde. Nosso óleo diesel é produzido com responsabilidade ambiental!"

Pode até ser, mas os ambientalistas preferem duvidar.

O dono de uma das maiores empreas aéreas (outro setor sob a mira dos grupos ambientalistas) aqui da Grã-Bretanha, passou a desfilar por Londres num carro flex com as laterais pintadas em enormes letras verdes: GREEN POWER. Nitidamente um exagero publicitário, mas se a iniciativa é para difundir a conscientização, pode até ser aceitável. Mas outro dia, li que o empresário tinha sido flagrado enchendo o tanque do tal carro verde com a velha e não-renovável gasolina.

E no maior salão de aviação do mundo, em Le Bourget, na França, foram mostrados esta semana, "aviões ecológicos".

Isso tudo confunde e torna muito difícil a decisão na hora de adaptar o consumo para preservar o meio ambiente.

Deveriam existir leis rigorosas impedindo que a "onda verde" seja seqüestrada por oportunistas que só confundem e enfraquecem as iniciativas verdadeiras ao mentir nas propagandas e nos rótulos de seus produtos. Afinal, pode ser que não tenhamos chance de continuar errando por muito mais tempo.

Mais um

Ilana Rehavia | 15:19, quinta-feira, 21 junho 2007

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Fãs de roupas reveladoras e vestidos (mega) decotados preparem os cartões de crédito!

O próximo estilista a desenhar uma coleção especial para a rede de lojas H&M será o italiano Roberto Cavalli.

Conhecido pela sensualidade e pelo glamour (que, para alguns, beira a vulgaridade "eurotrash"), Cavalli promete levar o "espírito positivo" de seu trabalho para uma nova audiência.

A coleção - 25 peças femininas e 20 masculinas, além de lingerie e acessórios - chegará às lojas no dia 8 de novembro, por preços infinitamente menores do que as coleções normais do designer.

Eu não sou muito chegada no estilo, mas os vestidos caem bem em bonitas como Madonna, Beyoncé, Jennifer Lopez e Sharon Stone (na foto ao lado, com Cavalli).

É de graça. E sem pegadinha.

Rodrigo Durão Coelho | 21:13, quarta-feira, 20 junho 2007

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Um site que dá, gratuita e diariamente, TVs, bicicletas, móveis, livros, instrumentos musicais e uma infinidade de coisas. Parece mentira, mas não é. freecycleh.jpgTrata-se do freecycle, um fórum de internet onde milhares de pessoas anunciam coisas que não querem mais em casa, mas não querem se dar ao trabalho de vender e acreditam que seria um desperdício se elas terminassem no lixo.

Os interessados só têm o trabalho de entrar em contato, checar se o item ainda está disponível e ir buscá-lo.

A iniciativa surgiu nos EUA como uma maneira de estimular a reciclagem e diminuir o lixo nos depósitos. Deu certo e foi exportada. Hoje vários países já contam com suas versões, inclusive o Brasil. O freecylcle também começa a decolar em São Paulo, embora ainda conte somente com pouco mais de 150 integrantes. O grupo paulista ainda está longe de competir com a quantidade da oferta que existe em outras cidades.

Em Londres, existem diversos freecycles, divididos por bairros, talvez para facilitar a coleta. Os interessados podem se inscrever em quantos desejarem, bastando ter uma conta de e-mail do Yahoo (o freecycle é do grupo do Yahoo). E recomenda-se abrir uma específica para isso, já que, diariamente, são centenas de e-mails recebidos, com ofertas. Em três dias sem checar e-mail, eu tinha mais de 900 mensagens não lidas.

É por essas e outras que a vida de pobre em Londres vai ficando cada vez mais rica. Quem tem paciência para filtrar toda a tralha anunciada pode mesmo mobiliar todo um apartamento ou só ir pegando, de graça, inutilidades que sempre quis.

Paraíso para mim é um pub sem fumaça

Monica Vasconcelos | 11:42, terça-feira, 19 junho 2007

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Dia primeiro de julho fica proibido fumar em restaurantes, bares e espaços públicos em toda Grã-Bretanha.
Eu mal posso esperar, já que não fumo, nunca fumei e estou cada vez mais sensível à fumaça de cigarro.
O problema aqui na Inglaterra é que, por causa do frio, os prédios são muito bem vedados. Resultado, onde quer que haja gente fumando, a fumaça fica concentrada e não tem por onde sair.cigarro203.jpg
Quando ando no metrô, reconheço pelo cheiro quem esteve nos pubs. O fedor de fumaça e de cerveja fica impregnado na roupa, na pele, no cabelo.
É desagradável.
Confesso, então, que estou na contagem regressiva, sonhando poder ficar horas com os amigos nos pubs de Londres sem sofrer com o vício alheio.
Sei que, na prática, o que vai acontecer é que os fumantes vão interromper o papo a intervalos variáveis (de acordo com a urgência do hábito) para sair e acender o cigarro do lado de fora. De vez em quando, por solidariedade, ou para não perder o fio da meada, imagino que eu vá me sentir um pouco obrigada a acompanhar um amigo até a calçada por alguns minutos. Isso a gente faz, não é nenhum grande sacrifício.
Mas enquanto a lei não entra em vigor, estou gostando de observar as reações dos fumantes.
Vários conhecidos estão tentando parar de fumar antes do primeiro de julho. Como o cigarro é muito caro por aqui, só pensar na economia já é um bom incentivo. Quem fuma um maço por dia, economizaria em média o equivalente a R$600 por mês se conseguisse se livrar do hábito.
A turma dos fumantes convictos, no entanto, está detestando a novidade.
Reclama do "Estado babá" que fica interferindo demais na vida dos cidadãos.
Divertido mesmo é o pessoal do grupo Forest - sigla para Freedom Organization for the Right to Enjoy Smoking Tobbaco, uma entidade que briga pela liberdade de fumar tabaco.
Eles decidiram fazer um protesto com humor e estilo.
Organizaram o jantar Revolt in Style, algo assim como "Revolte-se em Estilo" no tradicionalíssimo hotel Savoy, exatamente seis dias antes da entrada em vigor da lei. Vão aproveitar para enfumaçar à vontade o luxuoso restaurante. O detalhe é que cada um desses estilosos fumantes vai pagar £98, cerca de R$400, pelo jantar.

A política e a mídia

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Rogério Simões | 17:49, segunda-feira, 18 junho 2007

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Prestes a passar o cargo de premiê britânico para Gordon Brown, Tony Blair fez na semana passada um discurso em que atacou o comportamento da mídia britânica na sua relação com o poder político. O premiê criticou o que chamou de "constante hiperatividade" da mídia, que tenderia a transformar pequenos problemas em verdadeiras crises e veria o mundo em "preto e branco" quando, na sua visão, a realidade é "cinza", ou seja, muito mais complexa do que manchetes de jornais tendem a sugerir. Para cutucar ainda mais a imprensa, Blair disse que a fragmentação da mídia exigiria novas regras para regulamentar especialmente o trabalho dos jornais.

Foi um discurso polêmico, possível apenas porque Tony Blair está deixando o comando do país. Como ele mesmo previu, muitos jornais reagiram mal, especialmente o único citado (negativamente) por Blair. Em editorial de primeira página, o jornal The Independent, que para o primeiro-ministro é um exemplo de confusão entre notícia e opinião, perguntou: "Você diria isso, sr. Blair, se nós apoiássemos a sua guerra no Iraque?". O conservador The Sun disse que "políticos que reclamam da mídia são como marinheiros que se queixam do tempo". A maioria dos jornais se mostrou preocupada com a sugestão do premiê de mais controle sobre a imprensa.

Pontos do discurso de Blair foram elogiados, especialmente aqueles relacionados à competição extrema que existe no setor e faz com que veículos busquem mais o impacto e menos o conteúdo. Mas quase todos que os detacaram disseram, como fez o jornal The Guardian em editorial, que, se a mensagem era correta, faltava credibilidade ao mensageiro. Afinal, Blair e seu Novo Trabalhismo são apontados aqui na Grã-Bretanha como principais agentes do chamado "spin", ou seja, as estragégias de valorizar ou distorcer, num trabalho de marketing, as informações saídas do governo central.

Relações entre a política e a mídia sempre foram conturbadas. Com a fragmentação e multiplicação da oferta de informação, elas se tornam ainda mais complexas. Além de Blair, outros líderes nacionais, entre eles o presidente Lula, sabem que a convivência diária com a mídia é, em grande parte e como não deveria deixar de ser, marcada por momentos difíceis. Mas, difícil ou não, com a transformação tecnológica que criou o jornalismo de 24 horas por dia, via TV, rádio, computador, celular etc, o fato é que Blair tem razão ao dizer que essa relação mudou. Preservá-la como algo transparente e correto é uma missão a ser abraçada pelos dois lados.

Triste constatação

Maria Luisa Cavalcanti | 16:54, sexta-feira, 15 junho 2007

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Quando a gente pensa em Europa, pensa logo em trem, essa maravilha dos transportes que a gente praticamente não tem no Brasil.
Mas o que muita gente não sabe é que o sistema ferroviário britânico é possivelmente um dos piores e mais caros do continente.
Vejamos: neste fim de semana, vou a um casamento em uma cidadezinha ao sul de Manchester. Vou ter que pegar dois trens e um pouco de estrada para conseguir chegar lá. Serão 291 km em quase quatro horas de viagem, a um custo de 60 libras. Ah! E a companhia de trem já me avisou que eu ainda corro o risco de enfrentar obras nos trilhos, ou seja, o trem pode ser substituído por um ônibus!
No ano passado, fui de Paris a Marselha em um potente e confortável TGV, cobrindo 783 km em três horas exatas, a um custo de 15 libras. OK, 30 libras ida e volta.
Mas peraí!! O trem mais veloz e que viaja mais longe custa metade do outro, que pode até ser um ônibus?!
Eu não sou a única a reclamar. Uma pesquisa recente mostrou que pela primeira vez os britânicos estão muito insatisfeitos com a relação qualidade/preço dos trens do país. E com razão: para se ir à Escócia, em um sofrimento que pode durar mais de seis horas, com sorte, um pobre mortal pode ter que desembolsar mais de 100 ou 150 libras!
explicou que a culpa é do governo. Ou seja, como os trens não são mais subsidiados, as empresas pagam uma fortuna pelo direito de usar os trilhos, alugar os trens e tudo o mais. Na França e provavelmente em outros países europeus, o governo ainda financia esse tipo de transporte.
É duro de engolir quando se sabe que os serviços aqui estão cada vez menos confiáveis e seguros. Sem falar na sujeira e abandono dos trens e das estações.
Mas infelizmente, outra coisa que os britânicos não sabem fazer direito é reclamar. Então o jeito é ir se conformando...

O fenômeno Lewis Hamilton e Ayrton Senna

Ricardo Acampora | 13:48, quinta-feira, 14 junho 2007

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Como fã de automobilismo me sinto instigado a falar sobre o enorme sucesso que o jovem piloto inglês Lewis Hamilton faz nesta temporada da Fórmula 1.
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Depois de seis pódios nas seis corridas de sua primeira temporada, incluindo a primeira vitória, no Canadá, Lewis deixou de ser uma grande promessa e se tornou ídolo aqui na Inglaterra. Já começam a aparecer na imprensa local comparações com nomes consagrados da F1, como Senna, Schumacher e Prost. É de se esperar que seja assim. Mas recordes à parte, o que mais tem me impressionado em Lewis, é exatamente o que o torna diferente desses pilotos.

Apesar do talento inegável, vejo que Lewis é na verdade um produto da nova F1.

Desde o começo da adolescência, ele é piloto da McLaren. E de acordo com uma reportagem publicada no jornal The Guardian, um neurocientista contratado pela equipe vem trabalhando com Lewis há algum tempo para desenvolver o cérebro dele e melhor prepará-lo para as reações exigidas por um carro de Formula 1. Partes específicas do cérebro de Lewis têm sido treinadas desde cedo para fornecer respostas em velocidades elevadíssimas, em níveis não atingidos naturalmente.

Além disso, a McLaren teria colocado uma arma secreta à disposição de Lewis. Um simulador sofisticadíssimo, capaz de reproduzir em mínimos detalhes cada um dos 17 circuitos em que serão disputados o campeonato deste ano. A super máquina também seria capaz de simular diferentes condições do carro, alterando e combinando milhares de aspectos, desde níveis diferenciados de desgaste de pneus (a grande incógnita desta temporada) até as condições da pista, como calor excessivo, chuva ou frio. A reportagem garante que Lewis passou milhares de horas neste "vídeo game" enquanto crescia longe da atenção da mídia.

Isso poderia explicar a familiaridade que o novato tem demonstrado em difíceis circuitos onde nunca tinha dirigido antes, como Melbourne e Montreal.

No Canadá, enquanto pilotos mais experientes como seu companheiro de McLaren, o bi-campeão mundial Fernando Alonso, lutavam para se manter no asfalto, o jovem estreante não cometia nenhum erro, dominando a corrida de ponta a ponta.

E como se não bastassem a ciência, a tecnologia e o talento, Lewis disse ainda em entrevista a um canal de TV britânico, que acha que "tem recebido uma ajuda lá de cima, do Ayrton Senna", disse ele. Assim não há quem resista.

Não será surpresa se daqui a pouco começar o choro das equipes rivais alegando deslealdade do concorrente.

O que vai ser do Elefante?

Rodrigo Durão Coelho | 20:13, segunda-feira, 11 junho 2007

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Até onde eu sei, na maioria das enquetes para se eleger o local mais feio de Londres, Elephant & Castle é finalista. Seja por culpa das sinistras passagens subterrâneas para pedestres, dos prédios erguidos em uma arquitetura que era futurista nos anos 60 e envelheceu mal, dos enormes prédios estilo BNH onde moram gangues de baderneiros, do shopping center pintado de vermelho que abriga lojas de quinta categoria ou da galera que freqüenta o local, o fato é que a área é pouco cotada.

Mas fica perto do rio Tâmisa. Como é ainda na Zona 1, e portanto considerada zona central de Londres, era um contra-senso deixá-la abandonada. Então vai acontecer um amplo processo de regeneração do local.

Está prevista a criação de espaços verdes, arborizados. Onde existe o shopping, a idéia é construir uma praça de 75 mil metros quadrados. Aliás, todos os exemplos citados anteriormente que denigrem a área devem ser demolidos.

Do meu lado, além de querer saber se esse projeto vai fazer com que eu me veja subitamente morando em uma área nobre e, conseqüentemente,elephant2.jpg ver meu aluguel subir de acordo, surgiu a curiosidade sobre qual será o destino do símbolo máximo da região: a carismática estátua do elefante vermelho com a torre nas costas (foto).

Se um dia ela foi símbolo de ousadia camp, hoje poucos enxergam nela algo além de mau gosto. Tomara que eu esteja errado. Acho que ela deve ser preservada e recolocada em um local de honra... uma coisa de se preservar as raízes, talvez bregas, toscas ou equivocadas, mas autênticas.

Jornalistas sob risco

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Rogério Simões | 16:49, segunda-feira, 11 junho 2007

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johnston_203.jpgNeste dia 12 de junho, o seqüestro do jornalista britânico Alan Johnston (foto), correspondente da ´óÏó´«Ã½ na Faixa de Gaza, completa três meses. Desde então, a única indicação sobre as condições do jornalista foi a divulgação de um vídeo em que ele dizia estar sendo bem tratado. Mas, como não se sabe quando o vídeo foi gravado, é impossível tirar qualquer conclusão sobre seu estado.

O caso de Alan Johnston é mais um exemplo dos perigos que, cada vez mais, envolvem a atividade jornalística em várias partes do mundo. Em 2004, outro colega da ´óÏó´«Ã½, Frank Gardner, foi vítima de um ataque de militantes da Al-Qaeda na Arábia Saudita. Levou seis tiros, mas sobreviveu, sem os movimentos das pernas. Retomou suas atividades aqui na ´óÏó´«Ã½ meses depois. Dias atrás, a jornalista iraquiana Sahar Hussein Ali al-Haydari, de 44 anos, foi assassinada na cidade de Mosul, tornando-se mais uma vítima de ações violentas que têm visado mulheres jornalistas no Iraque. Também neste mês a agência de notícias em vídeo APTN perdeu seu quinto profissional desde a invasão do Iraque em 2003, o cinegrafista Saif Fakhri, de apenas 26 anos. No final de 2006, o assassinato da repórter russa Anna Politkovskaya expôs o tipo de cerco que se faz a jornalistas na Rússia de hoje.

Sabendo dos riscos que algumas regiões impõem ao trabalho jornalístico, a ´óÏó´«Ã½, assim como outras grandes empresas de mídia do mundo, envia seus repórteres para treinamentos específicos de como se comportar em áreas de risco. O curso envolve simulações de situações de bombardeio, tiroteio e seqüestro, além de medidas preventivas básicas, como verificar se o quarto do hotel está vulnerável ou não a um ataque externo (a cama deve estar sempre longe da janela!).

Mas tais cursos e a própria experiência em campo não impedem que crimes sejam cometidos contra jornalistas, seja por grupos armados, Exércitos legalmente constituídos ou criminosos comuns. Aqui em Londres, a ITN, cujo repórter Terry Lloyd foi morto por tropas americanas no Iraque, em 2003, iniciou uma campanha para que a legislação internacional crie o crime de matar um jornalista que esteja cumprindo seu dever profissional. Enquanto isso, empresas de comunicação e os próprios jornalistas continuarão buscando formas de melhorar as condições de segurança sem que sejam obrigados a deixar de cobrir um assunto devido aos riscos envolvidos, o que já acontece com certa freqüência. Nesses casos, quem perde não é a imprensa, mas sim toda a sociedade.

Dalí, Destino e Shirley Temple

Márcia Freitas | 17:36, sexta-feira, 8 junho 2007

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Aqui estou eu de novo falando sobre surrealismo. Prometo que é a última vez. De qualquer forma, vale a pena, porque a está com uma exposição muito legal sobre a paixão de Salvador Dalí pelo cinema.

Ao todo, são 14 salas mostrando quadros de Dalí nos quais a influência do cinema estaria presente - como com o uso de sombra no primeiro plano -, quadros feitos especialmente para trabalhos cinematográficos e trechos de filmes com os quais Dalí contribuiu, como Um cão andaluz, A Idade do Ouro e Quando Fala o Coração.

Dá uma sensação estranha no início. Você está tentando olhar para os quadros, mas há o som dos filmes ao fundo, meio que chamando a sua atenção. Depois, você se acostuma. Eu gosto muito de olhar para os quadros de Dalí, com aqueles espaços do deserto, os relógios moles, os telefones, as formigas que se repetem. Você pode até ficar tentando entender o que aquilo tudo quer dizer, mas o encanto, quando há, não é esse. As imagens surrealistas, apesar de muitas vezes estranhas, têm uma certa leveza, transformando o mundo em um lugar menos ordinário.

dali203.jpg
É realmente uma oportunidade imperdível poder olhar para os quadros e depois os ver transportados para a tela. E o ponto alto é a animação Destino, feita por Dalí juntamente com Walt Disney e abandonada nos estúdios por 60 anos. Além de ser uma colaboração única, o fato de ter sido quase esquecida dá à obra, é claro, um valor especial.

Mas, percebe-se, o fascínio de Dalí pelo cinema tomou também formas menos românticas. Um dos quadros na exposição mostra o rosto da atriz Shirley Temple jovem com o corpo de um animal monstruoso. O título: Shirley Temple, The Youngest, Most Sacred Monster of the Cinema in Her Time (Shirley Temple, o Mais Jovem, Mais Sagrado Monstro do Cinema em Seu Tempo, em uma tradução livre). O porquê de tamanha aversão permanece, ao que parece, um mistério.

O Vestido

Ilana Rehavia | 18:40, terça-feira, 5 junho 2007

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O vestido de noiva usado pela princesa Diana é uma das roupas mais famosas de todos os tempos e traz lembranças de uma época mais alegre na curta vida de Di.

Antes de torcer o nariz para o modelito "bolo de casamento", lembre-se que o evento aconteceu no começo dos anos 80, quando ombreiras gigantes e calças fosforescentes eram o ápice da moda.

Voltando ao vestido de Diana, os estilistas responsáveis pelo modelo, David e Elizabeth Emanuel (que você vê na foto abaixo, junto com uma réplica do dito-cujo), estão lançando um livro em edição limitada, com apenas mil cópias.
dressblog.jpg
O livro conta a história do casamento mais famoso do século através da trajetória do vestido, com fotos, desenhos, cartas e uma mensagem escrita a mão por Diana.

Mas a grande atração é que o livro vem com um pedacinho de tafetá que foi usado no vestido. O retalho é parte do tecido original, retirado no último ajuste e guardado em um cofre de banco por 25 anos.

Para levar para casa tanta exclusividade, os "diana-maníacos" precisarão desembolsar mil exclusivas libras (cerca de R$ 3,8 mil).

Eu não chegarei a tanto, mas preciso confessar que, por mais bobo que seja, adoraria um pedacinho do vestido-merengue mais famoso da história!

Raízes e raças do Brasil

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Rogério Simões | 18:13, segunda-feira, 4 junho 2007

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Uma semana depois, ainda repercute no Brasil o estudo do geneticista Sérgio Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais, encomendado pela ´óÏó´«Ã½ Brasil (veja aqui). Jornais, revistas e canais de televisão brasileiros usaram as informações do estudo para discutir um tema que já era polêmico no país, a adoção de políticas públicas sociais baseadas no critério de raça.

A idéia de fazer uma série especial sobre as origens dos negros brasileiros surgiu durante as discussões das pautas para os 200 anos do fim do tráfico de escravos negros no Império Britânico, celebrados em março, que por sua vez gerou outro especial nosso (veja aqui). Silvia Salek, subeditora e pauteira da ´óÏó´«Ã½ Brasil, inspirou-se em outras experiências para sugerir uma série que falaria do legado cultural e social da escravidão no Brasil, mostrando as origens de negros brasileiros. A idéia foi usar a genética para contar parte da história da comunidade negra brasileira.

Mas o Brasil é o país da miscigenação. Aprendemos desde pequenos, na escola, que a população brasileira é uma mistura de índios, negros, brancos e outros imigrantes, e sempre esteve claro para todos que muitos brasileiros eram o exemplo puro dessa combinação. Mas a genética trouxe uma surpresa: muitos que pareciam pertencer a uma raça específica são também uma combinação dos muitos povos que formaram a nação brasileira. Para muitos, é um fato a ser celebrado, para outros uma fonte para polêmica. Mas, inegavelmente, é um fato.

A ´óÏó´«Ã½ Brasil não entrou no debate sobre estabelecimento ou não de cotas para negros, ou qualquer outra política social baseada em características raciais, porque esse não era o objetivo das reportagens. A ´óÏó´«Ã½ não tem posicionamento sobre questão alguma, já que é uma empresa pública, sem opinião e se limita a registrar informações ou explicar/analisar contextos. Por isso, a série, que tratava de carga genética e mistura de raças pelo ângulo científico, não se posicionava sobre a eficácia ou não de políticas públicas dessa natureza. Mas trata-se de um debate importante na sociedade brasileira e que naturalmente voltaria à tona com os resultados do estudo publicado no nosso site.

De qualquer forma, demos voz aos leitores, abrindo um fórum em que centenas deles responderam a uma pergunta sobre a natureza do conceito de raça. Num mundo cada vez mais miscigenado, globalizado, sem fronteiras, será que esse conceito ainda é válido? A ´óÏó´«Ã½ não tem, nem quer ter, a resposta. E é bem possível que ninguém tenha. Trata-se tanto de uma polêmica para sociólogos e geneticistas como de uma boa maneira de os cidadãos do nosso país entenderem melhor o que significa ser brasileiro.

Uma TV surreal

Márcia Freitas | 16:09, sexta-feira, 1 junho 2007

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Imagine, ligar a TV e ver o mundo de um jeito diferente. Mas diferente mesmo, com um olhar surrealista. Foi isso o que fez Alan Yentob (na foto ao lado, Yentob em um momento surreal), no quarto e último episódio da série Imagine, sobre arte, que foi ao ar na última terça-feira no canal 1 da ´óÏó´«Ã½.

Infelizmente, eu perdi os três episodios anteriores da série, que falaram sobre a dupla de artistas britânicos Gilbert e George, contaram a luta da senhora Maria Altmann, de 90 anos, para recuperar cinco quadros de Gustav Klimt roubados pelos nazistas da familia dela em Viena em 1938 e também falaram sobre a história do músico Scott Walker, que teria influenciado artistas como David Bowie e Radiohead. Isso eu sei, é claro, porque visitei o site da série, que você pode conferir aqui. Vale a pena, porque você pode ver vários vídeos e galerias de fotos ilustrando os trabalhos desses artistas.

Tambem lá no site, Yentob diz que a idéia da série é ser "ousada". "Nós queremos que seja acessível, mas esperamos também inspirar e surpreender". perry0106.jpgEntre os entrevistados do programa Imagine... It’s the surreal thing, estavam o artista Grayson Perry, que se veste com roupas de menina (na foto ao lado, ele aparece ao lado da mulher e da filha), e fez um mapa da própria mente, a artista Zoe Walker, e sua lua gigante, e o cineasta Michel Gondry, que fez o filme A Ciência dos Sonhos.

O mais legal do programa é que Yentob o fez como se estivesse num sonho mesmo. No início, ele aparece no quadro de René Magritte The Reckless Sleeper e dizendo "I had a dream...(Eu tive um sonho)" e, a partir dessa idéia, o programa prossegue. Eu não vi esse início. A Carolina Oliveira, aqui da ´óÏó´«Ã½, me contou. Mas, em parte talvez por causa do programa, consigo imaginar essa idéia e, só de imaginar, já me sinto bem.

Eu peguei o programa pela metade, sem querer mesmo, no meio do jantar. Mas creio que já deu para perceber, realmente me inspirou. Então, toda essa introdução sobre o programa de Yentob é porque eu queria dizer que é uma coisa realmente maravilhosa que a TV britânica tem, que você pode encontrar programas assim, fora do ordinário. Há espaço, e não só na ´óÏó´«Ã½, que é uma TV pública e tem, obviamente, um perfil diferente. Muitos programas são terceirizados e os produtores não tem medo de errar.

É verdade que a TV britância não é perfeita. Está também cheia de shows de "reality TV", de gente "vendendo a mãe" para ficar famoso, ou de celebridades no meio da selva. Além disso, os canais fechados dominam muitos dos jogos de futebol e, o mais absurdo na minha opinião, a cerimônia do Oscar, que não pode ser vista na TV aberta. Para completar, as novelas, que estão no ar há uns 20 anos, não são nada mesmo comparadas às novelas brasileiras.

Mas, mesmo assim, se é preciso trocar o Oscar por um programa desses como o Imagine, eu acho que vale a pena.

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